Entenda por que não se deve consumir carne de bovinos que morreram atingidos por raio

Sem sangria e fora das normas do Ministério da Agricultura, a carne se deteriora rapidamente e deve ser descartada.

A ocorrência de descargas elétricas naturais em áreas rurais, especialmente durante temporais, pode levar à morte súbita de bovinos atingidos por raios. Em muitas propriedades, esse tipo de fatalidade ainda gera dúvidas: afinal, é possível aproveitar a carne? A resposta é categórica: não. A carne de animais mortos por raio é considerada imprópria para consumo humano, tanto do ponto de vista sanitário quanto legal.

O motivo central está no processo de morte instantânea, que inviabiliza a sangria adequada — etapa essencial para garantir a qualidade, a segurança e a conservação da carne. Sem esse procedimento, uma série de riscos graves passa a existir, colocando em perigo a saúde pública.

Quando um animal é abatido de forma regular, ele passa por um processo controlado de sangria, no qual o sangue é drenado logo após a insensibilização. Esse procedimento reduz drasticamente a carga microbiana e evita a deterioração acelerada dos tecidos.

No caso de um animal atingido por raio, a descarga elétrica provoca morte imediata, levando à coagulação rápida do sangue, que permanece retido nos músculos e órgãos. Esse sangue residual cria um ambiente altamente favorável para a multiplicação de microrganismos nocivos.

O sangue acumulado nos tecidos funciona como um meio ideal para bactérias se desenvolverem. Entre os microrganismos mais perigosos está o Clostridium perfringens, associado a intoxicações alimentares graves, além de outras bactérias capazes de causar infecções severas.

A deterioração da carne começa quase imediatamente após a morte, mesmo que o animal esteja aparentemente íntegro externamente. O risco aumenta ainda mais em ambientes quentes, comuns em grande parte do território brasileiro.

Outro fator decisivo é que animais mortos por acidentes naturais não passam por inspeção sanitária oficial. Não há qualquer avaliação ante ou post mortem que ateste as condições de saúde do animal antes da morte.

Isso significa que o consumo dessa carne pode expor pessoas a zoonoses, como:

  • Tuberculose bovina
  • Verminoses
  • Infecções bacterianas sistêmicas
  • Outras doenças transmissíveis dos animais para os humanos

Sem inspeção, não existe garantia alguma de segurança.

Além dos riscos sanitários, a carne de um animal atingido por raio apresenta alterações severas de qualidade, tornando-se:

  • Escura
  • Dura
  • Com odor e sabor alterados
  • Altamente perecível

Essas características são consequência direta da ausência de sangria e da rápida decomposição dos tecidos, tornando o produto inadequado até mesmo para consumo animal.

Carne de bovinos que morreram atingidos por raio

Do ponto de vista legal, a carne de animais mortos por raio não atende às exigências de higiene, biossegurança e inspeção obrigatórias previstas na legislação brasileira para produtos de origem animal.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e os órgãos estaduais de defesa sanitária são claros: qualquer carne proveniente de morte acidental é considerada imprópria para consumo humano.

A recomendação técnica e sanitária é que animais mortos por raio sejam descartados adequadamente, geralmente por:

  • Enterro em local apropriado
  • Em alguns casos, incineração, quando disponível

Esses procedimentos devem seguir as orientações dos órgãos de defesa sanitária para evitar a contaminação do solo, da água e de outros animais, além de proteger a saúde das pessoas que vivem ou trabalham na propriedade.

Não se deve, em hipótese alguma, consumir carne bovina de animais atingidos por raio. A morte súbita impede a sangria, acelera a proliferação de bactérias, elimina qualquer possibilidade de inspeção sanitária e transforma a carne em um risco real de intoxicações, infecções e doenças graves, com potencial até fatal.

Diante desses fatores, o descarte adequado é a única alternativa segura, conforme determinam as normas do Ministério da Agricultura e as orientações da medicina veterinária.

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