Reconhecida pela qualidade da sua carne – marcada pelo marmoreio e pela maciez – a Argentina tem registrado, nos últimos cinco anos, um crescimento consistente na demanda pelo mercado internacional.
Reconhecida pela qualidade da sua carne – marcada pelo marmoreio e pela maciez – a Argentina tem registrado, nos últimos cinco anos, um crescimento consistente na demanda pelo mercado internacional (figura 1).
Figura 1.
Exportações de carne bovina da Argentina, em mil toneladas.

Até julho, o país exportou 88,1 mil toneladas – o maior volume para o mês em todo o período analisado (figura 2).
Figura 2.
Exportação de carne bovina da Argentina, em mil toneladas, nos meses de julho.

Em agosto, até o dia 11, o volume atingiu 27,9 toneladas. Considerando os sete dias úteis do mês, a média diária de embarques está acima da registrada nos últimos cinco anos (tabela 1).
Tabela 1.
Média diária de carne bovina argentina embarcada nos últimos cinco anos, em mil toneladas.
| Ano | Mil toneladas | Dias úteis de agosto | Média diária embarcada (mil/t) |
|---|---|---|---|
| 2020 | 69,2 | 21 | 3,3 |
| 2021 | 60,8 | 23 | 2,6 |
| 2022 | 75,2 | 23 | 3,3 |
| 2023 | 75,1 | 23 | 3,3 |
| 2024 | 82,7 | 22 | 3,8 |
| 2025* | 27,8 | 7 | 4,0 |
O principal destino da carne argentina é a China continental (sem considerar Hong Kong), que, na primeira metade deste ano, absorveu 57,8% da exportação. Em julho, a participação chinesa foi de 63,1%.
Na sequência, figuram Israel, Rússia e Estados Unidos (tabela 2).
Tabela 2.
Dez compradores de carne bovina da Argentina, em toneladas. País de destino Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Total % China 36.415 31.300 29.183 39.885 44.172 46.279 55.579 282.814 57,8% Israel 5.403 4.838 4.136 2.348 2.063 4.536 6.371 29.695 6,1% Gana 2.117 2.169 2.473 2.281 2.272 2.329 2.724 16.365 3,3% Estados Unidos 4.147 4.150 3.212 3.683 2.892 2.041 2.668 22.793 4,7% Hong Kong – R.A.E. China 2.375 2.670 2.310 2.702 2.887 2.776 2.505 18.225 3,7% Alemanha 1.938 2.128 1.802 2.038 2.619 1.746 2.485 14.755 3,0% Holanda 1.149 1.758 1.296 1.601 2.988 1.550 2.170 12.512 2,6% Rússia 3.551 2.830 1.781 2.704 2.532 2.694 1.739 17.831 3,6% Chile 2.312 1.271 1.425 1.947 1.635 1.316 1.675 11.580 2,4% Peru 1.494 775 680 1.273 942 954 1.179 7.299 1,5%
A recente imposição de tarifas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos gerou expectativas no mercado argentino.
A possível redução da presença da carne bovina brasileira – tradicionalmente mais competitiva em preço – poderia abrir espaço para negócios com preços mais elevados no mercado norte-americano.
Por enquanto, esse movimento não se concretizou. Até julho, as exportações brasileiras de carne bovina foram recorde, com 276,9 mil toneladas, das quais 4,6% destinadas aos Estados Unidos. No mesmo mês, a Argentina embarcou 88,1 mil toneladas, sendo 3% para o mercado norte-americano.
Ainda que surja espaço adicional para a Argentina, na comparação entre julho de 2024 e julho de 2025, as importações dos Estados Unidos de carne argentina caíram 36,6%.
No caso da China, a disputa comercial entre Brasil e EUA pode ter efeito inverso para os argentinos. Um aumento da presença brasileira, com preços competitivos, tende a reduzir a participação da carne argentina, especialmente em um destino que responde por mais da metade das exportações do país.
Em julho, por exemplo, 57% da carne bovina brasileira exportada teve como destino o mercado chinês. Porém, os chineses aumentaram, também, o volume de carne bovina adquirida na Argentina.
Outro ponto relevante na comparação entre Brasil e Argentina é que, em 2025, a Argentina importou 1,9 mil toneladas de carne brasileira. Essa estratégia permite ao país manter no mercado interno a carne de menor preço e direcionar para o mercado externo a carne mais cara. Esse volume importado tende a crescer, considerando a demanda crescente da China.
Em suma, apesar do bom desempenho da exportação e da demanda chinesa, a Argentina enfrenta limitações de escala e competitividade de preços, fatores que podem restringir o avanço em mercados estratégicos frente ao Brasil.
Fonte: Scot Consultoria
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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