Conheça as vantagens dos aditivos fitogênicos na criação de codornas

O uso de fitoterápicos na dieta de codornas de corte e de postura melhora o desempenho produtivo, a conversão alimentar, aumenta a postura e melhora a qualidade dos ovos

Vários autores* – Aves de crescimento rápido e altamente adaptáveis, a codorna (Coturnix coturnix ), possui grande potencial para atender à crescente demanda por proteína animal pela população humana em rápido crescimento e contribui imensamente para a produção global de alimentos e segurança nutricional. A coturnicultura de corte e de postura tem demonstrado alta ascensão no mercado. Inúmeros fatores são responsáveis por esse sucesso, como a evolução das características genéticas, maior disponibilidade de fornecedores de codornas de um dia, automação das granjas, manejo sanitário e nutricional (MNISI et al., 2022; NUNES, 2019).

De acordo com dados do IBGE (2022), a produção brasileira de ovos de codorna alcançou, no ano de 2021, 273,750 milhões de dúzias de ovos. A região Sudeste concentra mais da metade da produção brasileira com 184,221 milhões de dúzias em relação á quantidade total nacional, seguida das regiões Sul (40,509 milhões de dúzias), Nordeste (35,499 milhões de dúzias), Centro-Oeste (12,554 milhões de dúzias) e Norte (969 milhões de dúzias).

Os ovos de codorna são pequenos em tamanho (média de 9 g), mas contêm mais gordura, proteína, ferro, riboflavina e vitamina B12 do que os ovos de galinha. Além disso, um ovo de codorna contém o dobro da concentração de ácido docosahexaenóico (DHA) em comparação com um ovo de galinha. Além disso, a proporção de ácidos graxos n-6/n-3 na gema de codorna quase atende à proporção ideal para a saúde humana. Isso pode ser devido à maior porcentagem de gema do que a dos ovos de galinha. Assim, os ovos de codorna são recomendados para aliviar o estresse, o esgotamento físico, melhorar a visão, cuidar do rosto, da pele e do cabelo (SHOEMAKER, 2020; KATERYNYCH & PANKOVA 2020).

A carne de codorna é uma fonte de proteína de alta qualidade, ácidos graxos insaturados, minerais e vitaminas que podem ser essenciais para erradicar a desnutrição nos países em desenvolvimento. A faixa das características físicas da carne de codorna, como pH 5,3–5,6, leveza (L) 50,7–51,8, vermelhidão (a) 4,4–5,5, amarelecimento (b*) 8,7–10,2, semelhantes aos da carne de frango. Assim, a preferência do consumidor não deve ser muito afetada em relação à aparência da carne (EL SABRY et al., 2022; MARARENI & MNISI, 2020).

As codornas são sensíveis a diversos patógenos causadores de alterações importantes nos sistemas orgânicos e que influenciam diretamente na qualidade de vida e produtividade dessas aves, acarretando em perdas econômicas. No Brasil, as pesquisas para determinação das alterações patológicas ocasionadas nas enfermidades frequentes na coturnicultura, ainda são limitadas. Dessa forma, é possível perceber que a maior densidade de informações e consequentemente as doenças de maior ocorrência, é estabelecida por estudos estrangeiros, sendo necessários mais estudos voltados para a coturnicultura brasileira. Apesar das doenças, sinais clínicos, alterações anatomopatológicas da maioria das doenças serem semelhantes a outras aves de produção, como galinhas, é essencial estar atento a particularidades de cada espécie correlacionando com o ciclo produtivo, seja de ovos ou de carne (CANDIDO, 2021).

Resistência bacteriana e fitoterápicos na avicultura

Os antibióticos são contaminantes ambientais crescentes, levando a preocupações de saúde pública. Os antibióticos são comumente usados ​​como promotores de crescimento e agentes terapêuticos na alimentação de aves que não são completamente metabolizados nos tecidos do corpo, são depositados na carne ou ovos como compostos originais e, finalmente, excretados através de excrementos de aves no meio ambiente. Esses antibióticos no solo resultam na criação de resistência aos antibióticos em bactérias por meio da ativação de genes de resistência. O desenvolvimento de genes de resistência e bactérias resistentes a antibióticos leva a enormes perdas físicas e econômicas, pois essas bactérias não podem ser tratadas com antibióticos comumente usados. Além disso, esses antibióticos, após entrarem nas cadeias alimentares, afetam seriamente o sistema imunológico humano, o crescimento e o metabolismo do corpo (MUHAMMAD et al., 2020).

