Complexo gigante inicia produção de fertilizantes este mês no Brasil

O Brasil deve ganhar um incremento de 15% na produção nacional de fertilizantes fosfatados a partir de 2025; operação de um novo complexo industrial em Minas Gerais é o grande responsável

A Serra do Salitre é um município do estado Minas Gerais localizado entre o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, até metade do século passado era distrito do município de Patrocínio, maior produtor de café arábica do Brasil. A cidade está prestes a presenciar o início da operação do complexo de produção de fertilizantes da Grupo EuroChem, os trabalhos da planta começam no próximo dia 13, com a presença dos executivos da empresa.

Segundo fontes, os investimentos são na casa de R$ 5 bilhões e o complexo vai adicionar um milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano no agronegócio brasileiro, cerca de 15% da produção nacional deste insumo. Esta produção vai contribuir com a redução da dependência de importações do insumo, fortalecendo a competitividade da agricultura brasileira.

O Grupo EuroChem é um dos líderes globais do segmento de fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos, e atua no Brasil desde 2016, quando adquiriu 51% da Fertilizantes Tocantins, concretizando a aquisição total em 2020. Em 2022, o grupo adquiriu o controle acionário da Fertilizantes Heringer. São 21 fábricas, com capacidade de produção de 9 milhões de toneladas por ano. A empresa emprega cerca de 4 mil colaboradores, com a nova operação serão adicionados aproximadamente 1,2 mil novos empregos.

O projeto de mineração foi comprado em 2021 por US$ 450 milhões da norueguesa Yara Fertilizantes. A obra foi retomada em julho de 2022 pela EuroChem, que investiu cerca de US$ 500 milhões para concluir o empreendimento.

Temos uma disponibilidade restrita de minerais que permitiriam uma maior produção de fertilizantes no Brasil. São poucas as minas de fosfato que são lavráveis e poucas as de potássio facilmente exploráveis. Então o custo de capital para novas plantas é alto e temos uma dependência de importação de 85% de todos os fertilizantes”, disse o diretor-presidente da empresa na América do Sul, Gustavo Horbach, ao site Poder360.

Quando entrar em plena operação, o Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre (CMISS) produzirá desde o minério até o fertilizante pronto para o agricultor utilizar. Assim, o completo conta com uma unidade de mineração moderna, construída com avançada engenharia e licenciada seguindo todas as exigências dos órgãos ambientais responsáveis. A unidade é responsável por retirar a rocha fosfática do solo e beneficiá-la, tornando-a matéria-prima para a produção do fertilizante: o concentrado fosfático.

Capacidade de produção:

  • 1,2 Milhão de toneladas/ano de concentrado fosfático;
  • 950 mil toneladas/ano de fertilizantes granulados;
  • 1 Milhão de toneladas/ano de ácido sulfúrico;
  • 250 mil toneladas/ano de ácido fosfórico.

Importância do completo para a empresa

Quando a operação de completo estiver produzindo a 100% da sua capacidade, Serra do Salitre adicionará 1 milhão de toneladas de fosfato à atual produção anual da EuroChem de 5 milhões de toneladas, aumentando em 20% da produção da empresa. Atualmente, o Grupo possui duas minas de fosfato: a instalação Kovdorskiy GOK no norte da Rússia e a EuroChem Fertilizantes no Cazaquistão.

A EuroChem é um dos principais produtores globais de fertilizantes de nitrogênio, fosfato e potássio. O Grupo está verticalmente integrado com atividades que abrangem a mineração até a produção, logística e distribuição de fertilizantes.

A EuroChem iniciou a produção de potássio em seu site Usolskiy em 2018 e, desde então, aumentou a produção para a fase 1 com capacidade operacional de 2,3 milhões de toneladas por ano. O Grupo continua a desenvolver um segundo projeto Greenfield em VolgaKaliy, na Rússia.

Com sede em Zug, Suíça, o Grupo opera instalações de produção na Europa, Ásia e CIS, empregando mais de 27.000 pessoas. No Brasil, a empresa opera 10 fábricas próprias e terceirizadas de misturas de fertilizantes no Centro-Norte Brasileiro, tendo posição de destaque nessas regiões.

Brasil e autossuficiência dos fertilizantes

De acordo com os executivos da empresa o investimento reduzirá a dependência de importações de fertilizantes do Brasil. Também vai permitir maior atuação da empresa com fosfatados, uma vez que a maior parte da sua produção global hoje é de fertilizantes com base de nitrogênio e potássio.

Gigante na produção agropecuária em seu vasto território, o Brasil ainda caminha lentamente na produção de um dos mais importantes insumos para o setor, os fertilizantes. Atualmente, o país consome cerca de 45 milhões de toneladas por ano de fertilizantes, sendo que 85% desses são importados.

Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) mostraram o real potencial e a localização das reservas de fertilizantes que o país possui. O potencial do Brasil de reservas para fertilizantes, como o potássio, é de 1,1 bilhão de toneladas por ano até 2089. O relatório mostra onde estão as maiores reservas do país, a maioria fora do bioma Amazônia.

Fosfato e potássio são dois dos principais insumos para a agricultura que, juntamente com o nitrogênio, constituem o fertilizante NPK. A demanda desses insumos vai aumentar na próxima década, em que a produção de alimentos no Brasil deve ter um incremento de 27%, de acordo com o Ministério da Agricultura.

O cenário torna estratégicos os projetos de pesquisa voltados para os agrominerais, além das novas plantas de produção construídas pela iniciativa privada. O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), atua para que o país se torne cada vez mais independente na produção dos insumos – hoje, segundo dados da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama), 55% do fosfato e 96% do potássio são importados.

De acordo com o diretor de Geologia e Recursos Minerais, do Serviço Geológico do Brasil, Marcio Remédio, caso esses depósitos já identificados entrem em produção, o impacto para o setor agrícola e para produção de fertilizantes no Brasil pode ser imediato. “A expectativa é que, ao reduzir a importação de fertilizantes, o insumo torne-se mais barato e acessível, eliminando custos de transporte e logística”, explicou.

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