Conforto, saúde respiratória, absorção de umidade e facilidade de manejo estão entre os fatores que tornam a escolha da cama da baia um ponto-chave na criação e no manejo do seu cavalo.
No manejo de equinos, a escolha da cama da baia é uma decisão estratégica que impacta diretamente o conforto do cavalo, a saúde respiratória, a higiene do ambiente, o manejo diário e até os custos da criação. Diferente de países onde há acesso a materiais industrializados específicos, no Brasil a maior parte das camas utilizadas vem de subprodutos agroindustriais amplamente disponíveis no campo.
A diversidade climática do país, aliada às diferenças regionais de oferta e preço, faz com que não exista uma única solução ideal. O que funciona bem em um haras no Sul pode não ser viável no Centro-Oeste ou no Nordeste. Por isso, o critério técnico deve caminhar junto com a realidade local.
A seguir, veja os principais tipos de cama efetivamente utilizados no Brasil, suas vantagens, limitações e indicações práticas.
Palha: tradição ainda presente nas baias brasileiras
A palha de trigo, aveia ou arroz é uma das camas mais antigas e ainda bastante utilizada, especialmente em regiões produtoras de grãos. Oferece bom conforto térmico e maciez, além de ser facilmente aceita pelos cavalos.
O ponto de atenção está no manejo: retém umidade, suja rapidamente e exige limpeza frequente, pois o acúmulo de fezes e urina pode favorecer fungos, bactérias e mau cheiro. Em climas úmidos, o cuidado deve ser redobrado.
Maravalha e serragem de Pinus: padrão nos haras do Brasil
A maravalha, especialmente a produzida a partir de Pinus, é hoje uma das opções mais utilizadas no país. É considerada referência por oferecer ótima absorção de urina, controle de odores, conforto ao deitar e menor risco de alergias, desde que seja livre de pó fino.
A serragem muito fina, comum em madeireiras, deve ser evitada, pois gera poeira excessiva e compromete a saúde respiratória, principalmente em baias fechadas.
Areia: comum em centros de treinamento e haras
A areia é amplamente usada no Brasil por ser fácil de encontrar, relativamente barata e confortável para o cavalo. Quando bem manejada, proporciona boa drenagem e reduz odores.
Por outro lado, a limpeza é mais trabalhosa, exigindo retirada frequente das fezes e controle rigoroso da umidade para evitar infecções nos cascos e proliferação bacteriana.
Casca de arroz: alternativa regional com bom custo-benefício
Muito utilizada no Sul e em regiões orizícolas, a casca de arroz tem ganhado espaço por ser econômica, sustentável e de boa absorção. No entanto, exige atenção porque alguns cavalos tendem a ingerir o material, o que não é recomendado.
Para minimizar esse risco, muitos criadores utilizam estratégias simples de manejo, como mistura com outros materiais ou aplicação pontual de repelentes de odor desagradável.
Capim seco e feno: solução comum em propriedades rurais
Em propriedades com produção própria, o capim seco ou feno é usado como cama por ser uma opção de baixo custo e fácil acesso. Além de oferecer conforto, permite que o cavalo se alimente durante o período na baia, aumentando o tempo de mastigação e reduzindo o estresse.
O desafio está na higiene: sujam rapidamente, são difíceis de limpar e podem mofar se não forem de boa qualidade ou bem armazenados.
Estrados e tapetes de borracha: tecnologia adaptada à realidade brasileira
Os estrados de borracha vêm ganhando espaço em haras de maior tecnificação no Brasil. São antiderrapantes, duráveis, confortáveis e reduzem significativamente o consumo de material orgânico.
Como não absorvem urina, exigem lavagem diária e normalmente são usados em conjunto com uma camada fina de maravalha ou outro material absorvente.
Papel reciclado: uso pontual e ainda restrito
Embora menos comum, o papel reciclado triturado já é utilizado em algumas baias no Brasil. Apresenta boa absorção, baixo nível de poeira e perfil sustentável, mas ainda enfrenta limitações de disponibilidade e custo em algumas regiões.
Musgo de turfa (sphagnum): opção eficiente, porém restrita
O musgo de turfa, também conhecido como sphagnum, é uma alternativa pouco comum no Brasil, utilizada de forma pontual em baias específicas. Seu principal diferencial é a altíssima capacidade de absorção, que contribui para manter o ambiente seco e reduzir odores de amônia. O material também apresenta baixo nível de poeira, favorecendo a saúde respiratória de cavalos e tratadores.
Outro ponto positivo é que o esterco misturado à turfa tende a compostar com eficiência, auxiliando no manejo de resíduos. No entanto, seu uso enfrenta limitações importantes: a baixa disponibilidade e o custo elevado no mercado brasileiro, o risco de ingestão pelos cavalos e as preocupações ambientais, já que a extração ocorre em ecossistemas sensíveis e de lenta regeneração. Além disso, a turfa exige preparo prévio, geralmente com umedecimento, antes de ser aplicada na baia.
Misturas de materiais: prática comum no manejo brasileiro
Muitos criadores optam por combinar materiais, como maravalha com borracha, areia com capim seco ou casca de arroz com palha. Essa prática permite equilibrar custo, conforto e facilidade de limpeza, adaptando a cama à rotina da propriedade e ao perfil do cavalo.
O que considerar antes de escolher a cama da baia ideal para seu cavalo
Independentemente do material, alguns fatores devem sempre ser avaliados:
- Saúde respiratória do cavalo
- Tempo de permanência na baia
- Facilidade e frequência de limpeza
- Custo e disponibilidade regional
- Clima da região
No contexto brasileiro, a melhor cama não é necessariamente a mais cara ou moderna, mas sim aquela que se adapta à realidade da propriedade, garante bem-estar ao animal e permite um manejo eficiente e seguro. Uma escolha bem feita reflete diretamente na saúde, no desempenho e na longevidade dos equinos.
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