
Com o avanço do agronegócio, aviões executivos se tornam ferramenta estratégica para produtores rurais e transformam o Centro-Oeste na segunda maior frota de jatinhos do país
Enquanto muitos associam a presença de jatinhos ao luxo de grandes empresários em centros urbanos, a realidade no Brasil mostra um cenário diferente — o agronegócio é quem está impulsionando a aviação executiva em pleno coração do país. A região Centro-Oeste, apesar de ser a menos populosa do território nacional, abriga a segunda maior frota de jatos executivos do Brasil, ficando atrás apenas do Sudeste.
Dados da Airbus Corporate Jets mostram que a América Latina concentra cerca de 12% de todos os jatos executivos do mundo, com o Brasil liderando na região e ocupando o segundo lugar global, atrás apenas dos Estados Unidos. Com 1.103 aeronaves privadas registradas, o país está à frente até do México, reforçando o peso da aviação executiva no território nacional — especialmente impulsionada pelo agronegócio. O envelhecimento da frota indica, ainda, um grande potencial de renovação e expansão nos próximos anos.
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 27,8% das 10.500 aeronaves executivas registradas no país estão em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Isso representa quase um terço da frota nacional, número que chama atenção principalmente quando se considera que a região tem baixa densidade populacional.
Força econômica do campo fortalece presença de jatinhos na região
De acordo com Luiz Ricardo Nascimento, diretor da Anac, essa concentração de jatos está diretamente relacionada ao peso do agronegócio no PIB da região. “Essa relação de existir bastante aviões registrados no Centro-Oeste mostra que o PIB do agronegócio tem levado essas aeronaves para lá”, afirmou.
O Centro-Oeste é líder nacional na produção de grãos e na pecuária de corte, dois pilares do agronegócio brasileiro. Com fazendas que ocupam áreas imensas e muitas vezes isoladas da malha aérea comercial, a mobilidade aérea privada deixou de ser um luxo e passou a ser uma necessidade operacional.
Jato como ferramenta de trabalho
Para os médios e grandes produtores, os aviões são utilizados como ferramenta de gestão e deslocamento rápido entre propriedades distantes. “O avião complementa essa solução de transporte aos produtores que precisam visitar duas, três operações no mesmo dia ou alguma que seja muito distante da localidade em que ele está”, explica Ricardo Carvalhal, gerente de vendas da Embraer.
A fabricante brasileira tem se beneficiado dessa demanda, com destaque para o modelo Phenom 300E, jato leve mais vendido do mundo e produzido inteiramente no Brasil. O modelo tem autonomia de 3.700 km com cinco ocupantes, o que permite, por exemplo, voos sem escalas entre São Paulo e Manaus. Em trechos mais curtos, transporta até dez passageiros.

O investimento é alto: a versão topo de linha do Phenom 300E custa cerca de R$ 77 milhões, com custo de R$ 10 mil por hora de voo. Mesmo assim, tem atraído o interesse de empresários rurais que veem na aviação uma forma de ganhar tempo, otimizar a gestão das propriedades e até garantir maior segurança nas operações.
Agro voando alto
O dado evidencia o quanto o agronegócio brasileiro está sofisticado e tecnificado, indo muito além da porteira. O uso de aeronaves, que antes parecia reservado a empresários urbanos, agora faz parte da logística cotidiana de grandes grupos agrícolas e pecuaristas, em especial nos estados que lideram a produção de soja, milho e carne bovina.
O fenômeno reforça uma nova realidade: o agronegócio é um dos principais motores da aviação executiva nacional, transformando o céu do Centro-Oeste num verdadeiro corredor de produtividade — onde o luxo cede lugar à eficiência, e cada hora economizada no ar representa lucro no chão.
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