O manejo inadequado da altura do capim e a consequente exposição do solo são os vilões silenciosos que comprometem a rentabilidade da pecuária nacional. Entenda a dinâmica do perfilhamento e como reverter esse cenário.
O Brasil possui cerca de 160 milhões de hectares de pastagens, segundo dados do MapBiomas e da Embrapa. No entanto, estudos do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG/UFG) indicam que mais de 50% dessa área apresenta algum nível de degradação. Embora muitos produtores culpem o clima ou pragas, o fator determinante para esse cenário alarmante é técnico e operacional: o erro que mais degrada pastagens está diretamente ligado ao manejo incorreto da estrutura da planta e à exposição do solo.
A unidade básica de produção de qualquer fazenda de pecuária a pasto não é o boi, mas sim o perfilho. Compreender a dinâmica dessa estrutura vegetal é o primeiro passo para corrigir falhas graves que derrubam a produtividade por hectare. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, qui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!
O erro que mais degrada pastagens: Solo exposto e baixa densidade
Para um produtor rural, olhar para o pasto e ver “terra nua” deve ser um sinal de alerta vermelho. A ocupação do solo e a densidade de plantas por metro quadrado são os indicadores vitais de um sistema produtivo.
Durante a fase de estabelecimento de uma pastagem — seja em uma reforma ou plantio novo —, a germinação rápida e o povoamento agressivo são essenciais. O objetivo é aumentar o Índice de Área Foliar (IAF), ou seja, a quantidade de centímetros quadrados de folha cobrindo cada centímetro quadrado de solo. “A porcentagem de solo exposto é, comprovadamente, um dos índices que mais derruba a produção de forragem no Brasil.”
Muitos pecuaristas acreditam que seus pastos estão bem povoados, mas análises técnicas frequentemente revelam uma porcentagem altíssima de solo descoberto entre as touceiras. Esse é, fundamentalmente, o erro que mais degrada pastagens, pois abre espaço para erosão, perda de umidade e invasão de plantas daninhas.
A dinâmica do perfilhamento
A planta forrageira possui um mecanismo de defesa e crescimento fascinante. Quando o manejo é correto, a entrada dos animais para o pastejo remove a parte aérea da planta e, crucialmente, elimina o meristema apical (o ponto de crescimento central).
Essa remoção envia um sinal hormonal para a planta ativar suas gemas basais. O resultado é o perfilhamento: a planta emite “novos filhos” para recompor rapidamente sua área foliar. É essa renovação constante que garante um pasto denso e produtivo.
No entanto, o equilíbrio é delicado. O manejo precisa respeitar a altura de entrada e saída dos animais para otimizar três fatores simultaneamente:
- A taxa de rebrota;
- O Índice de Área Foliar (IAF);
- A intensidade de perfilhamento.
Manejo da altura: A chave para evitar o erro que mais degrada pastagens
O segredo para maximizar a produção está em evitar os extremos que caracterizam o erro que mais degrada pastagens: o subpastejo (pasto passado) e o superpastejo (pasto rapado).
O perigo do pasto alto (Autodesbaste)
Em pastagens manejadas acima da altura ideal (como observado frequentemente em cultivares de Cynodon ou Brachiaria), ocorre o fenômeno do autodesbaste. O excesso de folhas superiores causa sombreamento na base da planta. Sem luz, os perfilhos basais morrem.
- Resultado: Você tem plantas maiores, mas em menor número. O pasto parece volumoso, mas é “oco” e com menor valor nutritivo.
O perigo do pasto baixo (Superpastejo)
Quando o manejo é inferior ao ideal, a planta tenta sobreviver a qualquer custo recompondo sua área foliar.
- Resultado: O número de perfilhos aumenta, mas eles nascem muito pequenos e fracos, incapazes de sustentar altas lotações ou oferecer bocado adequado ao animal.
Correção Nutricional e Estratégica
Além do manejo de altura — que é um processo “gratuito” de ajuste operacional —, a correção desse erro passa também pela nutrição do solo. Dados da Embrapa Solos apontam que a deficiência de Fósforo (P) é um limitante crítico em solos tropicais.
O fósforo é um nutriente essencial para o enraizamento e, consequentemente, para o estímulo ao perfilhamento vigoroso. A combinação de adubação fosfatada estratégica com o respeito à fisiologia da planta cria um ciclo virtuoso:
- O gado remove o tecido de crescimento.
- A planta bem nutrida ativa as gemas basais.
- Novos perfilhos cobrem o solo rapidamente.
- O solo protegido retém mais água e nutrientes.
Corrigir o erro que mais degrada pastagens exige sair do empirismo e adotar a métrica. Respeitar as alturas de manejo específicas para cada espécie forrageira não é capricho técnico, mas a única via para garantir desempenho individual (GMD) e produtividade por hectare (@/ha) sustentáveis a longo prazo.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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