
Porcos geneticamente alterados podem ser a solução para a escassez de órgãos nos transplantes; biossegurança e inovação estão no centro das pesquisas nos EUA.
Em um cenário onde milhares de pessoas aguardam na fila de transplantes e enfrentam uma escassez crítica de órgãos, porcos geneticamente modificados emergem como uma promessa revolucionária. A Revivicor Inc., em colaboração com a United Therapeutics, lidera estudos pioneiros em xenotransplantes — transplantes de órgãos entre diferentes espécies —, abrindo caminho para um futuro onde os órgãos porcos poderão salvar vidas humanas.
Na fazenda de pesquisa localizada em Blacksburg, Virgínia, e em uma nova instalação livre de patógenos em Christiansburg, o nível de biossegurança e cuidado com os animais reflete o compromisso dessas empresas com o sucesso dos experimentos. Esses porcos são criados em condições rigorosamente controladas, recebendo água e ar purificados, além de uma dieta desinfetada, para evitar infecções que possam afetar receptores humanos.
Por trás de portões trancados, a fazenda de pesquisa em Blacksburg abriga cerca de 300 porcos geneticamente modificados. Cada celeiro é equipado com ar-condicionado, e visitantes devem passar por um rigoroso processo de higienização, que inclui trocar de roupa, desinfetar botas e lavar os veículos. “Esses são animais preciosos”, afirmou David Ayares, geneticista molecular e líder da Revivicor, que passou décadas aperfeiçoando a clonagem de porcos com alterações genéticas específicas.

O cuidado com esses animais vai além da ciência. Leitões de 3 semanas brincam com bolas enquanto ouvem músicas que os ajudam a se acostumar com a presença humana. “Você tem que dar a eles uma vida boa. Eles estão dando suas vidas por nós”, destacou Suyapa Ball, chefe de tecnologia suína da Revivicor.
O avanço nos xenotransplantes depende de alterações genéticas sofisticadas. A Revivicor já modificou até 10 genes em seus porcos, incluindo a deleção de genes que provocam rejeição imunológica em humanos e a adição de genes humanos para melhorar a compatibilidade. O processo de edição genética começa em laboratórios, onde cientistas manipulam células de pele de porco, removendo o DNA original e inserindo as modificações necessárias. Embriões criados com essas células são implantados em porcas para gerar animais geneticamente perfeitos.

Matthew VonEsch, da United Therapeutics, explica a importância da nova instalação de US$ 75 milhões construída em Christiansburg. “Projetamos este espaço para proteger os porcos contra qualquer contaminação, já que cada pessoa que entra é um risco em potencial”, disse. Esse prédio de 7.150 m² foi projetado para atender aos padrões rigorosos da FDA (Food and Drug Administration) e deverá produzir 125 órgãos de porco por ano para estudos clínicos.
Porcos são escolhidos por diversas razões: seu tamanho e fisiologia são semelhantes aos dos humanos, além de terem um período de gestação curto e serem criados em larga escala. Atualmente, os xenotransplantes já resultaram em quatro experimentos de “uso compassivo” nos EUA — dois corações e dois rins transplantados em pacientes gravemente doentes. Embora esses pacientes tenham sobrevivido por apenas alguns meses, os procedimentos ofereceram lições valiosas para futuros testes em indivíduos em melhores condições de saúde.

Os órgãos desses porcos são considerados semipersonalizados, projetados para o tamanho e necessidades de cada receptor. “Estamos criando esses porcos para atender às especificações dos receptores humanos”, observou Ayares. Ele também mencionou que cirurgiões frequentemente ficam impressionados com a qualidade dos órgãos, descrevendo-os como “os mais belos que já viram”.
Apesar dos avanços, desafios ainda persistem. O principal obstáculo é evitar a rejeição imunológica dos órgãos e garantir que os porcos não carreguem infecções desconhecidas que possam ser transmitidas aos receptores humanos. A FDA está atualmente analisando estudos em babuínos e corpos humanos doados, enquanto avalia a segurança dos xenotransplantes antes de liberar os primeiros ensaios clínicos em larga escala.

Com a nova instalação livre de patógenos em Christiansburg pronta para começar a produção em larga escala, a ciência do xenotransplante está entrando em uma nova era. Empresas como a Revivicor e a United Therapeutics estão determinadas a enfrentar os desafios éticos, biológicos e tecnológicos para oferecer uma solução à crise global de doação de órgãos.
Enquanto isso, porcos geneticamente modificados correm em celeiros de alta tecnologia, simbolizando uma esperança renovada para pacientes que aguardam um transplante. Se essas iniciativas tiverem sucesso, o futuro do transplante de órgãos poderá ser transformado, salvando milhares de vidas em todo o mundo.
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