
Espécies silvestres como o maracujá-da-caatinga e o maracujá-pérola são essenciais para o futuro da cultura, elas apresentam alta tolerância a pragas e doenças, sendo utilizadas em programas de melhoramento genético para tornar o maracujá-azedo mais robusto e produtivo
O Brasil reafirma sua posição como líder mundial na produção e consumo de maracujá em 2025. Dados atualizados mostram que o país colheu cerca de 711 mil toneladas da fruta na safra 2023/24, gerando um valor bruto de produção superior a R$ 2,3 bilhões, segundo o IBGE e a Conab. Com a área cultivada se expandindo para mais de 96 mil hectares neste ano, a expectativa é de um novo crescimento na produção, impulsionado pelo aumento da demanda interna e pelos avanços no cultivo.
As condições naturais do território brasileiro — clima tropical, solo fértil e diversidade de biomas — favorecem o plantio da fruta em praticamente todas as regiões. Destaque especial para Bahia, Ceará, Santa Catarina, Minas Gerais e Pernambuco, que juntos respondem por mais de 70% da safra nacional.
Principais tipos de maracujá cultivados no Brasil
Maracujá-azedo (Passiflora edulis)
É a variedade mais presente nos pomares brasileiros, representando mais de 90% da produção nacional. Com polpa ácida e aroma marcante, é amplamente utilizado pela indústria de sucos, geleias e sobremesas.
Variedades em destaque:
- BRS Gigante Amarelo: frutos grandes, alto rendimento e dupla aptidão (indústria e consumo in natura);
- BRS Sol do Cerrado: versátil, com boa produtividade e sabor intenso;
- BRS Rubi do Cerrado: casca avermelhada e polpa de cor laranja vibrante, ideal para bebidas concentradas;
- FB 300: gera frutos menores, mas com excelente rendimento de polpa.
Maracujá-doce (Passiflora alata)
Com flores vermelhas vistosas e polpa adocicada, essa espécie é bastante apreciada para consumo direto. Tem ganhado destaque em mercados que valorizam frutas com sabor suave e propriedades medicinais.
Variedade recomendada:
- BRS Mel do Cerrado: desenvolvido pela Embrapa, possui casca comestível, sabor agradável e folhas com compostos funcionais.
Maracujá-pérola / “Maracujá do sono” (Passiflora setacea)
Conhecida por suas propriedades calmantes, essa variedade silvestre vem ganhando espaço por sua resistência natural e por apresentar compostos bioativos diretamente na polpa.
Utilizada tanto na alimentação quanto em fitoterápicos, é estudada como fonte de novos produtos nutracêuticos.
Maracujá-da-caatinga (Passiflora cincinnata)
Nativo do semiárido, esse maracujá se destaca pela resiliência a condições climáticas extremas e pela rusticidade. Apresenta potencial tanto para cultivo direto quanto para uso como porta-enxerto em programas de melhoramento genético.
Cultivares desenvolvidas:
- BRS Pérola do Cerrado
- BRS Sertão Forte
Ambas combinam boa produtividade com resistência a pragas e doenças.
Maracujás ornamentais
Além do uso alimentar, algumas espécies de maracujá são valorizadas por sua beleza, sendo utilizadas em paisagismo e jardinagem.
Principais cultivares ornamentais:
- BRS Rosea Púrpura
- BRS Estrela do Cerrado
- BRS Céu do Cerrado
Estas variedades produzem flores exuberantes e são indicadas para uso decorativo e ambiental.
Aproveitamento integral do maracujá
Não é apenas a polpa que tem valor. O maracujá é uma fruta multifuncional, com diferentes partes sendo aproveitadas por várias cadeias produtivas:
- Sementes: ricas em óleo, são utilizadas pelas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética.
- Casca: fonte de fibras, pectina e farinhas funcionais, também serve como suplemento na alimentação animal.
- Folhas e flores: aproveitadas na produção de fitoterápicos, chás e extratos com efeito calmante.
Cada espécie possui diferentes concentrações de compostos ativos. Por exemplo, enquanto o Passiflora setacea possui ação calmante na polpa, outras variedades concentram esse efeito nas folhas ou sementes.
Resistência natural e melhoramento genético
Espécies silvestres como o maracujá-da-caatinga e o maracujá-pérola são essenciais para o futuro da cultura. Elas apresentam alta tolerância a pragas e doenças, sendo utilizadas em programas de melhoramento genético para tornar o maracujá-azedo mais robusto e produtivo.
Essas espécies também são imunes a doenças de solo, como as causadas pelo fungo Fusarium, e, por isso, são cada vez mais usadas como porta-enxertos, garantindo maior longevidade e produtividade aos pomares.
Perspectivas para 2025 e além
Com o avanço das pesquisas da Embrapa e o desenvolvimento de novas cultivares mais produtivas e resistentes, o Brasil segue ampliando sua liderança na produção global de maracujá. A diversificação do uso da fruta e o aproveitamento de todas as suas partes agregam valor à cadeia produtiva, abrindo caminho para novos produtos e mercados.
O cenário para 2025 é promissor: aumento de área cultivada, melhoramento genético contínuo e maior valorização do maracujá não apenas como fruta, mas como insumo funcional, medicinal e ornamental.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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