Conheça a mega fazenda com 50.000 vacas no deserto que produz 170 milhões de litros de leite

Localizada no coração árido da Arábia Saudita, a fazenda abriga cerca de 50 mil vacas Holandesas, produz mais de 170 milhões de litros de leite por ano e reúne, em um mesmo complexo, produção de ração, manejo animal, ordenha e processamento industrial.

A Al Safi Dairy Farm, localizada na Arábia Saudita, segue consagrada como a maior fazenda leiteira integrada do mundo, título reconhecido pelo Guinness World Records em 1998 — e que permanece invicto até hoje. Com uma operação impressionante, o complexo possui aproximadamente 50.000 vacas da raça Holstein-Friesian, responsáveis pela produção anual de mais de 170 milhões de litros de leite. A fazenda ocupa cerca de 36 quilômetros quadrados e integra, em um único local, todas as etapas da cadeia produtiva: produção de ração, instalações de alojamento e ordenha, processamento inicial do leite e sistemas de distribuição.

A estrutura da Al Safi representa um modelo de gestão agrícola sistêmica, onde cada etapa é planejada para eficiência, sustentabilidade e produtividade — fator determinante para operar em um dos climas mais desafiadores do planeta, onde temperaturas externas podem atingir 55 °C.

Grande parte da área é destinada ao alojamento e conforto térmico das vacas. Os estábulos são equipados com sistemas de aspersão e resfriamento, capazes de manter a temperatura ambiente interna em torno de 27 °C, mesmo sob calor extremo. Essa adaptação é essencial para manter o bem-estar dos animais e garantir níveis de produtividade consistentes.

A ordenha é realizada em complexos paralelos de alta capacidade, com salas equipadas para ordenhar cerca de 80 vacas simultaneamente. No ritmo da fazenda, cerca de 560 animais são ordenhados a cada ciclo, garantindo fluxo contínuo para o processamento.

Fazenda Al Safi vista de cima. Foto: Google Earth

Para alimentar o rebanho de vacas no deserto, a Al Safi cultiva alfafa, capim-de-rhodes e milho para silagem em uma área irrigada de aproximadamente 10 quilômetros quadrados. O uso combinado de pivô central e gotejamento permite aproveitar de forma eficiente a água, recurso extremamente valioso no deserto.

A fazenda também opera um sistema completo de gestão de resíduos e reciclagem, incluindo:

  • Lagoas para tratamento de efluentes
  • Compostagem de esterco sólido para uso como fertilizante
  • Reaproveitamento de água tratada para irrigação

Essas práticas reduzem impactos ambientais e diminuem custos operacionais, reforçando o compromisso com a sustentabilidade.

A Al Safi foi fundada em 1981 pelo Príncipe Abdullah Al Faisal, com o objetivo de produzir alimentos frescos em uma região dependente de importações. O rebanho inicial, com cerca de 6.500 vacas no deserto, foi importado da América do Norte e da Europa.

Fazenda de Laticínios Al-Safi na Província de Riade, 1980. Foto: KSA Expats

A expansão ganhou força nos anos 1990, culminando no reconhecimento mundial em 1998. Em 2001, um marco importante: a parceria com o grupo francês Danone, resultando na Al Safi Danone, que uniu capacidade produtiva, tecnologia de processamento e estratégia de mercado.

Tecnologia de ponta

Hoje, a Al Safi está totalmente integrada à agricultura digital. Cada vaca é monitorada individualmente por sistemas de:

  • Saúde e comportamento
  • Consumo de água e ração
  • Produção de leite
  • Ciclos reprodutivos

Esses dados são processados com inteligência artificial, permitindo diagnósticos preventivos e decisões assertivas de manejo.

Além disso, a alimentação utiliza o sistema TMR (Total Mixed Ration), garantindo balanceamento nutricional preciso para cada estágio da lactação. A distribuição é feita por vagões automatizados, controlados por sistemas computadorizados.

Com sustentabilidade e inovação como pilares, a Al Safi demonstra que é possível integrar produção em larga escala, bem-estar animal e responsabilidade ambiental. A operação se mantém como um padrão de referência mundial para a pecuária leiteira, especialmente em regiões de clima extremo.

A fazenda se destaca não apenas pelo tamanho, mas pela capacidade de unir tecnologia, ciência, gestão integrada e visão estratégica. É um exemplo de como o futuro da produção de alimentos pode ser eficiente, sustentável e altamente produtivo – mesmo que tenhamos que ter vacas no deserto.

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