Com 7 fazendas em MT e uma dívida de R$ 153 milhões, Grupo entra em recuperação judicial

Crise financeira, perdas agrícolas e desvalorização da arroba bovina levaram o Grupo Corrêa da Costa a recorrer à Justiça para tentar manter suas atividades no campo e, com uma dívida de R$ 153 milhões, entra em recuperação judicial

A crise econômica que atinge o setor agropecuário fez mais uma vítima em Mato Grosso. O Grupo Corrêa da Costa, com operações consolidadas em sete fazendas nos municípios de Alta Floresta, Nova Monte Verde e Juara, entrou com pedido de recuperação judicial, deferido pela Justiça na última quinta-feira (29).

A decisão foi proferida pela juíza Giovana Pasqual de Mello, da 4ª Vara Cível de Sinop, que reconheceu que o grupo atendeu a todos os requisitos previstos na Lei nº 11.101/2005, incluindo a comprovação de que exerce a atividade agropecuária há mais de dois anos, além de documentação contábil e fiscal regular.

Dívida de R$ 153 milhões e causas da crise

Segundo a petição apresentada pelo grupo, as dívidas acumuladas chegam a R$ 153 milhões. Os gestores alegaram enfrentar uma grave crise econômico-financeira, resultado de diversos fatores que afetaram diretamente a operação rural:

  • Impactos da pandemia de Covid-19
  • Perdas severas na safra 2020/2021
  • Desvalorização da arroba bovina, que prejudicou a rentabilidade na pecuária
  • Queda acentuada no preço da soja, principal commodity agrícola da região
  • Aumento expressivo dos custos operacionais
  • Restrição ao acesso ao crédito rural

A soma desses elementos comprometeu o equilíbrio financeiro do grupo, formado por produtores rurais que operam de forma integrada sob um mesmo comando familiar e administrativo.

Justiça reconhece estrutura produtiva e aprova consolidação processual da recuperação judicial

Na decisão, a magistrada não apenas validou o pedido, como também acolheu a solicitação de consolidação processual e substancial. Isso significa que os ativos e passivos dos produtores que integram o grupo serão reunidos em um único plano de recuperação judicial, considerando a interdependência financeira, operacional e administrativa entre eles.

A SCZ – Scalzilli Administração Judicial foi nomeada como administradora do processo, ficando responsável por fiscalizar e acompanhar todas as etapas da recuperação.

Proteção temporária e preservação de ativos

Durante o stay period — prazo de 180 dias de proteção judicial —, todas as ações, execuções e medidas de cobrança contra o grupo estão suspensas, bem como impedida qualquer tentativa de apreensão de bens essenciais ao funcionamento da atividade rural.

A juíza também reconheceu a essencialidade de sete propriedades rurais, como as Fazendas Pecuária Forte e Santa Rosa dos Montes Verdes, que continuarão sob posse dos produtores.

Já os bens móveis, como máquinas e implementos agrícolas, ainda dependerão de análise da administradora judicial para eventual liberação ou bloqueio.

Prazo para apresentação do plano de recuperação judicial

O grupo Corrêa da Costa tem agora 60 dias para apresentar à Justiça o plano de recuperação judicial, que deverá detalhar como pretende reorganizar as dívidas, manter suas operações e honrar os compromissos com os credores. Caso o plano não seja entregue no prazo, a falência poderá ser decretada.

Nos próximos dias será publicado o edital oficial com a lista de credores, conforme determina a legislação vigente, permitindo que todos os envolvidos acompanhem e participem do processo.

Reflexo de uma crise que atinge muitos

A situação do Grupo Corrêa da Costa reflete um cenário vivido por muitos produtores no país. Com a queda no valor da arroba bovina, que não acompanha a estabilidade ou aumento dos preços da carne no varejo, muitos pecuaristas estão suspendendo atividades ou reduzindo operações, aguardando uma recuperação do mercado.

“Só quem trabalha com pecuária sabe a dificuldade com o aumento de custo e queda do valor da arroba bovina. No meu caso, parei com a atividade, para aguardar um melhor momento… Tá realmente muito difícil”, relatou um leitor em comentário no site da Folhamax.

A recuperação judicial representa uma tentativa de reorganizar o negócio e manter empregos, produção e contribuição para a economia regional — que depende fortemente da força do agro mato-grossense.

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