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Chegando com as vacas de leite na propriedade

Senhores e senhoras, tudo bem? No nosso bate-papo de hoje vamos abordar um assunto muito corriqueiro entre os produtores: a chegada de novos animais no rebanho. Vamos então para duas breves histórias.

A princípio, vou lembrar um pouco de uma história ocorrida com um produtor. Um dia desses, pelas minhas andanças, me deparei com uma situação muito interessante. Um produtor rural me chamou e me indagou sobre a produção de leite. Segundo o mesmo, ele já tinha noção do que era uma produção leiteira. Não muito tranquilo, mas um pouco mais aliviado, fui conversando com ele sobre o assunto e ao mesmo tempo procurando orientá-lo

Em determinado momento ele me deixou um pouco atento, pois tocou em alguns pontos na conversa. Dentre estes pontos disse que já havia comprado as coisas que precisava, como a ordenhadeira; depois falou que já tinha o pasto e só faltava dividir; depois falou que faltava ir buscar o milho e a soja; e por fim, falou que somente faltava buscar as vacas. Baseando-me neste ponto, acredito que o produtor rural precisa se planejar.

Quando saímos para ir ao supermercado já sabemos o que vamos comprar, não é? Logicamente que no meio do caminho lembramos algo que precisamos, mas com certeza esta lembrança não pode ser na volta do mercado, certo? Quando o produtor se equivoca em algumas partes do seu planejamento ele perde tempo, como nós, quando vamos ao mercado e lembramos de alguma coisa que deveria ser comprado na volta pra casa. Se estivermos ainda muito perto do mercado podemos voltar, mas assim que nos distanciamos do mercado, tudo fica mais difícil.

Comprar uma coisa quando temos dinheiro é fácil pois, para isso, muitas empresas nos atendem. Logicamente que planejar a compra é muito importante, mas mais importante que isso é saber se ela está funcionando bem. Meu avô dizia que o serviço nos ensina. Sim ensina e muito, mas se acharmos que vamos aprender ordenhar as vacas de um dia para o outro depois que elas chegarem, isto não vai dar certo.

O outro ponto interessante é quando ele disse que já tinha pasto. Fazia por volta de 90 dias que o pasto estava lá, crescendo. Eu disse 90 dias. Depois da minha visita se passou algum tempo e ao todo somaram mais de 100 dias. O período de descanso do capim em questão era de 25 dias. E como vocês acham que ficou o capim dele?

O outro ponto citado é que ele disse que faltava buscar o milho e o farelo de soja para fazer a ração. Fazer como? Que quantidade? Engraçado é que não vamos ao mercado sem quantidades das coisas, vamos? E por fim só faltavam as vacas. As atrizes principais da noite. As nossas operárias. Essas atrizes precisam de camarins? Querem frutas frescas? Água mineral? Doces?

Senhores, a produção de leite não é brincadeira não. Hoje os custos estão apertados e qualquer deslize pode ser nosso fracasso. O que eu sempre digo é que quando não temos planejamento das coisas as coisas não andam bem. Ao ressaltar que quando uma pessoa vai a sua casa, não temos que estar prontos para recebê-la? Sim temos. Sendo assim, para receber novos animais na sua propriedade, o sistema deve estar andando. Logicamente que quando não temos nenhuma vaca ainda na fazenda tudo se torna mais difícil, mas podemos e devemos sim, dar todo o apoio aos animais, pois eles não devem sentir que mudaram de lugar, isto é o mais importante. Toda adaptação ou mudança requer um custo. Custo este que sai do bolso do produtor.

Todo animal leiteiro precisa de rotina. Ao estudarmos o gado leiteiro, notamos que ao decorrer da lactação do animal ele passa por muitos pontos, mas nenhum mais forte que o período peri-parto, quando quase tudo muda para a vaca. Mas o que muda? Muda a forma do corpo, composição do corpo (carne ou gordura), espaço de rúmen (o bezerro estava grande e ocupava grande espaço na barriga da vaca) além do ambiente e alimento que ingeria, dentre outras coisas. Assim, quando o animal tem mudanças no seu dia a dia, a primeira forma de explicar pra nós que algo está errado é na produção. Sendo assim, tudo deve estar o mais normal possível para que o animal não entenda isso como mudança drástica e tudo corra normalmente, inclusive sua produção diária.

Sem querer dar receita, mas somente levantando alguns pontos, a vaca ao chegar na propriedade deve achar tudo o mais normal possível. Em relação ao ambiente de ordenha procure ser o mais calmo possível. Procure ser eficiente com produtos eficientes de limpeza e profilaxias em geral. Não compre pelo menor preço e sim pelo melhor, mais eficaz. O pasto não deve estar passado. Sua qualidade não pode estar ruim. Muitos falam que esta má qualidade, depois se compensa na ração, será? Queremos então não ter eficiência?

Maneje seu pasto de forma adequada ou ao menos planeje para que tudo corra perto do esperado. Não espere o pasto florescer para soltar os novos animais, pois sua qualidade já foi perdida. Rotacione sua área de pastejo e procure escalonar o seu manejo para receber os animais o mais próximo do ideal. Formule sua ração, faça custos. Faça testes antes dos animais chegarem. Por fim, quando as atrizes chegarem, o camarim deve estar pronto. Não deixe para colocar a água, a comida, a sombra e o abrigo depois de 20 dias que elas chegarem. O espetáculo já vai começar, a produção de leite deve começar imediatamente.

‘Maneje seu pasto de forma adequada ou ao menos planeje para que tudo corra perto do esperado. Não espere o pasto florescer para soltar os novos animais, pois sua qualidade já foi perdida. Rotacione sua área de pastejo e procure escalonar o seu manejo para receber os animais o mais próximo do ideal’.

Se o produtor já tem o sistema pronto e funcionando, lembre-se que o animal também deve ser reassociado aos outros. A dominância já existe e com a chegada de outros tudo pode mudar. Tome cuidado com doenças, e por isso, fique atento. Ajuste dietas, lembre-se que os novos animais nem conhecem cerca elétrica e às vezes, muito menos, a ração que você oferece. Com certeza não conhecem você, sua família e seus funcionários.

‘O jogador se aquece antes da partida no campo que vai jogar para ganhar o jogo. Os jogadores somos nós. As vacas são o jogo. O leite é a vitória’

E por fim, o outro ponto que citei lá no começo é a chegada das vacas na ordenha. Ouvi um dia assim. ‘A Barquinha pariu’. Barquinha era uma vaca. Ela estava no pasto, descobriu-se que ela havia parido. Ela era novilha ainda e nunca tinha visto uma sala de ordenha e nunca ninguém havia colocado “peias” nela.

Pra resumir, passou 27 dias se acostumando com o manejo novo, sem produzir leite. Alguns arranhões, feridas, marcas e cicatrizes pelo corpo, não da vaca, e, sim, do ordenhador. Precisamos disso? Não precisamos. Precisamos é de planejamento. O jogador se aquece antes da partida no campo que vai jogar para ganhar o jogo. Os jogadores somos nós. As vacas são o jogo. O leite é a vitória.

Fonte: Milk Point

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