Consumo mundial de proteína animal – perspectivas e atitudes

A população mundial está em crescimento e o consumo de proteína animal é eminente, já que a carne é uma das principais fontes. Quais as perspectivas para esse cenário?

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2024 a população mundial ultrapassará a marca dos 8 bilhões de pessoas, serão 400 milhões de pessoas (o Brasil tem 209 milhões de pessoas) a mais para alimentar. 

Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), o desafio é grande, pois, uma em cada nove pessoas no mundo não possuei acesso a comida para levar uma vida saudável. 

Produção atual

A produção mundial de carnes aumentou nas últimas décadas, principalmente a originada de aves e suínos. Especialmente devido à expansão territorial da produção e ao aumento da produtividade.

Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os principais produtores mundiais de carne são os Estados Unidos, a União Europeia, a China e o Brasil.

O Brasil, é o segundo produtor mundial de carne bovina e de frango e o quarto produtor de carne suína.

Figura 1. Evolução da produção mundial de carne bovina, suína e de frango.

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Fonte: USDA / Elaboração: Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Segundo a FAO, o consumo mundial aumentará 1,4% ao ano até 2024 e isso demandará um incremento de produção de 3,8% no período, para atender a essa demanda.

Esse aumento do consumo é projetado não somente devido ao aumento da população mundial, mas também devido ao aumento da renda da população, principalmente em países em desenvolvimento, o que faz com que as pessoas busquem alternativas melhores para a alimentação.

Fato que pode ser observado nas projeções de consumo per capita, que variam de um aumento de 1,3% em países desenvolvidos, até 2,8% em países em desenvolvimento, de 2018 até 2024 (FAO).  

Limitações e desafios

A terra é fundamental para a produção de alimentos e o maior limitante. Nas últimas décadas, o aumento da produção agrícola baseou-se na expansão territorial.

Entretanto, essa expansão está limitada em função da preocupação com a manutenção de florestas nativas. 

A área que existe para expansão agrícola está concentrada em poucos países (FAO). 

A Ásia já utilizou 80% das terras aráveis potenciais e os Estados Unidos só têm espaço para crescer através de reduzidos ganhos em produtividade ou a produção de determinada commodity em detrimento de outra. 

No Sul da Ásia, Ásia Ocidental e África do Norte não há reservas de terras agricultáveis.

Nesse contexto, cerca de 90% das terras potenciais para expansão agropecuária estão na América Latina e na África Subsaariana, com metade dela concentrada em apenas sete países – Brasil, República Democrática do Congo, Angola, Sudão, Argentina, Colômbia e Bolívia. 

As nações terão que contar com o aumento de produtividade para atender a essa demanda, que, de acordo com a FAO, devido ao modelo tecnológico atual estar esgotado, na última década, as taxas de crescimento da produtividade caíram em relação às principais lavouras.

Há também o aquecimento global interferindo na agricultura e, de acordo com Cordell et al. (2009), a agricultura moderna depende de fósforo de rocha, que é um recurso não renovável, e as reservas legais, podem se esgotar em 50 a 100 anos.

Brasil

É evidente que o papel do Brasil no aumento da produção mundial de alimentos é fundamental. Mas para isso acontecer será necessário um aumento de área e do rebanho nacional.

Até 2024 a pecuária de corte demandará mais 8,2 milhões de hectares, considerando as produtividades vigentes hoje (Saath e Fachinello, 2016).

Novas técnicas e tecnologias precisarão ser implementadas para melhor aproveitamento das terras ocupadas pela atividade, como integração-lavoura-pecuária e melhores cuidados com as pastagens e solos para aumentar a taxa de lotação.

Também será necessário a expansão da produção de grãos, principalmente milho e soja que são os principais ingredientes da dieta de bovinos, aves e suínos. Até 2024 é esperado um aumento da utilização de terras de 1,5% ao ano para produção de grãos em geral (FAO, 2015).

A expectativa de produtividade também é de aumento, tendo um acréscimo de 2,5% ao ano para a soja, que continuará sendo o principal produto agrícola para o Brasil, enquanto que para o milho é projetado um crescimento de 1,4% ao ano até 2024 (FAO, 2015).

Para aves, é esperado um crescimento de 22% até 2024 e a participação do Brasil nesse mercado aumentará para 31%. Para suínos, o crescimento projetado para o período será de 24%, e para bovinos, 16% (FAO, 2015).

Por fim, é preciso intensificar a produção consciente. Assim como não podemos definir um país rico, que possui a maior parte da sua população sem condições mínimas para viver como desenvolvido, não podemos chamar de intensificação o sistema produtivo não sustentável.

https://www.comprerural.com/carne-de-bufalo-ganha-mercado-e-vira-ate-hamburguer/

Referências bibliográficas

Banco de dados FAO.
Banco de dados ONU.
Banco de dados USDA.
CORDELL, D., DRANGERT, J-O. e WHITE, S. The story of phosphorus: global food security and food for thought. Global Environmental Change, v. 19, n. 2, p. 292-305, 2009.
SAATH, K., FANCHINELLO, A., Crescimento da Demanda Mundial de Alimentos e Restrições do Fator Terra no Brasil. RESR, Piracicaba-SP, Vol. 56, Nº 02, p. 195-212, Abr./Jun. 2018.

Fonte: Scot Consultoria

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