
Classificações equinas envolvem origem selvagem, aptidão funcional, temperamento e porte; conheça os principais tipos e as raças que se destacam em sela, tração e esporte.
Ao longo da história, o cavalo deixou de ser apenas um animal selvagem para se tornar companheiro inseparável do ser humano em atividades que vão da lida no campo até as competições esportivas de alto desempenho. Essa proximidade resultou em milhares de anos de seleção, cruzamentos e especializações, que originaram centenas de raças e linhagens diferentes no mundo.
Por isso, os equinos são hoje classificados com base em diversos critérios, sendo os principais: origem selvagem, aptidão funcional, características físicas, temperamento e tamanho. Mais do que um detalhe técnico, entender essas classificações é fundamental para criadores, veterinários, cavaleiros e todos os envolvidos com a equinocultura.
A diversidade entre as raças equinas é organizada em sistemas que agrupam os animais conforme suas origens e finalidades. Veja as principais formas de classificação:
Por origem selvagem
A origem das raças está relacionada aos tipos ancestrais de cavalos selvagens, como o Equus caballus occidentalis. Apesar de domesticados há milhares de anos, os cavalos modernos ainda mantêm traços genéticos herdados desses antepassados.
Por uso ou função
É a classificação mais comum. Os cavalos são divididos segundo sua finalidade principal: sela, corrida ou tração. Cada grupo reúne raças com características específicas que favorecem o desempenho em determinada atividade.
Por tamanho
Algumas raças são reconhecidas como grandes, como o Shire ou o Puro-Sangue Inglês, enquanto outras são consideradas pôneis, por seu porte reduzido (abaixo de 1,48 m na cernelha).
Por temperamento
Certas raças têm comportamento mais calmo e dócil, ideal para iniciantes e montaria recreativa, enquanto outras são naturalmente mais enérgicas e sensíveis, favorecendo esportes e trabalho técnico.
Cavalo de sangue quente ou sangue frio: o que significa?
Uma das classificações mais tradicionais no mundo equestre é a distinção entre “cavalos de sangue quente” e “cavalos de sangue frio”. Apesar do nome, não se refere à temperatura real do sangue, mas sim ao temperamento, metabolismo e uso histórico do animal.
Sangue quente
Cavalos de sangue quente são ágeis, leves, velozes e com reações rápidas. Têm metabolismo acelerado, porte atlético e costumam ser sensíveis e responsivos aos comandos. São os preferidos em esportes equestres.
Exemplos de raças de sangue quente:
- Puro-Sangue Inglês
- Quarto de Milha
- Árabe
- Hanoveriano
- Sela Francês
Sangue frio
São robustos, musculosos e calmos, com temperamento estável e força bruta. Esses cavalos são indicados para cargas pesadas, tração e trabalho de resistência, pois seu metabolismo é mais lento e sua força é superior à velocidade.
Exemplos de raças de sangue frio:
- Shire
- Clydesdale
- Percheron
- Bretão
- Belga de Tração
Cavalos de sela: conforto e versatilidade para a montaria
Os cavalos de sela são utilizados principalmente para montaria de lazer, cavalgadas, policiamento e equitação clássica. Devem ter bom andamento, docilidade, resistência e postura adequada para longas jornadas montadas.
Raças mais representativas:
- Mangalarga Marchador: Raça nacional com marcha macia, ideal para cavalgadas de longa distância.
- Lusitano: De origem portuguesa, é valorizado no adestramento clássico e na alta escola.
- Árabe: Elegante, resistente e inteligente, usado tanto em sela quanto em enduro.
- Andaluz: Muito expressivo e versátil, com destaque para a equitação artística.
- Appaloosa: De pelagem exótica e temperamento dócil, bastante usado em cavalgadas e lazer.
- Mangalarga Paulista: Mais atlético que o Marchador, é um cavalo de sela tradicional no Brasil.

Cavalos de corrida ou esporte: velocidade e desempenho técnico
Esses cavalos são criados com foco em força, velocidade e explosão, características ideais para competições esportivas como corridas, salto, adestramento, tambor, baliza, laço, enduro e completo.
Raças mais representativas:
- Puro-Sangue Inglês (PSI): Principal raça de corrida do mundo. Rápido, alto e elegante.
- Quarto de Milha: Especialista em explosão e curvas fechadas. Domina provas como três tambores, seis balizas e laço em dupla.
- Árabe: Resistente a longas distâncias, é a raça líder nas provas de enduro.
- Hanoveriano: Excelente em salto e adestramento. Popular na Europa.
- Sela Francês (Selle Français): Raça de elite em hipismo olímpico.
- Trakehner: Combina força, beleza e boa capacidade de salto.

Cavalos de tração: força bruta e rusticidade para o trabalho pesado
Esses cavalos são pesados, musculosos e resistentes, criados para puxar implementos agrícolas, carroças e cargas pesadas. Ainda hoje são comuns em feiras, exposições e culturas tradicionais.
Raças mais representativas:
- Shire: Considerado o maior cavalo do mundo, com imensa força física.
- Clydesdale: Famoso pelas “meias peludas” e pela presença marcante em desfiles e publicidade.
- Percheron: De origem francesa, é usado tanto em tração agrícola quanto urbana.
- Bretão: Utilizado no Brasil em cruzamentos para tração e lida.
- Belga de Tração: Amplamente empregado na América do Norte em trabalhos de campo.

Raças versáteis: adaptáveis a diversas funções
Algumas raças não se encaixam exclusivamente em uma única categoria e se destacam por sua versatilidade, podendo ser utilizadas tanto em sela quanto em lida, esportes e até tração leve.
Exemplos de raças versáteis:
- Cavalo Crioulo: Símbolo do gaúcho, é forte, resistente e ágil, atuando bem em provas de rédeas, laço e cavalgadas.
- Campolina: Nacional, com boa marcha e porte avantajado, utilizado em sela e lazer.
- Mangalarga (Paulista): Combina elegância com desempenho funcional para sela e algumas modalidades esportivas.
Embora o termo “raça” seja amplamente utilizado, vale lembrar que, do ponto de vista científico, a diferenciação entre raças de equinos é uma convenção baseada em padrões genéticos e funcionais definidos pelo ser humano. Cada raça tem origem, história e critérios de seleção próprios, moldados conforme as necessidades de seu tempo.
Hoje, com mais de 300 raças de cavalos espalhadas pelo mundo, essa diversidade é um patrimônio genético e cultural que sustenta não apenas setores produtivos como a agricultura e o esporte, mas também uma paixão que atravessa gerações e fronteiras.
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