
Mais de 80 cabeças de gado morrem em fazenda de Goiás por fome e negligência. Animais estavam sem comida, água e suplementação adequada; Polícia Civil investiga maus-tratos e responsabilização da proprietária
Um cenário de abandono e sofrimento extremo chocou autoridades e moradores de Santa Helena de Goiás, no sudoeste goiano. Cerca de 80 cabeças de gado foram encontradas mortas em uma fazenda localizada a 15 km do município. A ocorrência foi registrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), que investiga o caso como crime de maus-tratos a animais, previsto em lei com pena de 2 a 5 anos de prisão, além de multa de até R$ 3 mil por animal — o que pode resultar em mais de R$ 900 mil em penalidades.
Animais morreram por fome e sede
As investigações tiveram início após uma denúncia feita à Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa). Técnicos do órgão, ao confirmarem a gravidade da situação, acionaram a Polícia Civil, que se dirigiu à propriedade na segunda-feira (21/7). Lá, encontraram um cenário devastador: além dos animais já mortos, outros 200 bovinos estavam em estado crítico, à beira da morte.
Segundo o delegado Luziano de Carvalho, responsável pelo caso, mais de 300 cabeças de gado estavam em uma área sem pastagem, sem capim e com total degradação ambiental. Para piorar, os animais teriam sido colocados em uma área onde são depositadas palhas de milho — resíduos da colheita, sem valor nutricional adequado para sustento dos bovinos.
“A pastagem totalmente degradada, nada de capim. E nessa área estavam pouco mais de 300 cabeças de gado, na qual 80 já morreram e o restante está lá sofrendo”, afirmou o delegado ao G1 Goiás.
Deficiência nutricional e negligência comprovada
De acordo com o relato do delegado, o caseiro da propriedade — que havia sido contratado para cuidar dos animais — admitiu não ter recursos suficientes para alimentá-los.
“Perguntei sobre o sal para o gado e ele disse que havia apenas um saco, e que já havia sido utilizado. Lá tinha que ter milhares de quilos, e o sal era apenas branco, quando o correto seria sal proteinado com suplemento”, destacou o delegado.
A fazenda possui aproximadamente 350 hectares, grande parte dos quais estaria arrendada para plantio, segundo a investigação.
Responsável será ouvida e pode ser punida
A proprietária da fazenda reside em Goiânia e já foi identificada pelas autoridades. Embora seu nome não tenha sido divulgado, ela será intimada a prestar depoimento, e um inquérito policial foi instaurado com pedido de perícia técnica para apurar as causas exatas das mortes e o estado dos animais restantes.
A Polícia Civil informou que busca medidas urgentes para salvar os animais ainda vivos, com apoio de órgãos especializados em bem-estar animal.

Imagens impactantes reforçam gravidade e mostram onde cabeças de gado foram encontradas mortas
Vídeos e fotos dos animais mortos e sobreviventes em situação crítica foram divulgados e repercutiram fortemente nas redes sociais e na imprensa local. As imagens mostram o gado extremamente debilitado, em meio a pastos secos e sem acesso à água.
Maus-tratos no campo: um alerta necessário
O caso reacende o debate sobre responsabilidade na gestão rural e a importância da fiscalização sanitária e ambiental nas propriedades agropecuárias. A negligência em oferecer condições mínimas de sobrevivência ao rebanho pode configurar crime ambiental grave, com sérias consequências judiciais e morais para os envolvidos.
O desfecho da investigação será acompanhado de perto por autoridades e entidades de proteção animal, e deverá servir de exemplo para reforçar o combate a práticas cruéis no campo.

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