Apesar de legal, comer da carne de cavalo é pouco comum no país e envolve aspectos culturais, éticos e sanitários que ainda dividem opiniões sobre a carne equina.
A discussão sobre comer carne de cavalo no Brasil desperta curiosidade, controvérsias e muitas dúvidas. Enquanto em países como França, Bélgica, Japão e Itália a proteína é considerada uma iguaria, no Brasil, a prática enfrenta barreiras culturais. Historicamente, os cavalos sempre estiveram associados ao trabalho no campo, transporte e até como animais de estimação, o que dificulta a aceitação do consumo de sua carne.
Do ponto de vista jurídico, é permitido comer carne de cavalo no Brasil. O decreto 9.013, de 2017, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), classifica os equinos como “espécies de açougue”, sujeitas às mesmas normas de inspeção aplicadas a bovinos, suínos e outras carnes de consumo humano. Isso significa que o abate e a comercialização só podem ocorrer em estabelecimentos fiscalizados e regularizados.
O que é proibido, no entanto, é o abate em locais clandestinos, sem inspeção sanitária. Nesses casos, o risco é elevado, já que não há veterinários para verificar a saúde do animal nem condições higiênicas adequadas, aumentando a possibilidade de contaminação da carne.
Onde estão os abatedouros no Brasil
Atualmente, o Brasil possui cinco frigoríficos fiscalizados pelo governo federal com permissão para exportar carne equina: três na Bahia, um em Minas Gerais e um no Rio Grande do Sul. Apesar da existência desses estabelecimentos oficiais, centenas de abatedouros clandestinos ainda operam pelo país, colocando em risco a saúde pública.
Além da carne, os frigoríficos também comercializam subprodutos dos equinos, como farinha de sangue e osso, couro e crina, aproveitando ao máximo os animais processados.
Exportação e consumo interno
O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de carne equina, com quase mil toneladas exportadas anualmente. Os principais destinos são países europeus e asiáticos, onde a carne é valorizada em restaurantes de luxo e utilizada em embutidos. No mercado interno, o consumo ainda é reduzido, mas pesquisas mostram que a carne equina é mais magra, rica em proteínas, ferro e zinco, sendo considerada uma opção nutricionalmente relevante.
No entanto, casos de fraude alimentar já chamaram atenção no país. Em Caxias do Sul (RS), em 2021, o Ministério Público descobriu que 17 restaurantes vendiam carne de cavalo misturada a hambúrgueres e outros preparos, sem informar a origem ao consumidor. O episódio levantou alertas sobre a necessidade de maior fiscalização e transparência.
Ética e polêmica sobre comer carne de cavalo
Além da legislação e do mercado, o tema também envolve uma dimensão ética. Para muitos brasileiros, o cavalo é visto como companheiro e símbolo cultural, o que torna difícil aceitá-lo como alimento. Em contrapartida, defensores da atividade alegam que o abate reduz o abandono de animais velhos ou doentes e evita problemas sanitários.
O debate permanece aberto no Congresso, com projetos que tentam proibir totalmente o abate de equinos, enquanto outros defendem a manutenção da atividade para atender ao mercado externo.
✅ A seguir veja as sete perguntas mais frequentes sobre o tema abate e carne de cavalo:
1 – É proibido o abate de cavalos?
No Brasil, não é proibido. A Portaria 365/2021 classifica os cavalos como “animais de açougue”. A única proibição é o abate em locais sem fiscalização agropecuária.
2 – É permitido vender e comer carne de cavalo no Brasil?
Sim. O que não é permitido é vender carne de cavalo como se fosse de outro animal, especialmente quando vinda de abatedouros clandestinos.
3 – Tem pessoas que comem carne de cavalo?
No Brasil, culturalmente, a maioria dos consumidores não consome. Mas em outros países, a prática é comum, e por isso o Brasil exporta grande parte de sua produção.
4 – Qual o problema de comer carne de cavalo?
Do ponto de vista nutricional, os riscos são semelhantes a outras carnes, como excesso de colesterol. O maior perigo é o consumo de carne oriunda de abates clandestinos, sem inspeção, que pode estar contaminada.
5 – Onde ficam os abatedouros de cavalo no Brasil?
Oficialmente, existem cinco com fiscalização federal: três na Bahia, um em Minas Gerais e um no Rio Grande do Sul. Contudo, o país enfrenta o problema dos abates ilegais espalhados pelo território.
6 – Qual o sabor da carne de cavalo?
Ela é descrita como mais firme, magra e adocicada do que a bovina, sendo usada em ensopados, guisados e até grelhados.
7 – Quanto custa a carne de cavalo?
No mercado interno, o preço médio gira em torno de R$ 25 por quilo, dependendo da região e do corte específico.
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