Do tarifaço dos EUA a polêmica do Vietnã, piscicultura brasileira fecha 2025 sob pressão — e mais forte

Pressão nos preços, choque comercial com os EUA, disputa sanitária e vitória tributária marcaram 2025 como um ano de virada para a piscicultura brasileira

A piscicultura brasileira encerrou 2025 sob forte tensão, mas com sinais claros de amadurecimento. O setor enfrentou um cenário incomum, marcado por excesso de oferta, queda e posterior recuperação dos preços, tarifas internacionais inesperadas, polêmicas envolvendo a tilápia e avanços estruturais importantes, especialmente no mercado interno.

Segundo Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o ano foi dividido em dois momentos distintos: pressão intensa no primeiro semestre e reorganização no segundo. “Foi um ano duro, mas estratégico. A cadeia se adaptou rapidamente e saiu mais preparada”, avaliou.

O primeiro semestre foi marcado por oferta elevada de peixes de cultivo, principalmente de tilápia, o que pressionou os preços pagos ao produtor e reduziu margens da indústria. No segundo semestre, a retomada da demanda ajudou a reequilibrar o mercado, com recuperação dos valores ao produtor no último trimestre, ainda que a indústria tenha encontrado dificuldade para repassar custos ao consumidor final.

“O período de preços mais baixos trouxe novos consumidores, que se fidelizaram pela saudabilidade do peixe de cultivo”, destacou Medeiros.

O maior choque externo de 2025 veio dos Estados Unidos, com a elevação das tarifas de importação do pescado brasileiro de cerca de 10% para até 50%. Embora o Brasil exporte apenas 3% a 5% de sua produção, o impacto foi significativo para empresas focadas no mercado americano.

A participação brasileira nas importações dos EUA caiu de aproximadamente 5% para 3%, forçando o redirecionamento do volume ao mercado interno e reacendendo o debate sobre a necessidade de diversificação de destinos. União Europeia e novos mercados passaram a ganhar prioridade estratégica.

A tilápia esteve no foco das controvérsias ao longo do ano. A Peixe BR criticou a importação do pescado do Vietnã, apontando concorrência desleal e falta de isonomia sanitária, ambiental e trabalhista. O tema ganhou ainda mais relevância com o risco da entrada do Tilapia Lake Virus (TiLV).

Nesse contexto, Santa Catarina proibiu a importação e comercialização da tilápia vietnamita, alegando risco sanitário. A decisão estadual gerou divergência com o governo federal, mas recebeu apoio do setor produtivo, que teme impactos severos na sanidade e nas exportações brasileiras.

Apesar do redirecionamento de volumes antes destinados à exportação, o mercado interno respondeu melhor do que o esperado. Segundo o Cepea/USP, a tilápia fechou novembro cotada a R$ 9,29/kg, acima dos R$ 8,02/kg registrados após o anúncio das tarifas e dos R$ 7,75/kg no fim de 2024. O dado reforça que a oferta ainda não é suficiente para provocar desvalorização estrutural.

A pressão de 2025 acelerou investimentos em biosseguridade, vacinação, manejo preventivo e protocolos sanitários, que passaram a ser pilares da competitividade. Empresas líderes do setor intensificaram inovação e busca por novos mercados, reposicionando suas estratégias para um ambiente mais exigente.

Mesmo em um ano turbulento, o setor comemorou uma conquista considerada histórica: a inclusão dos peixes de cultivo na Cesta Básica Nacional, dentro da reforma tributária. Para a Peixe BR, a medida garante competitividade, estímulo ao consumo e consolidação da piscicultura como pilar da segurança alimentar.

A tilapicultura está presente em mais de 110 mil propriedades rurais, responde por 68% da produção nacional de peixes e gera mais de 600 mil empregos diretos e indiretos. A produção de tilápia chegou a 660 mil toneladas em 2024 e pode alcançar 80% da piscicultura nacional até 2030.

Apesar da força, o setor ainda enfrenta entraves regulatórios. “Precisamos reduzir burocracias e buscar isonomia com outras proteínas”, afirma Medeiros.

O ano de 2025 mostrou que a piscicultura brasileira cresceu em complexidade, mas também em maturidade. Entre choques externos, disputas regulatórias e avanços internos, o setor fortaleceu o mercado doméstico, elevou o padrão sanitário e saiu mais preparado para sustentar o crescimento na próxima década.

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