Recordes milionários, genética de elite e o protagonismo absoluto do Brasil. Com os bovinos mais valorizados do mundo, a pecuária atingiu um novo patamar global — e o Nelore brasileiro lidera essa história.
A pecuária mundial atravessa um momento em que genética deixou de ser apenas um diferencial produtivo e passou a representar ativos avaliados em dezenas de milhões de reais. Leilões históricos, negócios estruturados em cotas e o uso intensivo de biotecnologias reprodutivas transformaram alguns bovinos em verdadeiros patrimônios genéticos globais. Conheça os bovinos mais valorizados do mundo, com Nelore no topo do ranking.
Nos últimos anos, esse movimento ganhou um protagonista claro: o Brasil. Animais da raça Nelore não apenas passaram a figurar entre os mais caros do mundo, como assumiram definitivamente o topo do ranking, superando marcas históricas da pecuária norte-americana e europeia. A consolidação desse cenário veio com um novo recorde absoluto, registrado em 2025, que reposicionou o ranking mundial dos bovinos mais valorizados da história.
O novo marco global: Donna redefine o topo do ranking
O mercado internacional de genética bovina foi surpreendido com a valorização da vaca Nelore Donna FIV CIAV, que atingiu R$ 54 milhões, tornando-se o bovino mais caro do mundo. O recorde foi consolidado durante o Leilão Cataratas Collection, realizado em Foz do Iguaçu (PR), marcando um divisor de águas na história da pecuária de elite .
O valor dobrou o recorde anterior da raça, que pertencia à Parla FIV AJJ, avaliada em R$ 27 milhões, e reposicionou definitivamente o Brasil no topo do mercado global de genética.
Donna é filha de Parla FIV AJJ com o touro Bin Ben da Santa Nice, combinação que reforça o peso estratégico de sua linhagem. Aos 10 anos, a matriz acumula conquistas expressivas, incluindo o título de Melhor Matriz do Ranking Nacional Nelore 2023/2024, com a maior pontuação em exposições oficiais da Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).
O negócio envolveu a venda de 25% de participação no animal por R$ 13,5 milhões, consolidando um modelo cada vez mais comum no setor: a genética como ativo compartilhado e altamente rentável, com múltiplos investidores estratégicos.
Ranking atualizado dos bovinos mais caros do mundo
1º lugar – Donna FIV CIAV
- Raça: Nelore
- País: Brasil
- Valor: R$ 54 milhões (2025)
Donna ocupa o topo absoluto do ranking mundial. Seu valor reflete genética comprovada, histórico competitivo, estratégia comercial e enorme potencial reprodutivo, especialmente via FIV. O recorde coloca o Nelore brasileiro em um patamar inédito na pecuária global.
2º lugar – Carina FIV do Kado
- Raça: Nelore
- País: Brasil
- Valor: R$ 24 milhões
Reconhecida internacionalmente, Carina entrou para a história como o bovino mais caro já vendido individualmente em leilão registrado, título validado pelo Guinness World Records. Jovem, campeã e totalmente direcionada à reprodução de elite, tornou-se símbolo da nova fase da genética Nelore.
3º lugar – Viatina-19 FIV da Mara Móveis
- Raça: Nelore
- País: Brasil
- Valor: R$ 21,5 milhões
Viatina-19 foi, por um período, o maior símbolo da valorização da genética brasileira no mundo. Com peso excepcional, conformação racial marcante e grande apelo comercial, tornou-se referência global até ser superada pelos novos recordes nacionais.
4º lugar – Missy (Eastside Lewisdale Gold Missy)
- Raça: Holstein
- País: Canadá
- Valor: US$ 1,2 milhão
Missy permanece como a vaca leiteira mais valiosa da história, referência absoluta em produção e genética para laticínios. Seu recorde marcou a pecuária leiteira mundial e abriu caminho para a valorização extrema de matrizes de alto desempenho.
5º lugar – Belissimo
- Raça: Nelore
- País: Brasil
- Valor: US$ 1,1 milhão
Belissimo foi um dos pioneiros na escalada dos valores do Nelore, tornando-se um dos primeiros animais da raça a ultrapassar a marca de US$ 1 milhão. Seu impacto ajudou a pavimentar o caminho para os recordes atuais.
6º lugar – Travistoc e Caesaaars Right Stuff (empate)
- Raças: Chianina e Limousin
- País: Estados Unidos
- Valor: US$ 1,1 milhão cada (vendidos em 2010)
O sexto lugar do ranking é ocupado por dois touros norte-americanos que se tornaram referências mundiais em programas de cruzamento industrial voltados à produção de carne. Travistoc, da raça Chianina, e Caesaaars Right Stuff, da raça Limousin, ganharam notoriedade pelo porte físico excepcional, elevada musculatura e expressivo impacto na qualidade de carcaça.
Ambos foram amplamente utilizados em programas de melhoramento genético nos Estados Unidos, influenciando gerações de animais focados em eficiência produtiva, ganho de peso e padronização de carne, consolidando seu valor histórico dentro da pecuária de corte internacional.
Por que o Nelore domina o topo do ranking?
Os números refletem uma realidade estrutural da pecuária brasileira. O Nelore representa cerca de 80% do rebanho nacional, dentro de um país que abriga o maior rebanho comercial de bovinos do mundo. Mas o domínio no ranking vai além da quantidade.
O Nelore reúne características estratégicas que explicam sua valorização extrema:
- Adaptação climática incomparável
- Rusticidade e eficiência produtiva
- Alto ganho de peso e fertilidade
- Genética amplamente testada e rastreada
- Uso intensivo de biotecnologias reprodutivas (FIV e TE)
Esses fatores transformaram o Nelore brasileiro em referência global de genética tropical, com demanda crescente dentro e fora do país.
Genética como ativo financeiro
Os recordes recentes deixam claro que esses bovinos não são apenas animais, mas ativos genéticos capazes de gerar retorno por gerações. A entrada de investidores, a fragmentação de cotas e a profissionalização da gestão mostram que a pecuária de elite opera, cada vez mais, sob a lógica de grandes negócios.
Com Donna, Carina e Viatina-19, o Brasil não apenas domina o ranking — define os novos limites de valor da genética bovina mundial.
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