Dois javalis testaram positivo para peste suína na região de Barcelona; governo bloqueia exportações e mobiliza tropas em resposta ao surto.
A Espanha vive um momento crítico com o retorno da peste suína africana (PSA) ao seu território após três décadas. *Dois javalis infectados foram encontrados mortos no Parque Natural de Collserola, próximo a Barcelona, e testaram positivo para o vírus, segundo confirmação oficial divulgada em 1º de dezembro. Trata-se dos *primeiros casos no país desde 1994.
O governo espanhol mobilizou rapidamente 117 militares da Unidade Militar de Emergências (UME), somando-se a outros 300 agentes civis, para reforçar as ações de contenção, que incluem o uso de drones, desinfecção de áreas, busca ativa por animais e retirada de carcaças.
Além disso, foi decretado alerta sanitário e estabelecido um perímetro de segurança com proibição de atividades em 12 municípios num raio de seis quilômetros ao redor da zona afetada. Uma zona de vigilância estendida a 20 quilômetros também foi criada, com monitoramento rigoroso.
Até agora, foram analisados 40 javalis da área e oito mortes suspeitas ainda aguardam confirmação laboratorial.
A confirmação da PSA teve reflexo direto no mercado internacional. Mais de 120 certificados sanitários de exportação foram bloqueados por 40 países. *Japão e México suspenderam todas as importações de carne suína da Espanha, enquanto *a China impôs restrições específicas à província de Barcelona, mantendo compras de outras regiões.
A medida preocupa a cadeia produtiva. A *Espanha é o maior produtor de carne suína da Europa e o terceiro do mundo, com exportações anuais que somam *€ 8,8 bilhões**, representando 400 mil empregos diretos e indiretos.
A origem do foco ainda está sendo investigada, mas autoridades da Catalunha apontam como hipótese mais provável o consumo de um produto contaminado (como embutido ou sanduíche) descartado inadequadamente e ingerido por um javali.
Essa via é considerada plausível, já que o vírus da peste suína africana *é extremamente resistente, podendo permanecer viável por semanas em *carnes congeladas, produtos suínos processados, carcaças e até superfícies como pneus, calçados e ferramentas.
A peste suína africana é uma doença viral *altamente contagiosa entre suínos e javalis, mas **não oferece risco à saúde humana. Seu impacto, no entanto, é devastador para os rebanhos: **não há vacina ou tratamento eficaz, e o único método de controle é o *abate sanitário de animais infectados e ações de biosseguridade.
A forma aguda da doença causa *febre alta, hemorragias, apatia e rápida mortalidade. A contenção rápida é essencial para evitar a disseminação para granjas comerciais, o que ainda não ocorreu até o momento, *não há casos confirmados nas 39 granjas próximas ao foco.
Em entrevista à TV espanhola RTVE, a secretária de Agricultura da Catalunha, Cristina Massot, alertou: “Nos preocupa tanto o problema ao nível de sanidade animal como ao nível econômico. O impacto pode ser enorme se não formos capazes de conter o foco”.
O ministro da Agricultura da Espanha, Luis Planas, destacou que o país trabalha para “conter, reduzir e eliminar a fonte” do surto e ao mesmo tempo mitigar os efeitos negativos sobre o setor produtivo e as exportações.
Apesar do cenário preocupante, o governo afirma que o consumo de carne suína e derivados é seguro e incentiva a população a não abandonar o consumo dos produtos.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias.