Clima faz país perder 4 milhões de toneladas de grãos

Ainda é cedo para estimar os efeitos do clima, mas a safra que está sendo iniciada já deverá ser 8 milhões de ton inferiores a 2022/23.

O clima começa a deixar a sua marca, mesmo antes de um avanço significativo da safra 2023/24. Algumas regiões do país nem terminaram o planejamento, e a avaliação deste mês da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indica uma redução de 4,4 milhões de toneladas na produção de grãos no país, em relação ao que era previsto no mês passado.

As novas estimativas apontam para um volume total de 312,3 milhões de toneladas. Em novembro, o órgão governamental prevê 316,7 milhões. Ainda é cedo para estimar os efeitos do clima sobre as atividades, mas a safra que está sendo iniciada já deverá ser 8 milhões de toneladas inferiores a 2022/23. Este será um período dominado pelo El Niño, que provoca escassez de chuva na parte superior do país e excesso na parte inferior.

Como isso afeta o consumidor? Os estoques finais de arroz e de feijão, dois dos principais produtos de consumo diário para boa parte da população brasileira, não terão grandes mudanças, por agora. As perspectivas são de produção e consumo ajustadas.

Uma das principais preocupações é com o milho. Os estoques finais da safra 2023/24 caíram para 4,5 milhões de toneladas, 49% a menos do que era previsto no mês passado. Boa parte do cereal foi para fora do país. De janeiro a novembro, as exportações somaram 49,9 milhões de toneladas, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

O milho terá redução de área e de produção. Após ter atingido 132 milhões de toneladas em 2022/23, a safra atual está estimada em 118,5 milhões. Preços baixos, dúvidas sobre o clima e um atraso no plantio de soja, o que afeta o período ideal da semeadura do cereal, devem fazer com que o produtor semie 21 milhões de hectares, abaixo dos 22,3 milhões da safra anterior.

Uma quebra na safrinha de milho, que é semeada após a colheita da soja, inibirá as exportações de 2024 e manterá os preços aquecidos. Se isso ocorrer, os custos de produção de proteínas aumentam, respingando no bolso do consumidor.

A soja, embora as variações ainda sejam de uma safra recorde de 160 milhões de toneladas, já tiveram o volume reduzido em 2,2 milhões neste mês, em relação às diferenças anteriores, devido ao clima.

O trigo foi o grande perdedor de 2023. Os produtores apostaram no cereal e elevaram a área de plantio para 3,5 milhões de hectares, 12% a mais do que em 2022. A produtividade não se confirma, e a produção, prevista em até 11 milhões de toneladas, ficaram em apenas 8,1 milhões.

Os produtores do Rio Grande do Sul foram os grandes perdedores, devido à seca em determinados períodos do desenvolvimento das lavouras e ao excesso de chuva em outros. A produtividade do estado caiu para 1.930 kg por hectare, 51% a menos do que em 2022.

Com essa queda no rendimento das atividades, a produção dos gaúchos deverá recuperar para 2,9 milhões de toneladas neste ano, bem distante dos 5,7 milhões de 2022. Além da perda em volume, os produtores também perderam na qualidade do cereal, afetados por chuvas no período de colheita.

A soja, líder no volume produzido de grãos, volta a ter um espaço maior no plantio desta safra. Pelos cálculos da Conab, os agricultores apostaram na oleaginosa e vão destinar 45,3 milhões de hectares para o produto, 2,8% a mais do que na safra anterior.

À medida que novas áreas de soja ganham espaços maiores nas regiões Norte e Nordeste, onde o crescimento será de 9,1% e 6,1%, respectivamente. As duas regiões representam 17% de toda a área semeada com a oleaginosa.

No Sul, o crescimento será de 1,1%. O Rio Grande do Sul, após quebras seguidas de safras, eleva a área em 1,8% e espera produzir 22 milhões de toneladas, 68% a mais do que em 2022/23.

A produção de grãos estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é de 306,2 milhões de toneladas em 2023/24, abaixo da estimativa de 312,3 milhões da Conab.

Só a previsão de soja já explica boa parte dessa diferença. Enquanto a Conab estima uma safra de 160,2 milhões de toneladas para a oleaginosa, o IBGE fica nos 152,5 milhões.

Fonte: Folha de S. Paulo; Autor: Mauro Zafalon

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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