Entenda como a permanência da placenta no útero desencadeia uma reação em cadeia capaz de comprometer a lactação e a vida reprodutiva da matriz
No ciclo pecuário, o momento do nascimento do bezerro é frequentemente celebrado, mas o sucesso da operação só se confirma horas depois, com a limpeza completa do útero da matriz. Quando essa etapa falha, o produtor enfrenta a retenção de placenta, um distúrbio que atua como uma “bomba-relógio” na saúde do animal. Mais do que um problema fisiológico, essa condição representa um gargalo financeiro, abrindo portas para metrites, queda na lactação e atrasos severos na reconcepção.
Para o pecuarista que visa alta performance, compreender a dinâmica por trás da retenção de placenta não é apenas uma questão técnica, mas uma estratégia de defesa do patrimônio. Siga a leitura e acompanhe o Compre Rural, qui você encontra informação de qualidade para fortalecer o campo!
Definição técnica e janela de tempo
O processo de “limpeza” natural da vaca depende de uma sintonia fina entre o descolamento dos placentomas (as conexões entre a bolsa fetal e o útero) e as contrações musculares para expeli-los.
Na cronologia padrão, esse evento deve ser concluído entre 8 e 12 horas após a parição. O diagnóstico clínico de retenção de placenta é fechado quando os anexos fetais permanecem presos ao trato reprodutivo por mais de 24 horas. A partir desse ponto, o tecido morto torna-se um meio de cultura para bactérias, desencadeando infecções que podem comprometer toda a carreira produtiva da fêmea.
O que desencadeia o problema?
A falha na expulsão raramente tem uma causa única. Ela é o resultado de uma soma de erros acumulados, muitas vezes imperceptíveis, durante a gestação. Os principais vilões incluem:
1. Desequilíbrio no Escore Corporal (ECC)
O peso da vaca ao parir é determinante.
- Animais excessivamente magros (ECC < 2,5): Sofrem com fraqueza muscular uterina e baixa imunidade.
- Animais obesos (ECC > 4,5): Estão propensos a distúrbios metabólicos e acúmulo de gordura no canal do parto, dificultando a expulsão.
2. Deficiência Mineral (A fome oculta)
Mesmo com o cocho cheio, a vaca pode estar desnutrida em níveis celulares. A ausência de micronutrientes específicos, notadamente o Selênio, a Vitamina E e o Cálcio, enfraquece o tônus muscular do útero, tornando a retenção de placenta quase inevitável.
3. Fatores de Estresse e Manejo
O cortisol (hormônio do estresse) é inimigo da ocitocina (hormônio da contração). Situações como partos distócicos (que exigem força excessiva), calor extremo ou manejo agressivo bloqueiam a fisiologia natural da fêmea.
Blindando o rebanho: Prevenção estratégica para evitar a retenção de placenta
A solução para a retenção de placenta reside no manejo preventivo, focado no chamado “período de transição” (pré e pós-parto imediato).
Ajuste ino na nutrição
No final da gestação, o bezerro comprime o rúmen, diminuindo a ingestão de matéria seca, justamente quando a vaca mais precisa de energia. Para evitar que ela drene suas próprias reservas (balanço energético negativo), é crucial ofertar uma dieta de alta densidade nutricional, reforçada com suplementação mineral e vitamínica específica para pré-parto.
Protocolos de bem-estar e higiene
- Maternidade Limpa: Reduz a carga bacteriana ambiental, essencial para prevenir infecções oportunistas caso a placenta demore a sair.
- Monitoramento sem Intervenção Precoce: Acompanhar o parto é vital, mas intervir sem necessidade pode causar lesões. A ajuda profissional deve ser acionada apenas em casos de distocia real.
- Cronograma Sanitário: Vacinas em dia garantem que o sistema imune da vaca esteja pronto para combater inflamações sistêmicas que poderiam afetar o útero.
Em última análise, a incidência de retenção de placenta serve como um termômetro da eficiência do manejo da propriedade. Investir em nutrição e conforto no pré-parto é a forma mais barata e eficaz de garantir que a vaca inicie sua lactação com saúde e produtividade máxima.
Escrito por Compre Rural
VEJA MAIS:
- Confinamento sustentável: Estratégias para reduzir impactos ambientais sem perder rentabilidade
- A crise invisível que ameaça a pecuária dos EUA – e pode redesenhar o futuro da carne no planeta
ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.