Exportação de gado vivo tem o melhor novembro dos últimos cinco anos com 113,1 mil bovinos

Com embarque recorde – em volume e faturamento – para o mês, mercado externo paga mais pelo boi em pé, amplia oportunidades ao produtor e coloca o Brasil perto de um novo recorde anual na exportação de gado vivo

O mercado de exportação de gado vivo voltou a ganhar protagonismo no cenário da pecuária brasileira e fechou novembro com o melhor desempenho dos últimos cinco anos para o mês, em volume embarcado. Os dados mostram um movimento consistente de demanda internacional, com reflexos diretos na remuneração do produtor e no equilíbrio do mercado interno.

De acordo com levantamento da Scot Consultoria, o Brasil exportou 113,1 mil cabeças de gado vivo em novembro, o maior volume registrado para esse mês desde 2020. O montante movimentou US$ 115,6 milhões, confirmando não apenas o aumento da quantidade, mas também o peso financeiro da operação.

Exportação de gado vivo paga mais e melhora o poder de barganha do produtor

A venda de gado vivo ao exterior tem se consolidado como uma alternativa estratégica para o pecuarista brasileiro. Diferentemente do mercado interno, os compradores internacionais precisam oferecer preços mais elevados para viabilizar os embarques, o que acaba elevando o patamar de negociação do boi em pé no país.

Esse movimento ajuda a abrir novas janelas de comercialização, especialmente em períodos de consumo doméstico mais lento ou de escalas confortáveis nos frigoríficos. Em novembro, o avanço das exportações funcionou como um importante fator de sustentação para o mercado pecuário.

Rio Grande do Sul e Pará lideram os embarques

O desempenho expressivo de novembro teve forte concentração regional. O Rio Grande do Sul foi o estado que mais exportou gado vivo no mês, com 46,0 mil cabeças, seguido pelo Pará, que embarcou 33,0 mil cabeças. Um volume adicional de 27,0 mil cabeças foi registrado como de origem “não declarada”, enquanto Santa Catarina apareceu na quarta posição, com 3,6 mil cabeças exportadas .

Outros estados também participaram das exportações, embora em volumes menores, como Acre, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Roraima e São Paulo, mostrando que a atividade segue relativamente pulverizada pelo país, ainda que com polos bem definidos.

Turquia, Egito e Oriente Médio puxam a demanda

No recorte por destino, a Turquia foi o principal comprador do gado gaúcho, adquirindo 45,0 mil cabeças, enquanto o Marrocos absorveu o restante. Já no caso do Pará, a carteira de clientes foi mais diversificada, com destaque para o Egito, que liderou as compras com 10,3 mil cabeças. Na sequência aparecem Iraque, Arábia Saudita, Turquia e Marrocos.

O Marrocos, inclusive, foi responsável por adquirir todo o volume exportado por Santa Catarina, reforçando a importância do Norte da África e do Oriente Médio como mercados estratégicos para o gado brasileiro em pé .

Figura 1. Cabeças exportadas, em mil, por mês. 5A = cinco anos
Fonte: Secex / Elaborado por Scot Consultoria

Ano caminha para recorde histórico nas exportações de gado vivo

No acumulado do ano, o Brasil já havia embarcado 959,5 mil cabeças de gado vivo até novembro. Com esse ritmo, o setor trabalha com a possibilidade concreta de um novo recorde anual, superando o desempenho de 2024, quando foram exportadas cerca de 1,0 milhão de cabeças .

A tendência observada ao longo dos últimos meses indica que a exportação de gado vivo deve seguir como um componente relevante da pecuária nacional, sobretudo em um cenário de demanda externa firme, câmbio favorável e busca por diversificação de mercados.

Cenário reforça importância estratégica do gado em pé

Mais do que um dado pontual, o resultado de novembro reforça o papel da exportação de gado vivo como instrumento de equilíbrio do mercado pecuário brasileiro. Ao competir diretamente com a indústria doméstica, o mercado externo contribui para sustentar preços, melhorar margens ao produtor e ampliar alternativas comerciais.

Com o avanço das negociações internacionais e a manutenção do interesse de países do Oriente Médio, Norte da África e Europa, a expectativa é de que o gado vivo continue ocupando espaço relevante na pauta exportadora do Brasil, especialmente em anos de oferta ajustada e consumo interno mais cauteloso.

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