Cólica equina e o perigo do manejo incorreto que mata os cavalos

Calor não causa cólica, isso é mito. Porém, as altas temperaturas exigem mais cuidado; entenda os erros de manejo que aumentam a incidência de cólica em cavalos e veja como preveni-la na estação mais quente do ano.

A cólica equina é uma das maiores preocupações para criadores, treinadores e amantes de cavalos. Apesar de muitos acreditarem que o calor em si seja o causador da cólica, isso é um mito. O que realmente acontece é que as altas temperaturas aumentam os riscos quando o manejo é incorreto. Em dias quentes, a desidratação é mais frequente, o apetite pode oscilar e a digestão fica mais sensível, fatores que, somados a erros humanos, elevam a incidência de cólicas.

Na natureza, os cavalos raramente sofrem com cólicas, pois se alimentam em pequenas quantidades ao longo do dia e se mantêm hidratados de forma natural. Já no ambiente doméstico, a rotina criada pelo homem alterou essa dinâmica: horários irregulares de alimentação, excesso de ração, pouca fibra, estresse e falta de água fresca são os maiores vilões. No calor, esses problemas são intensificados, já que o cavalo precisa de mais líquidos e de um sistema digestivo em equilíbrio para suportar o estresse térmico.

De forma geral, a cólica equina é resultado de distúrbios no trato gastrointestinal que podem ser desencadeados por diversos fatores ligados principalmente ao manejo. Entre as principais causas estão a alimentação inadequada (excesso de concentrados, pouca fibra ou ração de má qualidade), a falta de acesso constante à água limpa, o estresse, estabulagem ou mudanças bruscas na rotina, além de infestações parasitárias e problemas dentários que dificultam a mastigação correta.

Também contribuem para o quadro a ingestão de areia ou sujeira junto com o alimento, exercícios mal planejados e até o armazenamento inadequado das rações, que favorece o mofo e a contaminação. Em resumo, qualquer prática de manejo que fuja da natureza do cavalo — animal acostumado a se alimentar continuamente de pequenas porções de forragem em liberdade — pode aumentar o risco de cólicas.

Erros de manejo mais comuns no verão

  • Falta de água fresca em abundância: a desidratação é mais rápida nos dias quentes e pode causar impactações intestinais graves.
  • Rações mal armazenadas: calor e umidade favorecem o mofo e a fermentação, colocando em risco a saúde digestiva do cavalo.
  • Excesso de ração concentrada: em temperaturas altas, a digestão de grandes quantidades de grãos é ainda mais difícil.
  • Rotina de exercícios sem adaptação ao calor: treinamentos intensos em horários de sol forte aumentam o estresse físico e digestivo.
  • Baixo consumo de volumoso: quando a forragem de qualidade não é prioridade, o intestino perde seu equilíbrio natural.

Como prevenir a cólica equina no verão

  1. Garanta água limpa e abundante
    Verifique constantemente os bebedouros e aumente a oferta. Se possível, forneça água fresca em diferentes pontos do piquete ou baia.
  2. Ofereça feno de qualidade
    Feno seco, pasto verde e dieta balanceada ajudam a manter a digestão em ritmo natural, mesmo em dias quentes.
  3. Adapte os horários de exercício
    Prefira atividades físicas no início da manhã ou no final da tarde, evitando o pico do calor. O exercício moderado ajuda a manter o trânsito intestinal ativo.
  4. Armazene a ração corretamente
    O calor acelera a deterioração dos alimentos. Mantenha-os em local seco, arejado e protegido da umidade.
  5. Mantenha rotina estável e reduza o estresse térmico
    Evite mudanças bruscas de manejo e ofereça sombra e ventilação adequadas para reduzir a sobrecarga do calor no organismo do cavalo.

A cólica equina não é causada diretamente pelo calor, mas o manejo incorreto em dias quentes potencializa os riscos. Desidratação, estresse, ração de má qualidade e dietas mal planejadas tornam os animais muito mais vulneráveis quando as temperaturas estão elevadas.

Prevenir a cólica é, acima de tudo, respeitar a natureza do cavalo. Acesso a água limpa e abundante, volumoso de qualidade, exercícios diários e rotina estável reduzem não só os casos em qualquer época do ano, como também controlam a incidência em períodos de calor intenso.

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