Coccidiose bovina: como ocorre, principais sintomas e tratamento

O principal desafio relacionado a coccidiose nos sistemas de produção, está relacionado a bezerros de até um ano de idade.

O avanço da pecuária e a grande corrida pelo aumento das margens de lucro na atividade, é inevitavelmente acompanhada por grandes desafios. Dentre esses desafios, os sanitários requerem atenção, pois podem e irão comprometer a saúde e o desempenho dos animais.

Além dos impactos econômicos diretos, causados pela perda devido à morte de animais, o impacto econômico nos sistemas é significativo, causado pela queda no desempenho e produtividade de animais acometidos, apresentando ou não sintomatologia por diversas doenças.

O aumento da densidade dos animais dentro dos sistemas de produção, associado a baixa qualidade das fontes de água fornecida a esses animais, implica em grandes desafios e podem ser o “estopim” para a demonstração de uma série de doenças dentro das fazendas.

Um desses problemas, que se destaca na produção pecuária, principalmente em sistemas de cria, é a eimeriose ou coccidiose.

O que é coccidiose bovina?

A coccidiose bovina é uma parasitose causada por um protozoário do gênero Eimeria, um dos mais importantes gêneros causadores de problemas gastrointestinais em bovinos de todo o mundo.

O principal desafio relacionado a coccidiose nos sistemas de produção, está relacionado a bezerros de até um ano de idade. Entretanto, em ambientes de alta densidade populacional, podem acometer animais adultos.

Como ocorre a infecção pela coccidiose?

Sistemas mais intensivos, com grande densidade de animais, geram em sumo, ambientes mais contaminados, úmidos, com grande acúmulo de matéria orgânica. Também em bebedouros, predispondo a contaminação dos animais.

A contaminação dos animais pela Eimeria ocorre quando há a ingestão de oocistos esporulados da Eimeriaao ingerirem água, alimentos ou até mesmo lambendo outros animais, onde bezerros ingerem junto os oocistos esporulados advindos de animais infectados.

Por sua vez, os animais infectados irão eliminar nas fezes novos oocistos, que se tornam esporulados e ficam viáveis por um longo período de tempo no ambiente. Temperaturas superiores a 35ºC, baixa umidade e exposição a luz solar, tornam esses oocistos inviáveis.

Por esses motivos, manter ambientes, limpos e secos, são um grande auxílio contra a infecção por eimeria.

Quais os sintomas da coccidiose bovina?

Grande parte dos animais infectados pela coccidiose, não apresentam quadro clínico da doença. Entretanto, podem e provavelmente terão seu desempenho comprometidos pelo protozoário.

Alguns fatores, como estresse, condição nutricional, e eficiência da resposta imune e principalmente o volume do oocisto ingerido podem interferir na demonstração clínica da doença.

A destruição de células intestinais acometidas, além de prejudicar funções do órgão, podem causar rompimento de vasos sanguíneos levando ao principal sintoma da doença. Os animais acometidos, que apresentam o quadro clínico, apresentam principalmente uma diarreia sanguinolenta, característica mais marcante no quadro da doença.

Fonte: Dr. Jose Zambrano, consultor sanitarista do Rehagro.

Além da diarreia sanguinolenta, os animais acometidos, podem apresentar falta de apetite (comum também em animais que não apresentam o quadro clínico), emagrecimento e fraqueza.

Fonte: Dr. José Zambrano, consultor sanitarista do Rehagro.

Diagnóstico da coccidiose bovina

O primeiro passo para um controle correto e eficiente da coccidiose nas propriedades, é justamente o diagnóstico para confirmar a infecção. Isso permite ações precisas e assertivas, levando ao sucesso do controle.

O diagnóstico deve passar primeiramente por uma anamnese sistemática e profunda. Entender as características do sistema de produção onde o problema ocorre, avaliar as estruturas de fornecimento de água e alimento dos animais, além é claro, de avaliar a sintomatologia dos animais, é fundamental para se chegar ao diagnóstico correto.

Além da anamnese para confirmar a suspeita de coccidiose, é necessário fazer um levantamento epidemiológico na fazenda.

