
Produtos raros, sabores únicos e tradição cultural transformam o Brasil em referência gastronômica e despertam o interesse internacional. Entre os exemplos mais emblemáticos estão o café do jacu, o queijo com formiga içá e o mel de abelhas sem ferrão.
O Brasil vai muito além da sua potência agrícola tradicional. O país também se destaca por oferecer iguarias raras e exóticas, que conquistam espaço na alta gastronomia e chamam atenção pelos valores surpreendentes. Entre os exemplos mais emblemáticos estão o café do jacu, vendido a até R$ 1.600 o quilo, o queijo com formiga içá, que ultrapassa R$ 200/kg, e o mel de abelhas sem ferrão, um tesouro nativo que pode chegar a R$ 500 por litro.
Mais do que curiosidades gastronômicas, esses produtos carregam tradição cultural, biodiversidade e inovação, transformando saberes regionais em experiências exclusivas que hoje ganham reconhecimento internacional.
O café do jacu: luxo sustentável nas montanhas capixabas
Produzido na Fazenda Camocim, em Domingos Martins (ES), o café do jacu é um dos mais caros do país. O processo inusitado começa quando a ave nativa da Mata Atlântica ingere os frutos maduros do cafeeiro. Após passarem pelo trato digestivo, os grãos são expelidos e coletados manualmente, resultando em um café suave, aromático e livre de amargor.
Segundo Henrique Sloper, proprietário da fazenda, o jacu atua como selecionador natural de grãos, alarme de colheita e até replantador da floresta. Além disso, o pássaro consome cerca de 70% da cafeína, tornando a bebida um “low coffee”. A produção anual não ultrapassa três toneladas, contra 230 toneladas do café convencional.
O produto também se consolidou como exemplo de agricultura regenerativa, ajudando a preservar a Mata Atlântica e impulsionando o turismo rural.

O queijo com formiga içá: tradição reinventada em São Paulo
Na Estância Silvânia, em Caçapava (SP), a produtora Camila Almeida criou o Queijo Taiada, que combina leite A2 de vaca gir leiteiro com a formiga içá torrada. O resultado é um queijo adocicado, macio, maturado por 60 dias, com notas de amêndoa, leve gosto de erva-doce e a crocância da formiga.
A ousadia conquistou o paladar internacional: a iguaria já recebeu medalha de bronze no Mondial du Fromage (França), foi apresentada em Paris e alcançou o título de “Super Oro” na Copa América do Queijo, no Peru.
Mais do que inovação, o produto resgata uma prática cultural: povos indígenas já consumiam a içá, e até Monteiro Lobato a comparava ao caviar. Hoje, a peça de 450 gramas é vendida por cerca de R$ 90, com procura intensa em datas comemorativas.

O mel de abelhas sem ferrão: um tesouro da biodiversidade
Produzido por espécies nativas como a jataí e a mandaçaia, o mel de abelhas sem ferrão é considerado um dos alimentos mais raros e valorizados da apicultura brasileira. Com sabor mais ácido e complexo do que o mel convencional, é rico em propriedades medicinais, como ação antibacteriana e cicatrizante.
Devido à baixa produção por colmeia, o mel pode alcançar até R$ 500 por litro, sendo cada vez mais requisitado por chefs da alta gastronomia e pelo mercado internacional. Além do valor econômico, sua produção é essencial para a preservação das abelhas nativas e para o equilíbrio dos ecossistemas agrícolas.
Tabela comparativa das iguarias brasileiras
Produto | Origem e processo | Preço médio | Características principais |
---|---|---|---|
Café do Jacu | Grãos ingeridos e expelidos pelo jacu, coletados manualmente (ES) | R$ 1.600/kg | Sabor suave, baixo teor de cafeína, produção limitada e sustentável |
Queijo com Formiga | Leite A2 de vaca gir leiteiro + formiga içá torrada, maturação de 60 dias (SP) | R$ 200+/kg | Adocicado, notas de amêndoa e erva-doce, crocância da formiga, tradição local |
Mel sem Ferrão | Produzido por abelhas nativas como jataí e mandaçaia (Brasil) | R$ 500/L | Sabor ácido, medicinal, produção rara e valorizada na alta gastronomia |
O sabor do Brasil que conquista o mundo
O café do jacu, o queijo com formiga içá e o mel de abelhas sem ferrão são exemplos de como o Brasil consegue transformar biodiversidade e cultura em produtos de alto valor agregado. Mais do que excentricidades, essas iguarias simbolizam inovação, sustentabilidade e identidade nacional, conquistando espaço em mercados exigentes e levando o sabor do Brasil para o mundo.
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