Estância Artigas: História e tradição na pecuária gaúcha

A reportagem do Jornal A Plateia foi conhecer o trabalho que é desenvolvido na propriedade que possui 148 anos de história sendo referência nacional na criação de ovinos da raça Corriedale.

De longe, no corredor se avista uma imensa mangueira de pedra, que rodeia a estância, construída em 1869 bem na divisa do Brasil e Uruguai. O casarão imponente guarda em suas paredes segredos de um tempo que se foi e não volta mais.

Situada no 6º distrito de Santana do Livramento, a Estância Artigas que pertence à família Magalhães há 7 gerações, se dedica a atividade da pecuária e há 22 anos preserva a riqueza histórica da propriedade sendo referencia nacional na criação de ovinos e cavalos crioulos.

A reportagem do Jornal A Plateia, a convite de José Francisco Magalhães, um dos proprietários da estância foi conhecer como é desenvolvido o trabalho de campo basicamente na produção de ovinos. Com um rebanho de aproximadamente 11 mil cabeças de ovelhas da raça Corriedale, a Estância Artigas figura entre as maiores produtoras de cordeiro do país. “Nós chegamos em Livramento no ano de 1994, somos uma família diretamente ligada ao campo, meus pais, Francisco Magalhães e Silvia Magalhães, a vida inteira trabalharam na atividade da pecuária.

Nós somos 4 irmãos, e trabalhamos dentro de uma empresa familiar, cada um no seu setor. Aqui, na Estância Artigas, nós trabalhamos hoje com uma cabanha de ovelhas Corriedale onde a criação começa no ano 1972 ainda nos campos de Bagé. No ano de 1998 nós transferimos a criação para Livramento e fizemos uma sociedade com uma cabanha uruguaia onde a Estância Artigas traz do país vizinho um importante material genético dentro da raça corriedale” conta Zé Magalhães.

Estância Artigas: História e tradição na pecuária gaúcha
Foto: Matias Moura

Segundo o pecuarista, neste período a propriedade começa a realizar um remate particular anual, onde essa genética é ofertada no mercado através de uma parceria com os clientes. “A partir disso a gente começa a se especializar na comercialização de ovinos num período de entre safra, porque realizamos essa parceria e conseguimos remunerar os clientes com um preços mais baixos” acrescenta.

No ano de 2002, a Estância e Cabanha Artigas forma uma parceria com o frigorífico Mercosul e começa a entregar cordeiros com contrato para a empresa. “Nessa época, a gente vendo que existia uma lacuna muito grande dentro dessa cadeia, começamos a nos especializar, sendo que com o passar dos anos, nós chegamos à comercialização por ano de cerca de 18 mil ovinos de invernar (ovino gordo) onde a gente compra os animais que vão pra invernar, fizemos a terminação deles e entregamos para as empresas responsáveis pela comercialização dessa matéria prima” explicou.

Segundo o pecuarista de uns anos para cá a comercialização de ovinos teve uma queda em função da diminuição dos rebanhos do estado. “Está cada vez mais difícil de se achar matéria prima, então nós estamos procurando fazer um acabamento diferenciado nesse produto final que é o cordeiro procurando agregar um maior número de peso e consequentemente produzir um animal que atenda as exigências do mercado” destacou.

O Jornal A Plateia acompanhou o trabalho de aparte de alguns animais da propriedade que foram vendidos para abate, enquanto o pecuarista falava do manejo e comercialização dos cordeiros. “Hoje a gente trabalha com uma produção de aproximadamente 11 mil ovinos de invernar, ano. A gente comercializa muito para São Paulo, sendo que os animais são abatidos aqui no Rio Grande do Sul mesmo. Aqui nós estamos apartando os animais que já estão prontos, e este é o 4º embarque da Estância Artigas para São Paulo nas últimas semanas. São ovelhas que pesam em torno de 52 kg aproximadamente e chegaram na propriedade durante os meses de janeiro e fevereiro e foram esquiladas acerca de uns 20 dias atrás “disse.

Já sobre o manejo com os animais, o pecuarista explica que a família além da Estância Artigas possui campos em Quaraí, Dom Pedrito e Pedras Altas, onde trabalham com pastagens para os animais. “Os borregos machos vão para Dom Pedrito para serem terminados lá e aqui, e em Pedras Altas é feito o estoque desses animais”.

Tecnologia empregada no manejo

Zé Magalhães explica ainda que quando os animais são comprados pela propriedade é realizado um exame de ecografia antes do período de tosquia para detectar as ovelhas que estão prenhas. “A gente realiza esse exame e separa as ovelhas que estão prenhas, para tirar mais uma produção dela. Até porque é um crime matar uma ovelha que vem com um cordeiro na barriga. Essa ovelha com o próprio cordeiro fica na pastagem para comercialização no próximo ano” explicou.

Estância Artigas: História e tradição na pecuária gaúcha
Foto: Matias Moura

Guardiã da história gaúcha

E nãos é só na pecuária que a Estância Artigas se destaca, mas também na sua importância histórica principalmente por estar localizada num ponto estratégico do nosso pampa gaúcho. Como foi dito anteriormente a estância foi fundada em 1949 e em seus campos aconteceram inúmeras batalhas em nossas revoluções.

Em suas terras deu-se a Batalha de Campo Osório, durante a Revolução Federalista em 1893 onde as forças de Francisco Pereira de Souza – a “Hiena do Caty” – derrubaram as tropas do Almirante Saldanha da Gama. Na manhã de 24 de junho de 1895, as forças de João Francisco, que formavam a vanguarda do Gal. Hipólito Ribeiro, encontram-se com as de Saldanha. Deu-se a famosa batalha de Campo Osório que começou às 8h da manhã e terminou às 11h.

Outro grande vulto da história do pampa também tombou por aquelas terras, onde após uma batalha na fronteira entre o Brasil e Uruguai o caudilho uruguaio Aparício Saraiva foi ferido e posteriormente veio a falecer sendo, inclusive ,sepultado naqueles campos.

Segundo alguns historiadores, a propriedade possui a maior mangueira de pedra do estado do Rio Grande do Sul, construída antes da abolição da escravatura.

Fonte: A Plateia – Assessoria Agropecuária

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