Levantamento da FF Velloso & Dimas Rocha em parceria com a DBO mostra avanço da genética taurina e inclusão inédita de touros de centrais; Brangus e Angus dominam o mercado nacional de reprodutores
O tradicional Ranking Top 50 dos Maiores Vendedores de Touros Taurinos do Brasil, publicado pela revista DBO e realizado pela Assessoria Agropecuária FF Velloso & Dimas Rocha, chega à sua 10ª edição em 2025 com números históricos e uma novidade que promete transformar o acompanhamento do setor: o levantamento inédito dos novos touros de centrais de inseminação.
Desde sua criação, em 2015, o estudo já ultrapassou a marca de 58 mil touros vendidos, consolidando-se como o principal termômetro do desempenho das fazendas taurinas do País. Só em 2024, os 50 maiores vendedores comercializaram 5.384 reprodutores, com destaque para o alto nível genético e a profissionalização dos criatórios.
GAP, Senepol da Grama e Pitangueira lideram as vendas
Os cinco maiores players do ranking — GAP, Senepol da Grama, Pitangueira, VPJ e Cia Azul — venderam juntos 1.757 reprodutores em 2024, o que representa 33% do total ranqueado. Além do volume expressivo de negócios, as fazendas também têm papel de destaque na genética nacional: 22 touros produzidos por esses criatórios ingressaram em centrais de coleta no último ano, representando 19,6% dos 112 novos doadores listados.
Para Fernando Furtado Velloso, idealizador da pesquisa e diretor comercial da CRIO Central Genética Bovina, o resultado reflete a maturidade do setor. “Algumas fazendas são altamente tecnificadas e vendem menos touros, pois focam em qualidade genética e em diversificar atividades. O importante é que o mercado reconhece o valor dessas marcas tradicionais, que hoje têm peso comparável aos grandes nomes da genética mundial”, explica.

Angus e Brangus dominam o mercado de inseminação
A nova lista de reprodutores em centrais reforça a liderança das raças Angus e Brangus, que juntas representam 58% do mercado taurino de inseminação artificial. Em seguida, vem a Braford, com 15% de participação.
Entre as empresas de genética, a Alta Genetics lidera com 37% dos touros taurinos contratados, seguida pela CRV Lagoa (18%), e por Genex e Renascer Tecnologia, ambas com cerca de 10%. Ao todo, 14 empresas enviaram dados para o levantamento, ampliando a transparência sobre o destino dos principais reprodutores do país.

Negócio “touro de central” valoriza patrimônio genético
Segundo Velloso, muitos criadores têm optado por vender parte ou totalidade dos reprodutores às centrais, antecipando ganhos e reduzindo riscos. “Hoje, o mercado vê o ‘touro de central’ como um ativo de alto valor, capaz de alavancar o nome do criatório e agregar diferenciação nos leilões”, afirma o consultor.
Essa tendência tem ampliado a presença das fazendas Top 50 nas grandes centrais de inseminação e estimulado o uso de tecnologias como genômica e identificação precoce de indivíduos superiores. Mais de 90% dos rebanhos avaliados estão ligados a programas de melhoramento como Promebo, Natura, Pampa Plus, Delta G e Geneplus, e muitos participam de mais de um sistema.
Profissionalização e sucessão garantem continuidade
A pesquisa também evidencia que os maiores vendedores de touros taurinos são projetos de longa trajetória, com muitas propriedades ultrapassando 50 ou até 100 anos de atividade. A sucessão familiar é apontada como um dos principais fatores de sucesso e continuidade.
“O comprador valoriza a tradição e a consistência do criador. É o que chamamos de seller factor — o fator vendedor —, uma variável importante na formação de preços e na confiança do mercado”, explica Velloso.
Virada de ciclo e otimismo para 2025
Após dois anos de retração, o mercado de touros taurinos começa a reagir. O estudo indica que o novo ciclo pecuário deve impulsionar as vendas já na temporada de primavera de 2025, favorecido pela recuperação do preço do bezerro desmamado, que subiu de R$ 10/kg em 2024 para R$ 14/kg nas praças gaúchas.
Entre agosto e novembro, o Sindiler prevê 243 leilões em 37 municípios do Rio Grande do Sul, sendo 115 dedicados à venda de bovinos. “Podemos dizer, seguramente, que 2024 foi o último ano de baixa do ciclo pecuário. O cenário é de retomada e valorização da genética”, destaca Velloso.