Para esse levantamento, selecionamos amostras de animais em cada faixa etária. Por exemplo, em uma propriedade de cria, apresentando problemas com bezerros mamando selecionamos bezerros com 30 dias de idade, com 60, 90, 120, 150 e 180 dias, e de maneira aleatória faz-se a coleta de fezes desses animais.

As fezes coletadas devem ser armazenadas em resfriadas, em uma caixa com gelo, por exemplo, e enviadas ao laboratório, quando não for possível realizar a análise na própria fazenda.

No laboratório, próprio ou terceiro, será realizado o exame de contagem de ovos por grama de fezes OPG (o OPG é realizado para aproveitar a amostra de fezes coletadas) e contagem de oocistos por grama de fezes OOPG. Esse último, específico para coccídeo, onde identificaremos e confirmaremos a suspeita de infecção por coccidiose.

No resultado de OOPG, podemos encontrar animais com negativos, animais apresentando contagens de oocistos entre 0 e 200, onde já identificamos a presença da eimeria na propriedade, animais com resultado entre 200 e 800, onde já ligamos a alerta para o problema e animais que realmente apresentam problemas com contagens superiores a 800 oocistos por grama de fezes.

Com resultado dessas amostras conseguimos identificar alguns pontos importantes, por exemplo, quais os retiros mais acometidos, qual a faixa etária de idade de animais mais acometidos e qual o lote de maior desafio, por exemplo.

Tratamento da coccidiose bovina

Após a identificação e a confirmação do diagnóstico por coccidiose na propriedade, vamos então focar na resolução do problema.

O primeiro ponto diz respeito ao tratamento e recuperação dos animais doentes, aqueles animais apresentando sintomatologia, diarreia sanguinolenta e os animais que apresentarem no OOPG em grande volume de contagem de oocisto por grama de fezes podem vir a óbito pela doença e devem ser tratados individualmente.

No mercado nacional, hoje, temos duas bases de medicamentos que podem ser utilizados no combate da coccidiose, a sulfa e o toltrazuril.

Uma importante limitação na utilização da sulfa está ligado a possível resistência a essas bases e outra limitação está ligado a frequência de administração das doses indicadas, sendo necessário várias aplicações para obtenção de resultados satisfatórios.

Os medicamentos, a base de toltrazuril, são drogas ministradas via oral. Entretanto, animais tratados apresentam ótimas respostas com apenas uma dose administrada. Ele se torna um medicamento de maior facilidade, principalmente pensando na praticidade em propriedades com grandes volumes de bezerros.

Controle da coccidiose bovina

Além do tratamento de animais doentes, é de suma importância que as propriedades, façam o controle da doença. Isso evitará o aparecimento de novos animais doentes, também mitigando a infecção dos demais animais.

O controle deve ser inicialmente voltado ao fornecimento de água de boa qualidade, de preferência em bebedouros artificiais, a manutenção e a conservação dos bebedouros também deve ser realizada com frequência.

A limpeza das praças de alimentação, dos cochos e a utilização de pastagens mais baixas em maternidades e pastos voltados aos bezerros, também deve auxiliar no controle.

Além das ferramentas de manejo e conservação dos ambientes de criação dos animais, supracitados, outros dois pontos importantes podem ser utilizados auxiliando no controle da doença. Aditivos como monensina e salinomicina, por exemplo, são excelentes coccidiostáticos.

A utilização desses aditivos fornecidos no creep-feeding dos bezerros, será uma boa alternativa em propriedades com grandes desafios. Sabe-se que bezerros muito jovens, 2 a 3 meses de idade, consomem pouco creep, mas a medida que vão crescendo e adaptam-se com o creep, essa técnica auxilia muito.

Por fim, a suplementação mineral das matrizes, apesar de raramente causar problemas em adultos, a utilização de aditivos no mineral das fêmeas diminui a carga parasitária e por consequência diminuem a contaminação da coccidiose do ambiente.

Conclusão

coccidiose bovina é um desafio real, principalmente em propriedades de cria. A perda de animais e principalmente a diminuição do desempenho e da capacidade produtiva desses animais durante toda a vida, representa um impacto significativo ao sistema como um todo.

Várias são as estratégias de controle. Avaliar as possibilidades e escolher a que melhor se adeque a cada realidade é um passo importante para o sucesso da atividade.

Fonte: Rehagro

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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