Os experimentos apontaram que doses de 10 toneladas de calcário por hectare elevaram a produtividade da soja e, em algumas áreas, os aumentos chegaram a 30%, destacando o potencial da prática como ferramenta para otimizar a produção agrícola.
Pesquisas realizadas pela Embrapa Meio-Norte desde 2019 demonstraram que a aplicação de doses elevadas de calcário pode aumentar a produtividade da soja em até 30% na região do Matopiba, que compreende parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Este estudo inovador, conduzido em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI) e outros órgãos, promete revolucionar as práticas agrícolas na fronteira agrícola brasileira.
Os experimentos apontaram que doses de 10 toneladas de calcário por hectare elevaram a produtividade em 18% na safra de 2019/2020 e 12% na de 2020/2021. Em algumas áreas, os aumentos chegaram a 30%, destacando o potencial da prática como ferramenta para otimizar a produção agrícola.
Segundo o pesquisador Henrique Antunes, da Embrapa, a correção química do solo permitiu que as raízes explorassem camadas mais profundas, aumentando a absorção de nutrientes e água. “Esse manejo é essencial em regiões com condições climáticas mais sensíveis, como o Matopiba, onde ainda estamos construindo a fertilidade do solo”, explica.
O desafio do equilíbrio nutricional com uso do calcário
Embora o uso de calcário neutralize a acidez do solo, os estudos revelaram uma redução nos níveis de fósforo, potássio e micronutrientes em doses superiores a 15 toneladas por hectare. Essa queda, contudo, pode ser compensada com adubações específicas, garantindo o equilíbrio nutricional e a manutenção da produtividade.
Doze Batista de Oliveira, agrônomo responsável pela pesquisa, afirma: “A calagem promove melhorias na fertilidade do solo, e quando combinada com gesso, reduz a acidez e cria condições ideais para o crescimento da soja”.
Adaptação dos agricultores e desafios logísticos
Alguns agricultores da região já começaram a adotar doses maiores de calcário, como Diógenes Brandalize, que alcançou um aumento de 20% na produtividade em sua propriedade de 3 mil hectares no Piauí. No entanto, o custo elevado da prática e as dificuldades de acesso ao crédito ainda são entraves para uma adoção mais ampla.
Christofer Garanhani, consultor em Paragominas (PA), ressalta que os estudos têm sido fundamentais para orientar os produtores sobre as melhores práticas: “As doses mais altas são necessárias, mas precisamos de equilíbrio para garantir a sustentabilidade do solo”.
O futuro do manejo no Matopiba
Os resultados da pesquisa podem embasar uma revisão dos protocolos técnicos de manejo para a região, já que os documentos oficiais atuais foram elaborados com base em estudos de décadas passadas. A adoção de práticas modernas, como o uso combinado de calcário e gesso, será fundamental para sustentar a produtividade e consolidar o Matopiba como um dos principais polos de produção agrícola do Brasil.
A Embrapa segue ampliando as pesquisas, em parceria com a Rede FertBrasil e outros órgãos, para gerar soluções que atendam às demandas do produtor rural e fortaleçam a competitividade do agronegócio brasileiro.
Por que isso importa?
Com o avanço das práticas de manejo baseadas em evidências científicas, o Matopiba tem potencial para se tornar ainda mais relevante no cenário global da produção de grãos. Investir em solos saudáveis e produtivos é essencial para enfrentar os desafios do futuro e garantir a sustentabilidade do agronegócio no Brasil.
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