As intensas chuvas que atingiram o estado do Texas, nos Estados Unidos, durante a última semana deixaram um rastro de destruição
Até o momento, ao menos 82 pessoas perderam a vida e 41 seguem desaparecidas em consequência das inundações, que causaram sérios danos em áreas rurais, provocando perdas significativas no setor agropecuário e colocando a fauna silvestre em risco.
As enxurradas surpreenderam moradores e autoridades, afetando duramente a região central do estado, especialmente nas proximidades do rio Guadalupe. O solo compactado típico do Texas Hill Country dificultou a infiltração da água, aumentando a força das correntes e agravando os impactos. As consequências foram devastadoras: galpões e cercas destruídos, rebanhos perdidos, plantações submersas e danos extensivos à infraestrutura rural.
Sid Miller, comissário do Departamento de Agricultura do Texas, classificou o cenário como “arrasador”. Em entrevista, afirmou que ainda não é possível mensurar as perdas no campo. “Encontramos gado até no alto de árvores. Estamos concentrados nas operações de busca e salvamento. A agricultura está completamente paralisada”, relatou.
As lavouras de milho e sorgo, comuns na região, foram fortemente atingidas, com estimativas de perdas em até 40% nas zonas mais baixas. Problemas como erosão, perda de nutrientes no solo e atraso nas safras secundárias devem comprometer o calendário agrícola local. Além disso, produtores rurais relatam que equipamentos, tratores e sistemas de irrigação foram levados pela água, e muitos animais estão desaparecidos.
Impactos na pecuária e resposta emergencial
Os pecuaristas enfrentam desafios críticos. Pastagens encharcadas, alimentos contaminados, estruturas destruídas e riscos sanitários preocupam criadores de gado, suínos e aves. A umidade e a lama aumentam a probabilidade de surtos de doenças entre os animais, exigindo ações imediatas de contenção.
Diante da gravidade da situação, o governador Greg Abbott decretou estado de desastre em diversos condados, acionando mecanismos de auxílio federal. Técnicos de cooperativas e do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) já estão mobilizados para prestar assistência aos produtores afetados.
Segundo Miller, as próximas chuvas ainda representam um risco, mas agora há maior consciência da necessidade de agir preventivamente. “É fundamental mover os animais para áreas mais altas e proteger o maquinário. Preparação salva vidas – humanas e animais”, reforçou.
Esforços para salvar a fauna silvestre
Além das perdas no setor agrícola, as inundações impactaram seriamente a vida selvagem. Organizações ambientais, veterinários e voluntários estão trabalhando em operações de resgate. A Austin Wildlife Rescue, por exemplo, já retirou 70 animais de áreas alagadas. Muitos chegaram feridos, incluindo gambás e coelhos, em plena temporada de reprodução.
Espécies que vivem em árvores, como pássaros e esquilos, foram afetadas pela queda de galhos e troncos que destruíram ninhos e abrigos. Animais aquáticos também sofrem com o excesso de água e a alteração de seus habitats. Uma tartaruga resgatada, por exemplo, apresentava ferimentos em um olho e dificuldades para andar.
Veterinários da região, sensibilizados com a situação, iniciaram campanhas para arrecadar suprimentos. São solicitados itens como rações, toalhas, lonas e caixas de transporte para cães e gatos. A organização Austin Pets Alive (APA) acolheu mais de 100 animais em seus abrigos e criou uma rede de apoio com outras unidades espalhadas pelo estado, inclusive com a montagem de um hospital veterinário em Kerrville.
Desafios persistem
Com 21 condados impactados, a reconstrução será longa e desafiadora. A retomada das atividades no campo depende não só do fim das chuvas, mas da reorganização das estruturas básicas que sustentam a produção agrícola e pecuária no estado. Enquanto isso, ações solidárias e o trabalho conjunto entre entidades públicas, privadas e civis são fundamentais para minimizar os efeitos dessa tragédia.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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