Estação do verão será marcada por calor acima da média, chuvas irregulares em parte do país e maior influência de sistemas regionais, com impactos diretos na agropecuária e nos reservatórios
O verão no Hemisfério Sul começou oficialmente em 21 de dezembro de 2025 e segue até 20 de março de 2026, trazendo consigo o período mais quente do ano e também o mais instável em termos de condições meteorológicas. De acordo com a Nota Técnica Conjunta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a estação será marcada por temperaturas acima da média histórica em praticamente todo o Brasil e por uma distribuição irregular das chuvas, com diferenças significativas entre as regiões do país .
Tradicionalmente, o verão brasileiro é caracterizado por dias mais longos, maior incidência de radiação solar e mudanças rápidas no tempo, favorecendo a ocorrência de chuvas intensas, temporais isolados, rajadas de vento, descargas elétricas e até queda de granizo. Para 2026, esse padrão se mantém, mas com alguns pontos de atenção importantes, especialmente para o setor produtivo.
Neutralidade do ENOS define o padrão climático
Um dos principais fatores que influenciam o clima global é o fenômeno El Niño–Oscilação Sul (ENOS). Segundo o Inmet, o Oceano Pacífico Equatorial apresentou resfriamento nos últimos meses, com características semelhantes à La Niña, mas as projeções indicam 74,5% de probabilidade de retorno à condição de neutralidade entre janeiro e março de 2026. A chance de permanência de La Niña é considerada baixa, em torno de 20% .
Na prática, a neutralidade do ENOS significa que os sistemas atmosféricos regionais ganham mais peso, como a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Isso tende a provocar uma maior variabilidade espacial das chuvas, exigindo acompanhamento constante das previsões.
Região Norte: chuvas acima da média e calor elevado
Para a Região Norte, a previsão indica chuvas acima da média climatológica em grande parte dos estados, o que favorece a manutenção da umidade do solo e o desenvolvimento das culturas de verão. A exceção fica para o sudeste do Pará e o Tocantins, onde os volumes podem ficar abaixo do padrão histórico.
As temperaturas devem ficar acima da média no Amazonas, Acre, Rondônia e no centro-sul do Pará, com desvios que podem alcançar 0,5 °C ou mais, enquanto áreas mais ao norte, como Amapá e Roraima, tendem a registrar valores próximos da normal climatológica .
Nordeste: atenção para déficit de chuvas
No Nordeste, o cenário exige cautela. A previsão aponta predomínio de chuvas abaixo da média em praticamente toda a região, especialmente na Bahia, no centro-sul do Piauí e em grande parte de Sergipe, Alagoas e Pernambuco, com déficits que podem chegar a 100 mm abaixo da média histórica no trimestre.
Em contrapartida, áreas do centro-norte do Maranhão, norte do Piauí e noroeste do Ceará podem registrar volumes próximos ou ligeiramente acima da média. As temperaturas, porém, devem ficar acima da climatologia em toda a região, superando 1 °C acima da média em partes da Bahia e do sul do Maranhão e Piauí .
Centro-Oeste: contrastes entre estados
Na Região Centro-Oeste, o verão será marcado por contrastes. O oeste do Mato Grosso deve registrar chuvas acima da média, enquanto Goiás tende a enfrentar volumes abaixo do padrão histórico. Mato Grosso do Sul e o restante da região devem ter precipitações próximas da média.
As temperaturas, por sua vez, devem permanecer acima da média climatológica, com desvios que podem chegar a 1 °C, reforçando o risco de maior evapotranspiração e exigindo atenção ao manejo hídrico .
Sudeste: menos chuva e mais calor
No Sudeste, a previsão é de chuvas abaixo da média, com déficits que podem alcançar 100 mm no trimestre. As áreas mais afetadas incluem o centro de Minas Gerais, a Zona da Mata, o Vale do Rio Doce e a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Aliado a isso, o calor será mais intenso, com temperaturas até 1 °C acima da média histórica, o que pode aumentar o risco de estresse hídrico, especialmente em solos com menor capacidade de retenção de água .
Sul: chuva acima da média, mas com riscos
Para a Região Sul, o cenário é mais favorável em termos de precipitação. A previsão indica chuvas acima da média em todos os estados, com destaque para o sudeste e sudoeste do Rio Grande do Sul, onde os acumulados podem superar a média em até 50 mm.
Apesar disso, o Inmet alerta que a combinação de umidade elevada e temperaturas acima da média pode aumentar o risco de doenças fúngicas em lavouras, além de interferir pontualmente na colheita e no plantio de culturas de verão, exigindo planejamento redobrado no campo .
Verão e os impactos diretos na agropecuária e nos reservatórios
Segundo o Inmet, o verão de 2026 terá importância estratégica para a agropecuária, a geração de energia e a reposição hídrica dos reservatórios. No Norte e em partes do Centro-Oeste, as chuvas favorecem o desenvolvimento de culturas como soja e milho, enquanto no Nordeste e Sudeste o déficit hídrico pode limitar o avanço do plantio e comprometer o desempenho das lavouras de sequeiro.
Diante desse cenário, o órgão reforça a necessidade de monitoramento contínuo das condições meteorológicas, já que a neutralidade do ENOS tende a aumentar a irregularidade do clima e a ocorrência de eventos extremos localizados .
O Inmet destaca que as previsões são atualizadas regularmente e que avisos meteorológicos diários estão disponíveis em seus canais oficiais, servindo como ferramenta essencial para produtores, gestores públicos e a população em geral se prepararem para os desafios do verão.
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