Comer menos carne não vai salvar o planeta

Propaganda anti-carne criada nos últimos anos afirma que a produção global de carne impacta diretamente no aquecimento global e todas as outras questões ambientais

De alguns anos para cá muitas pessoas começaram a afirmar que o consumo de carne, assim como seus derivados, impactam diretamente no aquecimento global e todas as outras questões ambientais e climáticas que o Planeta Terra vem passando.

Mas, será que é correto afirmar que o consumo de carne tem ligação direta com a crise ambiental? 

O livro Sacred Cow, de Robb Wolf e Diana Rogers aborda, com todas as referências bibliográficas, as três esferas do consumo de carne que são elas: a saúde humana, o impacto ambiental, e aspectos ético-filosóficos, vale a leitura.

Sobre o consumo da água, por exemplo, 94% do total necessário para produzir carne é de “água verde”, ou seja, água que vem da chuva e iria para o solo. Além do fato de que, a água consumida pelo gado é urinada e retorna para o solo.

Além da pecuária todas as demais atividades, seja de produção agrícola ou nas fábricas necessitam de água para a sua produção, até mesmo a Floresta Amazônica consome água apenas para se manter.

Sobre a alimentação bovina alega-se que os animais comem a comida que os humanos poderiam estar comendo, um exemplo para produzir 1 kg de carne e necessário 25 Kg de grãos. Mas vamos aos fatos, 90% do que se fornece para os ruminantes em peso seco são coisas que não são comestíveis por seres humanos.  

A nutrição animal é uma mistura de matérias-primas, comidas que seriam descartadas para o consumo humano ou ainda subprodutos da agricultura que deixam de virar lixo e podem ser transformados em carne por ruminantes, como exemplo a casca de amêndoas, vagens abertas de soja, espigas e caules de aveia e, subprodutos industriais como espigas de milho, sementes de algodão, restos dos grãos usados para fazer cerveja.

Carne bovina do Brasil é saudável e produzida pelos melhores pecuaristas do mundo

Em média, para cada 100Kg de comida de colheitas, 37 Kg são restos não comestíveis como folhas, caules, espiga Nos Estados Unidos, estes animais transformam 43.2 bilhões de quilos de coisas que nós não conseguimos comer e transforma isso em carne e leite.

Outra questão muito abordada é sobre a ocupação de terras pela pecuária, porém a grande maioria das terras ocupadas pela atividade são marginais e locais sem aproveitamento do solo para agricultura, por exemplo, onde os ruminantes conseguem transformar a grama em alimente, além de fornecer fertilizante para a produção de frutas e legumes, um dado interessante que é apontado é que 100% dos fertilizantes de agricultura orgânica são esterco

Gases estufa

Segundo a publicação, se todos os habitantes dos Estados Unidos  virassem vegano, haveria uma redução estimada de apenas 2,6% nas emissões de gases, se 10% virassem veganos, significaria 0,26% de redução – isso não é sequer mensurável.  

Cerca 80% das emissões de pecuária são em países em desenvolvimento, portanto seria mais interessante investir no melhoramento da eficiência da criação de animais nestes países. E, quando as pessoas sugerem substituir pecuária por lavoura, é preciso lembrar que a agricultura emite mais que a pecuária. Vamos aos dados, nos Estados Unidos a lavoura corresponde 4,7% das emissões e a pecuária 3,9%.

Segundo a obra, 18% da carne consumida no mundo vem dos EUA que produz apenas 6% do rebanho mundial, ou seja, o país é dez vezes mais eficiente na produção de laticínios do que a Índia, por exemplo.

Sobre a emissão de metano, quando medido em equivalentes de CO2, nos EUA, o metano corresponde a apenas 10% dos gases estufa; desses 10%, apenas 27% são provenientes da fermentação intestinal – os arrotos – isso significa que apenas 2,7% do total de gases de efeito estufa é proveniente de todos os animais de criação e não apenas vacas.

Fora que o metano emitido pelos bovinos vem de um ciclo natural – fotossíntese, grama, vaca, gás – fotossíntese – não é carbono novo. Muito diferente de combustíveis fósseis. Nessa comparação, se você mantém o mesmo número de vacas, não há aquecimento extra da atmosfera, diferente do que ocorre mantendo o mesmo número de automóveis, por exemplo.

Se formos comparar a emissão de metano pela pecuária com de outras atividades consegue-se analisar mais precisamente a gigantesca diferença. Apenas a geração de energia e indústria de cimento   correspondem a 80% dos gases de efeito estufa, já a pecuária fica entre 4 a 5%.

Outra grande fonte de metano é a comida desperdiçada!

De todo alimento produzido pelo mundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirma que 1/3 é desperdiçada. Segundo a FAO, que é uma das agências das Nações Unidas que lidera esforços para a erradicação da fome e combate à pobreza, se desperdício de comida fosse um país, seria o terceiro país depois da China e dos EUA em consumo de comida, apenas nos Estados Unidos o desperdício é de 40%.

Outro dado interessante – indicado no estudo – é de que 14% dos produtos de origem animal são desperdiçados – e a maior parte são as partes não comestíveis dos animais já 42% do lixo são frutas e vegetais, grãos cereais (incluindo pão) perfazem 22%, e raízes e tuberosas mais 18%, de forma que alimentos de origem vegetal correspondem a 82% dos alimentos desperdiçados. Além disso, frutas e vegetais que as pessoas não querem mais comer podem ser consumidas pelos animais e assim reaproveitadas.

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