Plano Safra 2025/26 deve ampliar volume de crédito rural, elevar juros e exigir mais das LCAs
O governo federal prepara para esta semana a apresentação oficial do Plano Safra 2025/26, que promete trazer mudanças significativas no financiamento ao agronegócio brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já antecipou que esta será, mais uma vez, a maior edição da história, reafirmando a intenção de fortalecer tanto os grandes exportadores quanto os pequenos produtores rurais.
A agenda de anúncios será dividida em duas etapas: nesta segunda-feira (30), o Palácio do Planalto será palco da divulgação das medidas voltadas à agricultura familiar. Já na terça-feira (1º), será a vez das diretrizes para a agricultura empresarial.
Maior exigência nas LCAs deve injetar R$ 64 bilhões extras no setor
Um dos principais destaques do novo plano é a mudança na exigibilidade das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). As instituições financeiras, que hoje são obrigadas a aplicar 50% dos recursos captados com LCAs em operações de crédito rural, passarão a destinar 60%. A expectativa do governo é que esse ajuste direcione até R$ 64 bilhões adicionais ao financiamento agrícola, sem a necessidade de aporte direto do Tesouro.
As LCAs seguem como instrumento estratégico de captação para as operações com Cédulas de Produto Rural (CPRs), com previsão de movimentação de R$ 200 bilhões nesse tipo de operação. Já as linhas com juros livres devem receber R$ 128,7 bilhões.
Crédito rural mais caro: juros sobem em todas as modalidades
O custo do crédito rural será maior no ciclo 2025/26. Todas as linhas, inclusive as voltadas ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), sofrerão reajustes nas taxas de juros. De acordo com fontes ouvidas pelo Globo Rural, o aumento pode chegar até 2,5 pontos percentuais. A decisão vem em meio a um cenário de orçamento federal restrito e taxa Selic mantida em 15% ao ano.
Agricultura familiar deve alcançar novo patamar de investimento
Apesar do contexto fiscal desafiador, o governo projeta um novo recorde de recursos destinados à agricultura familiar. Em 2024/25, o Pronaf contou com R$ 76 bilhões. Para o novo ciclo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, não antecipou o valor final, mas garantiu que as negociações internas com o Ministério da Fazenda foram difíceis, sobretudo em relação às taxas de juros. Ainda assim, classificou como “positiva” a reunião final com o presidente Lula.
Riscos e incertezas diante do orçamento apertado
Mesmo com a promessa de robustez, o setor produtivo acompanha com cautela os próximos passos. A limitação fiscal do governo pode comprometer a capacidade de atender toda a demanda, especialmente nas linhas com juros controlados. Há temor de que se repitam situações recentes, como o esvaziamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), que sofreu com a escassez de recursos.
O Plano Safra 2025/26 será decisivo para manter a engrenagem do agronegócio nacional em movimento, mas dependerá de um equilíbrio delicado entre metas ambiciosas e a realidade orçamentária do país.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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