
A colheita da soja no Brasil está praticamente concluída. O progresso da colheita, até 3 de maio, atingira 97,7% do território nacional.
De acordo com o oitavo levantamento da safra de grãos 2024/25 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em 15 de maio, a estimativa de produção de soja em grão subiu 472 mil toneladas em relação ao último relatório, alcançando 168,3 milhões de toneladas.
A colheita da soja no Brasil está praticamente concluída. O progresso da colheita, até 3 de maio, atingira 97,7% do território nacional. Com isso, a produção para a safra 2024/2025 confirma a marca histórica e é a maior desde 1976. Veja a figura 1.
Figura 1.
No eixo da esquerda, a produção brasileira de soja por safra, em milhões de toneladas; no eixo da direita, a produtividade da soja no Brasil, por safra, em sacas por hectare.

O aumento ocorre, principalmente, devido à recuperação da produtividade, à expansão da área semeada, às condições climáticas favoráveis, e ao uso intensivo de técnicas nas lavouras e boas práticas agrícolas.
Quanto à demanda doméstica, estima-se que 60,7 milhões de toneladas da safra 2024/25 serão consumidas internamente ao longo de 2025, um aumento de 8,2% em relação à safra anterior. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela demanda firme do setor de processamento de soja, para a produção de óleo e farelo, além do uso crescente na alimentação animal e na indústria de biocombustíveis.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) estimou o processamento de soja na safra 2024/2025 em 57,5 milhões de toneladas, alta de 3,0% em comparação com a safra anterior.
No que diz respeito à demanda por óleo de soja para biocombustíveis, o cenário foi de aumento. Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) indicam que, entre janeiro e abril de 2025, foram utilizados 2,19 bilhões de litros de óleo de soja para a produção de biocombustíveis – um aumento de 7,8% em relação ao mesmo período de 2024.
Exportação
O cenário para a exportação do complexo soja é de firmeza, com tendência de crescimento. O Brasil, além da sua elevada capacidade de produção, tem demonstrado confiabilidade e competência no cumprimento dos contratos firmados para a venda de soja ao exterior. Esse desempenho tem se destacado especialmente em um contexto de instabilidade comercial, provocado pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a outros países, com destaque para a China. Como resultado, há uma crescente procura pela soja em grão brasileira. Além disso, observa-se um aumento na demanda por óleo e farelo de soja brasileiros
Até abril de 2025, o Brasil exportou um volume de soja superior ao registrado no mesmo período dos últimos três anos – foram 37,4 milhões de toneladas.
É esperado aumento no estoque de soja ao fim do ano safra 2024/25, que deverá atingir 2,9 milhões de toneladas, um crescimento de 289,55% em relação ao volume da safra 2023/24 – 758,2 mil toneladas. Veja a tabela 1.
Tabela 1.
Balanço de oferta e demanda de soja no Brasil, em mil toneladas. Safra Estoque Inicial Produção Importação Suprimento 2020/21 5.260,2 140.179,3 863,7 146.303,2 2021/22 126.479,6 113.130,4 419,2 138.064,3 2022/23 8.710,7 155.713,4 181,0 164.605,2 2023/24 7.136,3 147.721,1 821,0 155.678,3 2024/25 abril/25 758,2 167.869,8 500,0 169.128,0 maio/25 758,2 168.341,8 500,0 169.600,0 Safra Consumo Exportação Demanda Total Estoque Final 2020/21 49.027,8 86.109,8 135.137,6 11.165,6 2021/22 50.623,5 78.730,1 129.353,6 8.710,7 2022/23 55.599,0 101.869,9 157.468,9 7.136,3 2023/24 56.105,7 98.814,5 154.920,2 758,2 2024/25 abril/25 60.675,0 105.858,4 166.533,4 2.594,5 maio/25 60.683,4 105.962,9 166.646,3 2.953,6
A cotação da soja tem se mantido firme desde o início de 2025, sem indicativos de quedas no curto prazo, e os prêmios de exportação tem se mantido positivos. Por um lado, houve um aumento nos estoques e na produção; por outro, esse crescimento foi compensado por uma demanda externa aquecida, o que tem sustentado os preços.
Como ponto de atenção, é importante acompanhar o comportamento climático nos Estados Unidos e a postura da China nas próximas janelas de compra, fatores que podem influenciar a formação dos preços.
Influenza aviária
A confirmação da presença do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um matrizeiro de aves comerciais, anunciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 15 de maio, no município de Montenegro (RS), pode gerar impactos que vão além da avicultura. A ocorrência tem potencial para afetar os mercados de carne suína e bovina, além de influenciar a cadeia de insumos agropecuários – incluindo o farelo de soja, utilizado na alimentação animal.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), a previsão para 2025 é de que frangos de corte e poedeiras devem consumir 24,7% e 19,5%, do farelo de soja para ração, respectivamente.
Não são esperadas quedas drásticas nos preços da soja, mesmo diante de uma possível redução temporária na demanda interna para alimentação animal. Isso porque a demanda externa por farelo está aquecida. Além disso, a soja continua sendo amplamente utilizada em outros setores da economia, o que contribui para a sustentação dos preços.
Fonte: Scot Consultoria
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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