COP30: Embrapa lança mapas de risco climático para a produção de alface no Brasil

Os mapas foram lançados no dia 16 de novembro, às 16h30, na AgriZone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP30.

Plantar alface em campo aberto no Brasil poderá se tornar um grande desafio nas próximas décadas. Essa é a principal conclusão dos mapas de risco climático para a produção de alface no país, elaborados por pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF), com base em projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e em modelos utilizados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Os mapas foram lançados no dia 16 de novembro, às 16h30, na AgriZone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA). Eles revelam que, até o fim do século, quase todo o território brasileiro apresentará risco alto ou muito alto para o cultivo da hortaliça mais consumida pelos brasileiros.

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Os mapas são ativos cartográficos elaborados com base em dois cenários climáticos: um otimista, com controle parcial das emissões de gases de efeito estufa, e outro pessimista, em que as emissões seguem crescendo até 2100. As temperaturas máximas projetadas para o verão, que podem ultrapassar 40°C em boa parte do país, indicam condições cada vez mais desfavoráveis ao cultivo tradicional da alface — uma hortaliça que exige clima ameno para o seu pleno desenvolvimento. O calor extremo pode provocar florescimento precoce, queima das folhas e morte das plantas, comprometendo a produtividade e a qualidade.

Segundo o engenheiro-ambiental Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador da Embrapa Hortaliças, os mapas de risco climático oferecem uma ferramenta estratégica para antecipar impactos e orientar ações de pesquisa e adaptação dos sistemas produtivos. “Compreender como as mudanças climáticas podem afetar a produção de alface em um país tropical como o Brasil é essencial para garantir segurança alimentar e reduzir prejuízos futuros. Os dados evidenciam a urgência de repensar os sistemas produtivos das hortaliças, especialmente nas estações mais críticas”, destaca o pesquisador.

As projeções indicam que, mesmo no cenário mais otimista, cerca de 97% do território nacional apresentará risco climático alto ou muito alto para o cultivo da alface até o final do século. Para enfrentar esse panorama, a Embrapa tem intensificado pesquisas em duas frentes principais:

– o melhoramento genético de cultivares mais tolerantes ao calor, como as alfaces BRS Mediterrânea e BRS Leila;

– e o desenvolvimento de sistemas produtivos sustentáveis e adaptados ao clima, como o plantio direto de hortaliças, a compostagem e o uso de ambientes protegidos.

Essas estratégias visam garantir a sustentabilidade e a continuidade da produção diante dos efeitos das mudanças climáticas.

Os mapas de risco climático integram um estudo de vanguarda sobre inteligência climática aplicada às hortaliças e estão disponíveis na Geoinfo, plataforma de gestão da informação geoespacial da Embrapa.

De acordo com o pesquisador, é preciso observar esses mapas como ferramentas estratégicas para o delineamento de novas pesquisas e políticas públicas em resposta à crise climática. Além disso, o material pode subsidiar a tomada de decisão de técnicos e produtores sobre melhores regiões e épocas de plantio; apoiar órgãos governamentais na elaboração de políticas públicas; e auxiliar instituições financeiras na avaliação de riscos da produção no crédito agrícola.

Fonte: Embrapa

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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