Digitalização mudará o jogo no campo, diz executivo da Syngenta

A digitalização irá transformar a forma como se faz agricultura no mundo, e da mesma forma — impiedosa, para os despreparados — como atingiu outras indústrias.

Segundo André Savino, diretor de Marketing da Syngenta para o Brasil, isso significa mudar do jogo. “Como a Netflix fez com a Blockbuster”, afirmou o executivo, referindo-se ao impacto que o streaming de filmes teve sobre o mercado de DVDs.

No campo, a situação não é diferente. A adaptação para a digitalização determinará quem manterá a competitividade e quem desaparecerá.

Esse migração digital ficou mais evidente em 26 de março, quando a multinacional suíça, agora controlada por chineses, anunciou a aquisição da mineira Strider. Foi o primeiro negócio fechado no país com uma empresa de agricultura digital. O valor não foi revelado.

Sediada em Belo Horizonte, a Strider é uma jovem empresa digital focada em soluções para o agronegócio que conseguiu superar as estatísticas que apontam para uma curta vida de dois anos de existência para startups.

Criada em 2013, conseguiu ganhar musculatura nacional. Está posicionada de Norte a Sul do país, com um time de 60 funcionários que entregaram mais de 3 milhões de hectares e 2 mil fazendas produtoras de grãos e cana- de-açúcar monitorados.

Com a aquisição, tornou-se também a primeira “agtech” 100% brasileira a passar para as mãos de uma multinacional.
“Vemos muito potencial ainda a ser explorado no Brasil. Pretendemos aumentar a densidade – ter mais clientes por cidade”, diz Luiz Tangari, CEO da Strider.

A Syngenta vinha trabalhando até então apenas com parcerias no Brasil. Ainda tem meia dúzia delas, mas para “ser relevante para o agricultor”, diz Savino, era preciso evoluir do ambiente de colaboração para trazer a agenda digital para dentro da multinacional.

No exterior, a companhia adquiriu a Ag Connections e, mais recentemente, a empresa de sensoriamento remoto Farmshots.

Como todo o setor, de agroquímicos à maquinário, o agronegócio passa por uma corrida tecnológica que faça frente aos desafios de plantio e controle de pragas com a mudança em curso no clima e de saturação da inovação aos moldes antigos — a descoberta de novas moléculas, em processos longos e caros.

O uso preciso de insumos traz racionalidade ao uso de recursos naturais, como a água e solo, reduz os custos do agricultor e eleva a produtividade na lavoura.

Segundo a Strider, “só acertando o timing foi possível reduzir em 20% a população de pragas” em fazendas que adotaram suas tecnologias.

Com a aquisição, Tangari passa a reportar diretamente à área de digital da Syngenta no Brasil, sob a diretoria de André Savino, e a Dan Burdett, líder digital global.

Fonte: Valor Econômico, adaptada pela Equipe BeefPoint.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM