Investigação da Polícia Civil apontou fraudes na venda de fazendas e em operações de crédito do Sicoob, com prejuízos milionários e penas que podem superar 30 anos.
O ano de 2025 entrou para a história do agronegócio goiano como o período em que veio à tona um dos maiores escândalos financeiros já registrados no estado, envolvendo o produtor rural Thiago da Matta Fagundes e dirigentes do Sicoob (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil). As investigações, conduzidas pela Polícia Civil de Goiás no âmbito do Inquérito nº 269/2023, apontam para um amplo esquema de fraudes financeiras, com prejuízos estimados em mais de R$ 100 milhões.
As apurações começaram após denúncia do empresário Fabiano Alves Tavares, que negociou a compra de três glebas de terras em Porangatu (GO), avaliadas em cerca de R$ 34 milhões. Para viabilizar o negócio, Fabiano transferiu R$ 6,9 milhões a Thiago da Matta, valor que deveria ser usado para quitar dívidas junto ao Sicoob e liberar os imóveis. Segundo a investigação, a quitação não ocorreu, o que impediu o registro das propriedades em nome do comprador.
Mesmo após a venda das fazendas, Thiago da Matta firmou uma nova Cédula de Crédito Bancário de R$ 14 milhões, utilizando os mesmos imóveis já negociados como garantia. O relatório da Polícia Civil aponta que o Sicoob tinha conhecimento da transação, mas ainda assim autorizou a renegociação da dívida, mantendo os bens como lastro das operações. Depoimentos e documentos indicam irregularidades na condução do crédito e movimentações financeiras suspeitas.
Thiago é bem conhecido na cidade de Porangatu, onde mantém grande influência e, conforme apurado, já fez diversas outras vítimas. Relatos indicam que muitos moradores da cidade temem represálias do suspeito devido ao seu poder de influência e histórico de fraudes na região.
Em razão do grande interesse público, divulga-se o nome e a imagem do líder da associação e, desde já, solicitamos que as novas vítimas, eventualmente existentes, entrem em contato com a 4ª Delegacia de Polícia de Goiânia.

Com o avanço das investigações, o caso revelou um esquema mais amplo, com uso de empresas de fachada e terceiros para contrair empréstimos milionários. Entre as vítimas estão produtores rurais, fundos de investimento e instituições financeiras. Em um dos episódios mais graves, consta no inquérito a falsificação de escritura de uma fazenda avaliada em cerca de R$ 100 milhões para obtenção de crédito.
Os investigados podem responder por estelionato, falsidade ideológica, fraude processual, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Somadas, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão, além de multas. O relatório final da Polícia Civil indica indícios de conluio e o caso segue agora para o Ministério Público, que avaliará a apresentação de denúncia formal à Justiça.
A retrospectiva do escândalo serve como alerta para o sistema de crédito rural, evidenciando a necessidade de mais rigor, transparência e controle em operações financeiras de grande porte no agronegócio.
Veja abaixo o vídeo e relembre o caso:
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.