A Portaria n° 171, de 13 de dezembro de 2018, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), informa sobre a intenção de proibição de uso de antimicrobianos com a finalidade de aditivos que melhoram a performance de alimentos. O Brasil, que até então permitia o uso de antimicrobianos importantes para a medicina humana como promotores de crescimento em animais de produção, estabeleceu a proibição dos seguintes antimicrobianos: tilosina, lincomicina, virginiamicina, bacitracina e tiamulina (BRASIL, 2018).

A fitoterapia, também conhecida como medicina botânica, é um tipo de medicina complementar e alternativa que utiliza extratos de plantas e outras substâncias naturais para tratar diversas condições de saúde (ALAGAWANY et al., 2020). A atividade terapêutica dos fitoterápicos está relacionada aos compostos produzidos a partir dos metabolismos primário e secundário do vegetal. Tais constituintes químicos podem modular a resposta imunológica da ave e melhorar a digestão e absorção dos nutrientes, devido sua influência sob o aumento das vilosidades e diminuição das criptas intestinais (SILVA et al., 2022).

Mecanismo de ação

Os fitoterápicos podem originar um mecanismo de ação no organismo animal de enriquecimento no estímulo da digestão dos nutrientes, além de efeito antimicrobiano, atuando na microbiota intestinal e na imunomodulação (MELLOR, 2000).

Alguns compostos fitoterápicos podem desenvolver papéis importantes no bem estar animal, com efeito calmante. Essa propriedade é evidenciada por compostos a base de valeriana (Valeriana officinalis) e maracujá (Passiflora incarnata L.), resultando em menor incidência de arranhões, feridas e redução na agressividade das aves (GRAVENA et al., 2009; SILVA et al., 2010).

Em alguns estudos, a utilização de misturas de extratos vegetais piorou a conversão alimentar de poedeiras e diminuiu o peso dos ovos em codornas japonesas, o que evidencia a importância de estudos com diferentes combinações de compostos para evitar que a combinação entre eles promova efeito antagônico quando adicionados às dietas dos animais (ELDEEB et al., 2007; ELDEEB et al., 2006).

Efeitos no desempenho zootécnico

Trabalho realizado por SANTOSO et al. (2019) avaliaram a resposta imune de codornas japonesas suplementadas com extrato de folhas de mandioca sob estresse térmico concluíram que a dosagem com 168 mg do fitoterápico foi capaz de estimular a resposta imune das aves para a produção de anticorpos contra a doença de New Castle, além de diminuir o nível de estresse térmico.

Avaliando o efeito do extrato de camomila em codornas japonesas de postura TENÓRIO (2018) analisaram o desempenho produtivo e comportamento concluindo que a inclusão de 18-5g de camomila/Kg da ração reduz o comportamento de bicagem agressiva, além de manter as aves sentadas por mais tempo levando assim uma melhoria do bem-estar de codornas criadas em gaiolas e o aumento no seu desempenho de produção de ovos.

Ação na microbiota intestinal

O trato gastrintestinal (TGI) das aves possui uma microbiota natural composta por muitas espécies de bactérias, protozoários e fungos em equilíbrio entre si e com o hospedeiro. A presença dessa microbiota em equilíbrio é tão necessária quanto benéfica para o bem-estar das aves, pois o desequilíbrio, em favor das bactérias indesejáveis, pode resultar em danos para a mucosa intestinal e prejuízos na absorção dos nutrientes da ração, com consequente comprometimento no desempenho produtivo (LODDI, 2003).

RAHMAN et al. (2018) pesquisaram sobre o efeito da suplementação do extrato seco de orégano nas propriedades e morfologia intestinal de codornas japonesas, observaram que os resultados obtidos para altura das vilosidades do intestino e profundidade da cripta duodenal foi significativo para todos os grupos que receberam a suplementação desse aditivo.

Considerações finais

O uso de fitoterápicos na dieta de codornas de corte e de postura melhora o desempenho produtivo, a conversão alimentar, aumenta a postura e melhora a qualidade dos ovos. Além de possuírem ação benéfica sob o organismo do animal, como atividade antimicrobiana contra patógenos oportunistas presentes no trato intestinal, prevenindo a resistência bacteriana.

Autores do artigo*

Nathan Ferreira da Silva – Mestrando em Zootecnia – IF Goiano Campus Rio Verde
Alene Santos Souza – Mestranda em Zootecnia – IF Goiano Campus Rio Verde
Lessandro Lima – Mestrando em Zootecnia – IF Goiano Campus Rio Verde
Thálita Bianca de Paiva Cunha – Mestrando em Zootecnia – IF Goiano Campus Rio Verde
Hemylla Sousa Santos Barros – Mestrando em Zootecnia – IF Goiano Campus Rio Verde
Fabiana Ramos dos Santos – Docente do Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde

Referências bibliográficas com os autores

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