Além de rajadas com potencial destrutivo e acumulados que podem superar 150 mm em 48 horas, fenômeno cria condições para tornados e enxurradas; instabilidade rompe bloqueio atmosférico e deve levar chuva forte também para áreas do Sudeste e Centro-Oeste
A virada no tempo será brusca e perigosa para a região Sul e áreas do Sudeste nesta semana. Após o registro de calor escaldante no domingo — com os termômetros marcando quase 40°C no interior gaúcho — a atmosfera dá lugar à formação de um ciclone atípico. O sistema, que ganha força entre esta terça (9) e quarta-feira (10), coloca o setor produtivo e a defesa civil em alerta máximo para eventos severos, incluindo vendavais destrutivos e acumulados de precipitação excessivos.
Monitoramentos de satélite analisados por Arthur Müller, meteorologista do Canal Rural, indicam que a área de baixa pressão já organiza instabilidades severas. A preocupação central deste ciclone atípico reside na combinação de dois fatores extremos: o volume de água, que pode ultrapassar a marca de 150 milímetros em pontos isolados, e a violência dos ventos.
Impactos do ciclone atípico nas lavouras e risco de erosão
Para o agronegócio, o cenário exige cautela imediata. O Rio Grande do Sul, que vinha sofrendo com o estresse hídrico e altas temperaturas, passará de um extremo ao outro em questão de horas. A previsão aponta que o estado receberá entre 100 e 150 mm de chuva num intervalo de apenas 24 a 48 horas.
Embora a reposição da umidade seja vital, a intensidade prevista neste ciclone atípico traz riscos agronômicos sérios. Müller alerta para a incapacidade de absorção rápida do solo, que se encontra muito seco. Isso favorece o escoamento superficial acelerado, gerando enxurradas e a temida lixiviação (lavagem de nutrientes), o que é particularmente prejudicial para áreas onde o replantio da soja e do milho foi recém-concluído.
Alerta para microexplosões e danos estruturais
A dinâmica atmosférica sugere um ambiente volátil. Além da chuva pesada, a ciclogênese (processo de formação do ciclone) cria condições para fenômenos de grande potencial destrutivo. Não estão descartadas a ocorrência de tornados e microexplosões atmosféricas.
“Estamos monitorando um risco real de queda de granizo e tempestades generalizadas. O deslocamento de ar gerado pelo ciclone pode resultar em rajadas de vento próximas aos 100 km/h entre terça e quarta-feira”, pontua o especialista.
A instabilidade não se restringe ao território gaúcho; Santa Catarina e Paraná também estão na rota dos temporais, com agravamento previsto para o meio da semana. A orientação de segurança é clara: acompanhar os avisos da Defesa Civil em tempo real e buscar abrigo seguro, especialmente durante o período noturno de terça para quarta-feira, momento crítico da passagem do sistema.
Frente fria avança para o Centro-Oeste e Sudeste
Enquanto o Sul lida com o epicentro do fenômeno, a frente fria conectada a este ciclone atípico deve romper o bloqueio atmosférico e levar chuva para outras regiões agrícolas importantes.
- Sudeste: A partir de quarta-feira, a umidade chega a São Paulo e ao Triângulo Mineiro. Em áreas como Uberaba (MG), modelos indicam até 200 mm acumulados no longo prazo (30 dias), com 50 mm previstos apenas para as primeiras 24 horas da chegada da frente.
- Centro-Oeste: O Mato Grosso do Sul deve registrar tempestades já no início da semana. No Mato Grosso, a chuva deve beneficiar municípios como Alta Floresta até quinta-feira, aliviando o calor, mas mantendo máximas de 30°C.
- Nordeste: O tempo segue firme e quente, sem previsão de chuvas significativas para o interior, com o Ceará registrando picos de 34°C.
A tendência é que o ciclone perca intensidade e se afaste para o oceano na quinta-feira, permitindo o retorno do sol e tempo firme na maior parte da região Sul.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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