1º GAP Genética – A força das raças gaúchas
Líder invicta desde a primeira edição do ranking, a GAP Genética, de Eduardo Macedo Linhares, segue no topo com 537 touros vendidos em 2024. Com sede em Uruguaiana (RS) e sucursal no Mato Grosso, o criatório é referência nas raças Angus, Brangus, Hereford e Braford, produzindo apenas 30% dos machos nascidos em seu plantel de 6 mil matrizes. Reconhecida pela pressão de seleção e fidelização de clientes, a GAP mantém um dos programas de genética mais consistentes do país. 
2º Senepol da Grama – Tecnologia e seleção de ponta
Em Pirajuí (SP), a Senepol da Grama confirma a vice-liderança com 360 touros vendidos em 2024. Pioneira na raça no Brasil, a fazenda alia FIV, avaliação de eficiência alimentar e programas genéticos como Topázio e Safira para produzir animais precoces, férteis e adaptados aos trópicos. O criatório é referência na seleção de doadoras e reprodutores superiores, atendendo à crescente demanda por touros Senepol para cruzamento industrial.

3º Pitangueira – Tradição e inovação no Braford brasileiro
Com quase 50 anos de história, a Cabanha Pitangueira, de Itaqui (RS), mantém a liderança absoluta na raça Braford e sobe ao 3º lugar geral no Top 50. Sob comando de Clarissa Lopes, o criatório comercializa 300 a 400 reprodutores por safra e se destaca pelo uso de canais digitais, que hoje respondem por mais da metade das vendas. A Pitangueira segue como sinônimo de tradição e modernidade na genética taurina nacional. 
4º VPJ – Genética voltada à carne de qualidade
A VPJ Pecuária, de Valdomiro Poliselli Júnior, mantém foco na integração entre genética e indústria da carne premium, fornecendo sêmen e touros Angus, Brangus e Ultrablack para programas de cruzamento. É o criatório com maior número de touros em coleta nas centrais e aposta na FIV para ampliar a produção. Com forte atuação em Goiás, a VPJ alia desempenho de campo e qualidade de carcaça em seus reprodutores.

5º Cia Azul – Centenária e líder em Angus
Com mais de 100 anos de seleção, a Cia Azul, de Quaraí (RS), retorna ao Top 5 com 254 touros vendidos, sendo 117 da raça Angus, a maior marca nacional. O criatório utiliza tecnologias como genômica e ultrassonografia de carcaça, integrando programas como Promebo, Natura e Delta G. Parceira do Programa Carne Angus Certificada, a fazenda é reconhecida por produzir animais rústicos, férteis e com carcaças de alto padrão industrial.
Raças líderes e expansão geográfica
No pódio das raças, a liderança segue consolidada: Brangus, Braford, Angus e Hereford representam 71% do total de touros vendidos (3.803 animais). O Senepol vem ganhando espaço e já responde por 12% das vendas, praticamente igual à Angus.
Raças como Charolês e o composto Montana também mostram crescimento, ajudando a expandir o Top 50 para o Sudeste e Centro-Oeste, regiões que vêm se destacando na comercialização de genética taurina. 
Entre os destaques do Top 50 Taurinos 2025, o Canchim ILMA reafirma seu protagonismo nacional ao figurar na 18ª posição do ranking dos maiores vendedores de touros taurinos do Brasil, com quase 100 reprodutores comercializados no último ano. O resultado consolida o criatório como uma das principais referências da raça Canchim, que ganha cada vez mais espaço no mercado pela eficiência produtiva, rusticidade e qualidade de carcaça.
A presença do ILMA entre os líderes do país reforça o papel da raça Canchim como uma alternativa estratégica para sistemas de cruzamento industrial, combinando desempenho zebuíno e qualidade de carne europeia. Com genética reconhecida e seleção criteriosa, o criatório vem contribuindo para difundir a raça em diferentes regiões do Brasil, levando ao campo touros de alto valor genético e adaptabilidade — um exemplo de consistência e evolução dentro do cenário taurino nacional.
Com 14 raças participantes e um volume crescente de negócios, o Top 50 Taurinos 2025 confirma que a pecuária de corte brasileira vive uma fase de profissionalização e valorização genética sem precedentes. A combinação de tecnologia, tradição e gestão eficiente posiciona o Brasil entre os grandes polos mundiais de produção de reprodutores taurinos.
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