Correios prevê fechar mil agências e 15 mil demissões voluntárias

Correios anunciam reestruturação com fechamento de 16% das agências, PDVs, cortes de gastos e estudo para abertura de capital a partir de 2027.

Com o objetivo de reduzir os déficits registrados desde 2022, os Correios divulgaram nesta segunda-feira (29) um plano de reestruturação da companhia com previsão de fechar 16% das agências da estatal, o que representa cerca de mil das 6 mil unidades próprias em todo o país.

A estatal espera economizar R$ 2,1 bilhões com o fechamento de unidades. Considerando outros pontos de atendimento realizados por parceria, são 10 mil unidades que prestam serviços para os Correios no Brasil. Como a empresa pública tem a obrigação de cobrir todo o território nacional, o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, destacou que o fechamento dessas agências será realizado sem violar o princípio da universalização do serviço postal.

“A gente vai fazer a ponderação entre resultado financeiro das agências e o cumprimento da universalização para a gente não ferir a universalização ao fecharmos pontos de venda da empresa”, explicou o presidente dos Correios em coletiva de imprensa, em Brasília (DF).

Demissão Voluntária

O plano dos Correios prevê ainda cortes de despesas da ordem de R$ 5 bilhões até 2028, com venda de imóveis e dois planos de demissão voluntária (PDVs) previstos para reduzir o número de funcionários em 15 mil até 2027.

“A gente tem 90% das despesas com perfil de despesa fixa, o que gera uma rigidez para a gente fazer alguma correção de rota quando a dinâmica de mercado assim exige”, disse.

O plano de reestruturação era esperado devido aos sucessivos resultados negativos acumulados desde 2022, com um déficit estrutural de R$ 4 bilhões anuais, atribuído ao cumprimento da regra de universalização, segundo justificou o presidente Rondon.

Neste 2025, a estatal registra saldo negativo de R$ 6 bilhões nos nove primeiros meses do ano e está com patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões.

Empréstimo e abertura de capital

A companhia informou ainda que tomou um empréstimo de R$ 12 bilhões com bancos para reforçar o caixa, assinado na última sexta-feira (26). Porém, a direção dos Correios ainda busca outros R$ 8 bilhões necessários para equilibrar as contas em 2026.

A estatal estuda ainda, a partir de 2027, uma mudança societária, avaliando a possibilidade de abrir o capital e se tornar uma companhia de economia mista, nos moldes de Petrobras e Banco do Brasil.

Corte de pessoal e benefícios

O plano prevê medidas entre 2026 e 2027, incluindo os PDVs, sendo um no próximo ano e outro em 2027.

Outros alvos são os planos de saúde e de previdência dos servidores, que devem sofrer cortes nos aportes feitos pela estatal.

“O plano [de saúde] precisa ser completamente revisto, pois hoje tem boa cobertura, mas é financeiramente insustentável para a empresa”, justificou o presidente.

Com as demissões voluntárias e os cortes de benefícios, os Correios esperam reduzir as despesas com pessoal em R$ 2,1 bilhões anuais. Além disso, o plano estima vender imóveis para gerar R$ 1,5 bilhão em receita.

“Esse plano vai além da recuperação financeira. Ele reafirma os Correios como um ativo estratégico do Estado brasileiro, essencial para integrar o território nacional e garantir acesso igualitário a serviços logísticos, especialmente onde ninguém mais chega”, concluiu o presidente.

Crise no setor postal

Os Correios enfrentam uma crise financeira desde 2016, motivada pelas mudanças no mercado postal com a digitalização das comunicações, que reduziram a principal fonte de receita da estatal.

A empresa também aponta a entrada de novos competidores no comércio eletrônico como fator relevante para a crise.

“É uma dinâmica que aconteceu no mundo inteiro. Algumas empresas conseguiram se adaptar, mas várias ainda registram prejuízos”, afirmou Emmanoel, citando o caso da United States Postal Service (USPS), que reporta prejuízo de cerca de US$ 9 bilhões.

VEJA MAIS:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM