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Desmama aos 100 dias de idade

Um dos maiores especialistas em genética comenta sobre a desmama “precoce”, citando um caso de sucesso e a como se admirou com a técnica.

O Nortão do MT exibia-se para Pedro e eu, agradecendo a chuva que acabara de cair devagarinho molhando o solo. O Mombaça respondia à adubação da formação daquela região do Teles Pires que fora outrora o lar do braquiarão e, então, acometida com a morte súbita, ocorrência muito estudada pelos órgãos de pesquisa envolvidos com pastagens tropicais, no entanto, sem diagnósticos definitivos para os pecuaristas que viram suas fazendas simplesmente apodrecerem a olhos vistos.

Pedro, veterinário experiente na área de reprodução da cidade de Colider, me alertava – “ Zadra, estamos indo a uma fazenda que realiza desmama da bezerrada aos três meses de idade”. Mesmo me considerando um técnico que se depara a todo instante com novas experiências e resultados de campo, achei que podiam ser muito novos para serem separados das suas mães, e, portanto, os cuidados para que acompanhassem o ganho em peso dos bezerros desmamados aos oito meses exigiriam mais dos produtores em termos de custos e manejo.

Tão logo adentramos na Fazenda Recreio II, localizada em Claudia, região rica em lavoura de soja e milho do Norte do MT, já encontramos uma bezerrada de aproximadamente quatro meses, sendo confinada em uma pequena área destinada aos animais apartados das mães.

Na época, o grupo confinava os bezerros com ração à vontade, vendendo os machos meio-sangue Angus com aproximadamente oito a nove meses de idade, pesando na faixa de 280 kg para o programa de fomento da Marfrig.

Assim que chegamos à varanda da fazenda, Elza, uma das proprietárias e a administradora do projeto pecuário do grupo, veio a nosso encontro com simpatia e educação, nos apresentando outros colegas de profissão, os quais eram os técnicos de uma empresa de nutrição que vinham orientando a fazenda no manejo da dieta dos bezerros.

Com muita gentileza, Elza nos pediu que sentássemos junto a eles, onde nos atenderia assim que acabassem o assunto “nutrição” com o pessoal responsável. Ali, observando a proprietária discutir com os técnicos, vi que estávamos diante de uma gerente com objetivos e metas para a fazenda, para a qual exigia a apresentação de soluções nutricionais para ter um bezerro mais pesado no uso do produto que representavam do que o produto da concorrência.

Quando enfim iniciamos nossa conversa sobre genética, já logo a inquiri a respeito da desmama precoce que vinha fazendo, pois estava ansioso para saber a receita do sucesso e os motivos que a levaram a tal manejo.

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Arquivo pessoal do autor.

Elza, com toda sensibilidade que lhe é peculiar, iniciou sua diatribe “Zadra, certo dia estava observando no piquete minhas vacas e suas crias já com idade beirando os sete meses de idade e fiquei indignada com a condição corporal das matrizes, que se encontravam magras e vazias. Como mãe que sou, cheguei a sentir dó das vacas, as quais demonstravam ser mães excepcionais por se doarem totalmente a seus filhos, usando toda gordura corporal para prover o leite necessário àqueles bezerros que já passavam de 240 kg, sugando todas as energias que poderiam ser usadas para a reprodução”.

Dando sequência na sua fundamentada explanação, Elza contou-me que avisou os técnicos da empresa de nutrição que iria desmamar os bezerros já com 3 a 4 meses de idade, os quais a alertaram que seria uma prática que traria muitos prejuízos aos jovens em termos de peso aos oito meses. Mesmo assim, quando os técnicos foram embora, ela chamou seu funcionário de confiança e pediu naquele mesmo momento que desmamasse os bezerros que pesassem acima de 120 kg. E assim foi como começaram a arraçoar os bezerros obtendo pesos fabulosos aos oito meses de idade.

Atualmente, a Recreio II recria os bezerros depois dos oito meses no rotacionado com Mombaça, mantendo uma suplementação para ganho diário de 1 kg até que atinjam o peso para adentrarem o confinamento. O próximo passo da Fazenda será castrar um lote de animais para estudar o acabamento de carcaça, ganho em peso e peso final dos animais confinados, castrados, comparando-os com os animais inteiros.

Quanto à genética, Pedro vem usando touros com altas DEPs de Peso ao Ano, gordura positiva e DEP de altura mediano na busca de um boi pesado com acabamento desejado pela indústria.

Alexandre Zadra – Zootecnista da CRI Genética

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