Com dívida bilionária pecuária tenta se sustentar

Com dívida de R$ 100 bi, pecuária reforça pedido por nova securitização junto ao governo, setor é o carro-chefe das exportações e de proteína animal para o mercado interno.

Um dos carros-chefes das exportações da agropecuária brasileira e da oferta de proteína animal para o mercado interno, a pecuária vive uma situação apreensiva. Motivo: o endividamento de cerca de R$ 100 bilhões, segundo dados do Banco Central (BC).

A exemplo de outras cadeias do agro, o setor vê a proposta de uma nova securitização como a saída para renegociar a dívida bilionária e espera ter o apoio do governo Bolsonaro para avançar no debate sobre o assunto, que já chegou ao Congresso Nacional.

Na avaliação do produtor Paulo Leonel, diretor do Grupo Adir – um dos mais tradicionais empreendimentos da pecuária brasileira, com sede em Ribeirão Preto, onde se dedica à criação de bovinos reprodutores e à produção de sêmen e embriões – não se trata mais de saber se uma nova securitização é viável ou não.

“Ela é vital para o país. Não para o produtor, mas para o Brasil. Não tem outra solução.”

“Se você imaginar uma pecuária que deve 550 reais por cabeça de gado existente no país, como que vai fazer [para resolver a situação]?”, pergunta o pecuarista. “Esse não é um problema de um ou dois produtores endividados. É a falência do setor”, enfatiza Paulo Leonel, para quem uma nova securitização criará as condições para saldar a dívida.

No último dia 13, ele falou sobre o endividamento do setor pecuário durante a reunião promovida pela Andaterra (Associação Nacional de Defesa dos Agricultores, Pecuaristas e Produtores da Terra), na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, para debater alternativas à dívida rural.

Paulo Leonel diz que a situação enfrentada hoje pela pecuária é resultado da política equivocada do governo passado. “O que levou à falência um setor que produz tanto? A concentração da compra na ponta final subsidiada pelo governo anterior. Isso não é culpa do governo Bolsonaro, é uma herança que ele recebeu.”

O pecuarista acredita que o governo Bolsonaro saberá resolver o problema do endividamento. “Tenho certeza que o presidente Bolsonaro tomará a melhor medida para o país, a fim de que a produção continue, além de beneficiar o produtor, que trabalha de sol a sol para alimentar todo mundo. Sem produtor não tem comida.”

O diretor do Grupo Adir lembra que o endividamento não é exclusivo da pecuária. Ainda conforme os dados do BC, assinala, a dívida do agronegócio é de cerca de R$ 304 bilhões com os bancos nacionais. Nesse valor estão incluídos os R$ 100 bi da pecuária.

Apesar do cenário adverso, acrescenta Paulo Leonel, o produtor quer pagar a dívida. “Queremos pagar o que devemos [ao governo]”, pontua, ressaltando que não há subsídio para o setor. “A sociedade precisa entender que o produtor não tem subsídio algum. Ele paga subsídio para o consumidor ter comida de baixo custo.”

O diretor do Grupo Adir alerta também que cogitar a hipótese de cortar o crédito agrícola é querer acabar com a economia do país. “Se cortar o crédito rural, o país quebra, o produtor quebra.”

Além da dívida com os bancos nacionais, o agro tem uma preocupação a mais: o endividamento com agentes externos. “Há uma estimativa de endividamento rural de mais R$ 400 bilhões com bancos estrangeiros e tradings”, ressalta, reforçando a necessidade de encontrar uma equação para resolver as dívidas do agro.

Fonte: Agro em Dia

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