O tempo extra no confinamento pode comprometer a margem de lucro do pecuarista e transformar ganho em prejuízo. Especialistas explicam por que cada dia faz diferença.
O confinamento de bovinos é uma estratégia consolidada na pecuária de corte, mas que exige precisão na tomada de decisões. Entre os pontos mais críticos está o tempo de permanência do animal no cocho. Muitos produtores acreditam que prolongar alguns dias a terminação garante mais peso, porém, especialistas alertam: o ganho extra não compensa o custo.
Segundo o zootecnista Paulo Henrique de Figueiredo (USP/Esalq), a curva de crescimento do boi confinado segue um padrão: no início, há alta eficiência de conversão alimentar (menos ração para mais ganho). Com o passar do tempo, essa eficiência cai, e o animal passa a consumir mais para ganhar menos. Isso significa que o custo por arroba aumenta progressivamente.
Outro ponto é o impacto no giro de capital e na taxa de lotação anual. Manter o gado além do ponto ótimo reduz a quantidade de lotes terminados ao longo do ano, diminuindo a eficiência global do sistema. “Um dia a mais no cocho pode representar até R$ 3 a mais no custo da arroba, dependendo da dieta utilizada”, destaca Figueiredo.
Tabela de impacto do tempo extra no confinamento
| Dias extras | Consumo adicional (kg MS) | Ganho de peso (kg) | Custo extra na @ |
| 1 dia | 11 kg | 0,9 kg | R$ 2,50 |
| 5 dias | 55 kg | 4,2 kg | R$ 12,50 |
| 10 dias | 110 kg | 7,5 kg | R$ 25,00 |
Fonte: Esalq/USP – valores médios simulados
Para evitar prejuízos, especialistas recomendam monitorar o ganho médio diário (GMD) e calcular constantemente o ponto de abate com base no preço da arroba e no custo da dieta. Ferramentas digitais de gestão pecuária já permitem simular cenários e apontar o momento mais lucrativo para a venda.
Outro erro comum é esperar que o preço do mercado reaja durante o período de confinamento. Essa aposta é arriscada, pois, em geral, o custo adicional supera o possível aumento da arroba. O produtor deve trabalhar com estratégias de hedge ou contratos futuros, reduzindo a exposição a oscilações.
Assim, o segredo não está em manter o boi mais tempo no cocho, mas em respeitar o ponto de eficiência máxima do animal. Decisões embasadas em números são o que diferencia o confinamento lucrativo do que gera prejuízo.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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