Defensivo proibido no Brasil é apreendido pela Polícia Rodoviária Federal

Polícia Rodoviária Federal e Civil desmontam esquema de contrabando de defensivos agrícolas no norte do estado do Rio Grande do Sul, rota de contrabando

Em uma ação conjunta na manhã desta quarta-feira (26), em Sarandi, cidade ao norte do estado do Rio Grande do Sul, distante 70 quilômetros de Passo Fundo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Civil prenderam três homens e apreenderam quase uma tonelada de agrotóxicos proibidos no Brasil, além de dois veículos e uma espingarda ilegal.

Durante uma operação de combate à criminalidade, a PRF identificou dois carros suspeitos de contrabando de defensivos agrícolas. Uma Palio Weekend, com placas de Sarandi/RS, e uma Saveiro, emplacada em Barra Funda/RS, foram abordados na BR 386.

Nos veículos foram encontrados 37 galões de 20 litros de Paraquat, um defensivo agrícola proibido no Brasil desde 2020 devido aos riscos à saúde associados ao desenvolvimento de doença de Parkinson, fibrose pulmonar e câncer. Os dois motoristas, de 49 e 62 anos, que já haviam sido presos pela PRF com agrotóxicos em outras ocasiões, foram presos novamente.

Na sequência, Policiais Rodoviários Federais e Policiais Civis foram até uma propriedade rural onde os criminosos armazenavam o produto contrabandeado. Já havia um mandado de busca e apreensão, expedido pela Comarca de Sarandi, em razão de uma investigação em andamento.

No local, os policiais prenderam um homem de 33 anos e encontraram mais 3 galões cheios de agrotóxico e 2 vazios, além de uma espingarda calibre 22 adulterada e equipada com silenciador e luneta.

A ocorrência foi encaminhada à Polícia Civil em Sarandi para registro do flagrante. Ele foi preso e encaminhado para a Polícia Federal em Passo Fundo. A carga e o carro foram apreendidos e ficarão à disposição da justiça.

Apreensão de agrotóxicos ilegais aumenta 10 vezes entre 2021 e 2022 em rodovias federais do RS
Foto: PRF

Apreensão de agrotóxicos ilegais aumenta 10 vezes entre 2021 e 2022 em rodovias federais do Rio Grande do Sul

Duas fronteiras internacionais e uma divisa estadual, todas interligadas por rodovias de grande fluxo de caminhões, fazem do Rio Grande do Sul rota frequente para contrabandistas de agrotóxicos. Produtos ilegais vêm da Argentina, Uruguai e até Paraguai, exigindo das forças de segurança atuação específica para barrar veículos que escondem o carregamento irregular.

Entre janeiro e setembro de 2022, foram apreendidas 51 toneladas de agrotóxicos ilegais em 56 abordagens da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas estradas federais do Estado. Em 2021, este montante foi 10 vezes menor no mesmo período do ano. Em 2020, foram 5 toneladas em todo o ano, quantia ainda menor no ano anterior, com três toneladas em 2019.

Para o chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários (Disa) da Secretaria Estadual da Agricultura, Rafael Friederich, o aumento nos últimos anos se deu pelo câmbio favorável do real em relação ao peso argentino e às proibições relacionadas a herbicidas tradicionalmente utilizados por agricultores do Estado.

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Crédito: Divulgação

Sobre a proibição do Paraquat

O Paraquat é um herbicida de contato não seletivo com função de combater plantas daninhas, que atua mediante mecanismos de indução do estresse oxidativo pela produção aumentada de radicais livres associados à depleção dos sistemas antioxidantes do organismo.

Em 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu estudos que apontavam o uso do químico chamado de Paraquat como causador de mal de parkinson entre agricultores, e proibiu seu uso ao final de julho daquele ano. Friedrich afirma que o material é base para a maioria dos produtos encontrados em fiscalizações rotineiras da pasta.

De acordo os diretores da entidade, a decisão da Anvisa ainda pode ser revista no futuro, desde que esteja acompanhada de embasamento científico. “A gente banir ou não o paraquat neste momento não significa que está escrito em pedra. Nós podemos rever os nossos atos caso surjam novas evidências”.

Em 2022 a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) solicitou ao Ministério da Agricultura a liberação emergencial dos herbicidas Diquat e Paraquat para a dessecação das lavouras de soja. A falta do defensivo tem prejudicado o processo de dessecação, que é a utilização de herbicida para preparar as lavouras para a colheita e pode trazer prejuízos à qualidade da produção brasileira e ao país como um todo.

Importante destacar também que, diante da falta de comprovação sobre a toxidade do Paraquat, autoridades sanitárias dos Estados Unidos liberaram o uso desse herbicida por mais 15 anos, além de o Canadá ter autorizado o uso, assim como Austrália e os países do Mercosul, onde o uso e a comercialização do Paraquat – banido pela Anvisa em 2020 no Brasil – continua permitida.

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