A estimativa da entidade é preliminar e deve ser revisada após os resultados trimestrais divulgados, ontem (4), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Brasília, 05 – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê crescimento de 8% a 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária neste ano, ante queda de 3,7% em 2024. A estimativa da entidade é preliminar e deve ser revisada após os resultados trimestrais divulgados, ontem (4), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em setembro, a CNA previa uma alta de 7% para o desempenho do setor, que passou a 7,9% em novembro. O resultado do PIB agro no terceiro trimestre deste ano, com uma alta de 10,1% ante igual período do ano passado, além da revisão dos dados de 2024 pelo IBGE, levou à revisão da projeção pela entidade. “Iremos recalcular as estimativas a partir das revisões feitas hoje pelo IBGE. O crescimento do PIB agro neste ano é puxado pela supersafra de grãos e pelo ótimo desempenho da pecuária”, disse o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon.
No acumulado dos três trimestres deste ano, de janeiro a setembro, o PIB da agropecuária acumula alta de 11,6% frente ao avanço de 2,4% acumulado do PIB nacional. “O resultado acumulado em 2025 também surpreendeu positivamente, independente da mudança na base de comparação ante 2024. Quando olhamos, o resultado completo vemos a contribuição da pecuária bovina com aumento de abates e preços favoráveis e três culturas agrícolas, que possuem maior peso no PIB agro, que são soja, milho e laranja. São esses produtos responsáveis pelo impulso do crescimento nos primeiros trimestres do ano”, apontou Conchon.
De acordo com o economista da CNA, a revisão feita pelo IBGE da queda do PIB da agropecuária de 3,2% para 3,7% em 2024 também contribuiu para os resultados deste ano, já que essa queda de 0,5 ponto porcentual adicional confere uma base menor de comparação no ano passado. “Não esperávamos uma revisão dessa magnitude. Essa revisão de 2024 catalisou o resultado de 2025”, observou.
O crescimento de 10,1% do PIB da agropecuária no terceiro trimestre deste ano ante igual período do ano anterior também superou as estimativas da entidade, conforme Conchon. Já o avanço de 0,4% no terceiro trimestre de 2025 ante o segundo trimestre deve-se, apontou o economista, à entrada mais tardia da safra de inverno, que deve refletir nos resultados do quarto trimestre deste ano. “Parte do crescimento menor observado no terceiro trimestre será devolvido no quarto trimestre. Devemos ter um quarto trimestre mais forte neste ano no PIB da agropecuária em virtude da safra de inverno e da pecuária. A incógnita que permanece em produção é o resultado do setor florestal ligado a papel e celulose”, explicou. Os resultados finais do ano devem ser divulgados em março de 2026, segundo Conchon.
Para o PIB nacional, a CNA prevê alta de 2% em revisão preliminar ante projeção anterior de 2,17%. O menor ritmo de crescimento da economia em geral tende a ser justificado pelo avanço mais modesto das outras atividades econômicas. “Se no acumulado deste ano o PIB da agropecuária tivesse ficado estável, o PIB do Brasil teria avançado apenas 1,6% ante 2,4% verificado, o que mostra o aumento do protagonismo do setor nos três primeiros trimestres e a força da agropecuária neste ano”, disse. Com crescimento do agro superior aos demais setores, a participação da agropecuária no PIB Brasil deve saltar de 5,6% em 2024 para cerca de 8,54% neste ano, em previsão preliminar da CNA. “No próximo trimestre, o resultado do PIB Brasil deve ficar mais moderado, enquanto o da agropecuária ainda tende a seguir positivo e, por isso, deve manter a participação vista nos nove meses do ano, de 8,54%”, pontuou.
Para 2026, a CNA vê como pontos de atenção para o comportamento do PIB da agropecuária as incertezas climáticas com chuvas abaixo do esperado em regiões produtoras, incertezas quanto ao ambiente geopolítico internacional, o cenário de juros elevados, a redução do poder de compra das famílias e do crescimento real do salário mínimo. “Tudo isso tende a arrefecer a economia em 2026, atrelado à instabilidade fiscal”, prevê.