Com raízes históricas profundas, o Cavalo Campeiro segue vivo graças ao pioneirismo de Ivadi Almeida e ao trabalho exemplar da Fazenda Bela Vista, guardiã da tradição gaúcha.
O Cavalo Campeiro, conhecido nacionalmente como o Marchador das Araucárias, é uma das raças mais emblemáticas do Brasil. Seu surgimento remonta às expedições espanholas do século XVI, que ao atravessarem Santa Catarina deixavam cavalos que se reproduziram livremente por mais de dois séculos, criando manadas selvagens nos planaltos catarinense, gaúcho e paranaense. Foi nas serras frias e nos terrenos acidentados dos Pinheirais do Brasil que o Campeiro desenvolveu sua resistência, sua marcha inconfundível e seu temperamento dócil, tornando-se indispensável ao trabalho dos tropeiros e à formação cultural da região.
Entre os homens que dedicaram a vida a essa raça, nenhum nome é mais simbólico do que Ivadi Coninck de Almeida (1922–2019), reconhecido como o idealizador, descobridor e grande embaixador do Cavalo Campeiro. Sua trajetória como tropeiro e criador se confunde com a própria história da raça, consolidando-o como uma das figuras mais importantes da equinocultura brasileira.
Nascido em 1922, Ivadi foi um tropeiro de longas jornadas — daqueles que conheciam cada curva, cada campo e cada araucária dos caminhos serranos. Ele não apenas conviveu com os cavalos Campeiros selvagens que ainda habitavam a região, como também foi o primeiro a enxergá-los como um patrimônio genético único, digno de ser preservado.
Dedicar-se ao Campeiro tornou-se sua missão. Durante décadas, viajou por feiras, exposições, fazendas e encontros campeiros, divulgando as qualidades da raça por todo o país. Por isso, é lembrado como o “embaixador do Cavalo Campeiro” — um homem que falava com paixão sobre o animal que sintetiza o espírito serrano.

Seu trabalho teve reconhecimento público: Ivadi recebeu o título de Cidadão Curitibanense, honraria concedida pelos serviços prestados à comunidade de Curitibanos (SC) e ao desenvolvimento da raça. Faleceu em 28 de agosto de 2019, aos 96 anos, deixando um legado monumental para a cultura equestre brasileira.
Seu nome permanece vivo em cada cavalgada, em cada pista de julgamento e em cada potro Campeiro que nasce.
Se Ivadi pavimentou o caminho da valorização da raça, criatórios como a Fazenda Bela Vista, em São Francisco de Paula (RS), ajudam a manter essa história viva e próspera.
Sob a liderança de Silvano Teixeira Junior, a Bela Vista honra a essência do gaúcho serrano, preservando a autenticidade, o trajar, as vivências e a cultura do homem antigo da serra. Mais do que criar cavalos, a fazenda cultiva identidade — e isso se reflete na qualidade dos animais que produz.

Reconhecida como um dos criatórios mais importantes da raça, a Bela Vista sempre se destacou nas pistas e nos campos, acumulando premiações nas maiores exposições do Cavalo Campeiro e produzindo exemplares de extrema relevância, como:
- Centauro da BV – referência em estrutura, funcionalidade e genética
- Arrojado da BV – garanhão admirado pela beleza racial, marcha confortável e temperamento equilibrado
Cada novo potro nascido na fazenda expressa o selo morfológico do Campeiro, com conformação típica, marcha naturalmente confortável e grande aptidão para o trabalho de campo — além de beleza e presença marcantes que encantam em qualquer campeiriada.
O Cavalo Campeiro possui características únicas que o tornaram indispensável para tropeadas, viagens longas e serviços de lida:
- Marcha picada de quatro tempos, suave e sem suspensão
- Tríplice apoio, garantindo conforto ao cavaleiro
- Resistência acima da média, ideal para longas jornadas
- Docilidade e inteligência, perfeitas para provas funcionais
- Versatilidade para laço, rédeas, balizas, tambores e cavalgadas

É comum dizer que quem monta um Campeiro entende imediatamente por que ele se tornou parte inseparável da vida serrana.
O vínculo entre o Cavalo Campeiro e os povos das serras transcende o uso utilitário. O animal está presente em festas campeiras, rodeios, tropeadas históricas e nas rotinas de trabalho das fazendas.
Sua importância foi reconhecida formalmente: o Estado do Paraná declarou o Cavalo Campeiro como patrimônio cultural e histórico. A Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campeiro (Abraccc), por sua vez, mantém o registro genealógico e atua na promoção e preservação da raça — missão que reflete exatamente o espírito deixado por Ivadi e perpetuado por criatórios como a Bela Vista.

A história do Cavalo Campeiro é uma fusão de natureza, tradição e cultura. É um cavalo que nasceu selvagem, trabalhou nas tropeadas, fez parte da formação das comunidades serranas e hoje segue firme como símbolo de resistência e identidade.
A Fazenda Bela Vista representa o futuro da raça.
Ivadi Coninck de Almeida representa sua memória.
E o Cavalo Campeiro representa a alma dos Pinheirais.
Juntos, formam um capítulo vivo da cultura dos campos sulinos — um legado que cavalga pelas gerações.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.