Equipe realiza maior abate de javalis da história do Brasil

Os javalis tornaram-se um grave problema no Brasil, pois causam grandes prejuízos à agricultura, ameaçam a fauna nativa, transmitem doenças e apresentam rápida taxa de reprodução

Na madrugada de 15 de agosto de 2025, a equipe de manejo “Limpa Palhada”, de Ipameri (GO), realizou o maior abate de javalis já registrado em uma única noite no Brasil, abatendo 65 animais em uma única noite, na Fazenda JM8, em Campo Alegre de Goiás, do produtor João Mesquita Junior.

A operação foi conduzida de maneira totalmente legal, com a devida autorização do IBAMA e descarte conforme as normas ambientais vigentes. Essa operação mostra a força e a importância do trabalho de manejadores autorizados no combate ao javali, uma das maiores pragas do Brasil.

Os controladores Danilo, Renan, Ricardo e Alan, devidamente credenciados, garantiram o cumprimento de todos os protocolos: desde o registro no Cadastro Técnico Federal (CTF), a emissão de autorização via SIMAF, até o descarte correto das carcaças.

“Além de proteger as plantações, estamos preservando o equilíbrio ambiental. Cada ação é planejada para ser segura e legal” – destacou Danilo, um dos caçadores.

recorde de abates de javalis em goias
Foto: Divulgação

A caça ao javali é um desafio único, especialmente porque essa espécie não é nativa do Brasil. Ainda assim, os caçadores demonstraram profundo conhecimento sobre o comportamento e os hábitos desses animais, o que possibilitou a obtenção de resultados tão impressionantes.

A preocupação com a proliferação dos javalis no Brasil também se reflete em dados alarmantes. A Associação Brasileira de Caçadores Aqui Tem Javali estima que mais de 1 milhão de javalis precisarão ser abatidos em 2025 para conter os danos causados por essa espécie invasora. Em 2024, dados internos do IBAMA apontam cerca de 500 mil javalis abatidos, apesar de retrocessos em políticas de controle, especialmente após a suspensão do uso de armas de fogo na segunda metade de 2023.

Os javalis são responsáveis por prejuízos bilionários à agropecuária nacional. Estima-se que em áreas infestadas, as perdas possam atingir até 40% da produção agrícola, afetando culturas como milho, soja, feijão, cana-de-açúcar e hortaliças

Além dos impactos na agricultura, os javalis ameaçam diretamente a fauna brasileira — competem por recursos com espécies nativas, destroem ninhos e alcançam animais em risco, como o tamanduá-bandeira ou o tatu-canastra (embora dados específicos sobre essas espécies ainda indiquem tendência de ameaça pela presença da praga).

Esses animais também representam risco sanitário elevado, podendo ser vetores de doenças graves, como peste suína clássica e febre aftosa, capaz de afetar tanto rebanhos domésticos quanto impactar diretamente a saúde pública e a economia agropecuária.

Marco legal e requisitos para manejo

Desde 2013, o controle do javali é autorizado pelo IBAMA via Instrução Normativa nº 03/2013, permitindo o manejo em todo o território nacional (Serviços e Informações do Brasil). As atualizações normativas exigem que:

  • Os controladores estejam inscritos no Cadastro Técnico Federal (CTF);
  • Requeiram e apresentem autorização via Sistema SIMAF, válida por 3 a 6 meses, conforme a normatização;
  • Portem documento de identidade, autorização de manejo e certificado de regularidade do CTF durante a operação;
  • Proíbem o transporte de javalis vivos e vetam a comercialização de carne, couro ou subprodutos — todo abate deve ocorrer no local da captura.

Em 2022, registrou-se 465 mil javalis abatidos legalmente no país, antes da suspensão temporária de novas autorizações imposta pelo Decreto 11.615 e aguardando adaptação normativa.

A operação recorde da equipe “Limpa Palhada” destaca o papel essencial e eficaz dos manejadores autorizados no combate aos javalis — uma das pragas mais urgentes do Brasil, com impactos severos sobre a agricultura, a biodiversidade e a saúde sanitária.

Sem políticas eficazes e apoio institucional coerente, a previsão de abater mais de 1 milhão de javalis em 2025 demonstra que a erradicação não é mais viável; o alvo deve ser a redução dos danos, com estratégias intensivas de manejo sustentável e legalizado.

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