Confira estratégia para produtores terem pasto durante a seca

Técnica de “vedação de pastagem” retira os animais de determinada área durante um período para que ela seja utilizada em momentos de estiagem.

Fornecer forragem ao rebanho na época da seca é um desafio constante para produtores rurais, pois o pasto tem seu crescimento, desenvolvimento e valor nutritivo afetados pelas condições climáticas desfavoráveis. Uma estratégia eficiente para contornar tal escassez é o diferimento de pastagem, também conhecido como “vedação de pastagem”, técnica que consiste em retirar os animais de uma determinada área de pastejo durante um período de tempo, para que a forragem produzida nessa área seja preservada e, futuramente, utilizada durante a seca.

Segundo a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), e especialista em forragicultura e pastagens, Fernanda de Kássia Gomes, a prática não é novidade, porém muitas vezes é feita sem os devidos cuidados, o que acaba gerando um pasto diferido com valor nutritivo muito abaixo de seu verdadeiro potencial. “Apesar de ser uma técnica antiga, muitos produtores ainda têm o costume de deixar pasto em excesso, formando uma macega, pois na maioria das vezes eles prezam somente pela quantidade de massa produzida. Observamos que, na realidade, essa forragem produzida é pouco nutritiva e desfavorável para o consumo dos animais. Então, nossa intenção é orientar o produtor a fazer um manejo correto para que ele tenha resultados melhores e um pasto diferido na época da seca, capaz de gerar boa produtividade animal”, argumenta a pesquisadora da Epamig Centro-Oeste.

São três os fatores principais que precisam ser levados em consideração para um diferimento de pastagem bem sucedido: a escolha da espécie forrageira; o período de início de vedação do pasto; o rebaixamento da área a ser diferida, antes da vedação.

Escolher o capim apropriado é fundamental para um bom diferimento de pastagem, devendo-se priorizar espécies que apresentem bom crescimento durante a transição entre as épocas de chuva e de seca, e que tenham porte baixo, com talos mais finos. Além disso, é preciso levar em consideração a floração do capim, pois, se ela ocorrer durante a vedação, haverá um alongamento acentuado do colmo e, com isso, diminuição do valor nutritivo. Destacam-se as seguintes opções de capim: braquiarinha, braquiarão, piatã, paiaguás, braúna, sabiá e mavuno.

Outro fator que precisa ser cuidadosamente planejado é o período de início da vedação, ou seja, a época em que a pastagem ficará sem animais, acumulando forragem para uso durante a seca. Se a área for vedada por muito tempo, o valor nutritivo e a morfologia do pasto pioram consideravelmente. Por outro lado, se a duração do diferimento for curta, a forragem acumulada será insuficiente para alimentar o rebanho durante a seca. Sugere-se que o procedimento seja iniciado cerca de 30 a 40 dias antes do fim da época de chuvas ou 30 a 40 dias antes do início do período de frio (temperaturas abaixo de 17ºC) na região.

O rebaixamento do pasto é mais um fator essencial para que o diferimento alcance seu máximo potencial. Ele é feito por meio do aumento de tempo de pastejo dos bovinos ou pela maior lotação da área, com a inserção de mais animais, para que a forragem antiga seja removida. Isso faz com que a base do capim recebe mais luz solar, estimulando a formação de novos perfilhos, que são as unidades básicas de crescimento das gramíneas. “É uma etapa que precisa ser controlada com muita atenção, pois se a área for rebaixada demais, as reservas das plantas serão consumidas em excesso e isso diminuirá a longevidade do pasto, podendo causar a degradação da pastagem no futuro”, aponta Fernanda Gomes.

Acompanhamento técnico é essencial

Segundo a pesquisadora, há ainda outros fatores que podem auxiliar no manejo do diferimento de pastagem, como adubação e suplementação, e os produtores devem procurar o auxílio de técnicos ou extensionistas quando optarem pela técnica de diferimento. “É um cálculo complexo, que vai além de variantes como ‘quantidade de piquetes’ e ‘número de animais’. Ele deve ser feito durante o planejamento forrageiro da propriedade. O produtor precisa saber, por exemplo, quanto ele produz de forragem, qual a demanda de forragem pelos animais, qual o desempenho animal esperado, o índice de chuvas para a época, quais as alternativas de alimento ele terá para oferecer, dentre outras informações. Por isso, recomendamos que ele tenha o acompanhamento técnico de um profissional durante o processo, para que o diferimento seja realizado de maneira correta”, conclui.

Fonte: Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

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