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Crise na suinocultura afeta também cooperativas e agroindústrias

“A elevação do custo de produção afeta diretamente a cooperativa que, mesmo tendo abate próprio, não consegue repassar os custos para o mercado consumidor” diz diretor da Languiru.

A crise da suinocultura brasileira que tem provocado protestos dos produtores independentes na região sul do país também também afeta o faturamento das cooperativas e agroindústrias que são abastecidas pelos animais criados por seus produtores integrados. No modelo verticalizado, cooperativas e agroindústrias fornecem os leitões e assumem todo o custo de produção, que inclui a ração, medicamentos, assistência técnica e transporte.

“A elevação do custo de produção afeta diretamente a cooperativa que, mesmo tendo abate próprio, não consegue repassar os custos para o mercado consumidor”, diz Décio Erri Leonhardt, gerente de suínos da Cooperativa Languiru, uma das maiores do Rio Grande do Sul, que possui 280 propriedades integradas e abate 1.700 suínos por dia.

O diretor diz que a cooperativa não compra suínos no mercado e só abate animais de seus produtores integrados, mas há muita oferta de suínos pelo crescimento da produção e dificuldade de escoamento. Cerca de 15% da produção da Languiru vai para o mercado externo.

Na última quarta-feira, 30 de março, a cooperativa gaúcha anunciou em assembleia um faturamento recorde de R$ 2,27 bilhões no ano passado, mas, desta vez, não distribuiu sobras para os associados “devido às dificuldades impostas pela pandemia, estiagem e alto custo de produção”. Segundo o balanço apresentado, o custo com farelo de soja e milho subiu 44% no ano. O segmento de suínos representou 22,38% do faturamento, sendo ultrapassado apenas pela avicultura (28,68%).

Juliana Ferraz, analista do setor de suínos do Cepea, concorda que a crise da suinocultura afeta toda a cadeia, mas diz que o efeito é menor sobre cooperativas e indústrias porque, diferentemente do produtor independente, elas compram insumos em larga escala e ainda têm a vantagem de receber pelas exportações com câmbio valorizado, embora haja uma tendência de queda da moeda neste ano.

O suinocultor integrado é menos afetado que o independente pela queda dos preços da carne porque recebe um valor fixo por animal que cria e devolve para o abate. O independente, além de bancar todos os custos, depende da variação de preços na hora de entregar o animal nos frigoríficos. Na região sul, a diferença atual entre o custo para produzir um quilo e o valor recebido na indústria, segundo as entidades de suinocultores, chega a R$ 3,30.

“O produtor independente está operando com margens negativas há mais de um ano e não tem saída”, diz Juliana, do Cepea. “O produtor integrado sobrevive, mas não consegue investir”, resume Jacir José Dariva, presidente da Associação Paranaense de Suínos.

Cerca de 70% da produção anual de suínos, que atingiu 4,8 milhões de toneladas em 2021 (aumento de 8% em relação a 2020), fica no mercado interno. O consumo per capita subiu de 17,6 kg em 2020 para 18,7 kg no ano passado, segundo estimativas da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).

Fonte: Globo Rural

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