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G7 libera R$ 91 milhões para Amazônia

Os líderes do grupo – formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – concordaram em liberar 20 milhões de euros (cerca de R$ 91 milhões) para a Amazônia.

A maior parte do montante será usada para enviar aviões de combate a incêndios, informou uma fonte da Presidência francesa. O grupo das sete maiores economias do mundo também decidiu apoiar um plano de reflorestamento de médio prazo que será divulgado pela ONU em setembro, acrescentou um assessor presidencial.

O presidente dos EUA, Donald Trump, não participou da reunião em que foi fechado o acordo. Mas o presidente francês, Emmanuel Macron, anfitrião da cúpula, afirmou que o colega americano apoia a iniciativa. Segundo ele, Trump só não participou da sessão sobre biodiversidade porque tinha reuniões bilaterais agendadas para o mesmo horário. O G7 está reunido desde sábado na cidade de Biarritz, na França, e as queimadas na região amazônica se tornaram uma das principais pautas do encontro.

A reação do governo brasileiro diante da gravidade dos incêndios, que vieram a conhecimento do público na semana passada, provocou indignação internacional e uma onda de protestos. Críticos acusam o presidente Jair Bolsonaro de dar “sinal verde” para a destruição da Amazônia, por meio de uma retórica antiambientalista e da falta de ações para coibir o desmatamento. Macron classificou as queimadas como uma “crise internacional” e pressionou para que o tema fosse priorizado na cúpula do G7 no fim de semana.

Mas o que o Brasil está fazendo?

Inicialmente, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, minimizou os incêndios dizendo que eram consequência do período de seca. Depois, Bolsonaro sugeriu que organizações internacionais estariam por trás do aumento das queimadas, atuando em retaliação à redução de verbas repassadas pelo governo.

Somente três dias após a imprensa divulgar um aumento de 84% nos incêndios Bolsonaro fez uma reunião de emergência para discutir a criação de uma força-tarefa e o envio de tropas do Exército para controlar as chamas.

No sábado (24), o Ministério da Defesa afirmou que 44 mil soldados estavam à disposição. Até domingo, sete Estados brasileiros haviam solicitado ajuda das tropas federais para debelar o fogo. Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) também começaram a ser usados no fim de semana para despejar água nas regiões de queimadas. Bolsonaro informou no domingo, por meio do Twitter, que aceitou a oferta de apoio do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para conter as queimadas. Logo de início, o presidente a criticou a reação internacional, acusando governos estrangeiros de interferir na soberania nacional brasileira.

Em pronunciamento em cadeia nacional na última sexta-feira, Bolsonaro disse que “incêndios florestais existem em todo o mundo e isso não pode servir de pretexto para possíveis sanções internacionais”.

Ameaças de boicote

Diversos países se manifestaram de maneira contundente sobre os incêndios. Alguns chegaram a defender boicotes à carne e produtos agrícolas brasileiros, além da derrubada do acordo comercial firmado recentemente entre o Mercosul e a União Europeia.

Na abertura da cúpula do G7, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que é difícil imaginar que a União Europeia ratifique o acordo com o Mercosul enquanto o Brasil não controlar as chamas que destroem a Floresta Amazônica.

A declaração de Tusk se mostrou alinhada à fala de Macron que, na sexta-feira, ameaçou deixar o acordo de livre comércio, argumentando que Bolsonaro mentiu em relação a seu compromisso com o meio ambiente.

A Irlanda também disse que pode derrubar o acordo, e a Finlândia, que hoje ocupa a presidência rotativa da União Europeia, chegou a pedir que o bloco avaliasse “urgentemente” a suspensão da importação de carne bovina brasileira como resposta à destruição na Amazônia.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, por trás da preocupação ambiental, há um mote comercial na tentativa de países europeus de boicotar produtos brasileiros.

Qual a dimensão dos incêndios?

Incêndios florestais ocorrem com frequência na estação de seca no Brasil, mas dados de satélite divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram um aumento de 84% neste ano, na comparação com 2018. De acordo com o órgão, foram detectados mais de 75 mil focos de queimada em 2019 no Brasil – a maioria na região amazônica. A Bolívia, país vizinho, também está lutando para conter focos de incêndio em suas florestas.

No domingo, o presidente Evo Morales disse que o país está aberto a aceitar ajuda internacional para combater os incêndios na região de Chiquitania. Ele anunciou ainda a suspensão da campanha eleitoral para a reeleição, menos de dois meses antes do pleito. Ativistas ambientais estabeleceram uma conexão entre as atitudes de Bolsonaro em relação ao meio ambiente, e o recente aumento no número de incêndios florestais. Eles acusam o presidente de encorajar mineradores e madeireiros, que provocariam incêndios deliberadamente para desmatar a terra de forma ilegal.

Uma análise feita pela BBC mostrou que o aumento dos registros de desmatamento e incêndios florestais coincide com a queda acentuada das multas aplicadas por violações ambientais. No início do mês, Bolsonaro acusou, por sua vez, o Inpe de tentar prejudicar seu governo depois que dados divulgados pelo órgão indicaram aumento acentuado nas taxas de desmatamento.

Por que a Amazônia é importante?

Considerada a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia é um verdadeiro “armazém” de carbono, vital para diminuir o ritmo do aquecimento global. A floresta abrange vários países, mas a maior parte está localizada em território brasileiro.

Tem um importante papel na regulação do clima global, na absorção de dióxido de carbono e na produção de oxigênio. A floresta também abriga cerca de 3 milhões de espécies de plantas e animais, além de ser o lar de 1 milhão de representantes de povos indígenas.

‘Bem comum’?

No sábado, Macron reiterou na cúpula do G7 que a Amazônia era um “bem comum” do planeta. “A Amazônia é nosso bem comum. Estamos todos envolvidos, e a França está provavelmente mais do que outros que estarão nessa mesa (do G7), porque nós somos amazonenses. A Guiana Francesa está na Amazônia”, afirmou Macron.

O jornal francês Le Monde também recorreu ao mesmo termo usado por Macron em editorial intitulado “Amazônia, bem comum universal“.

De acordo com brasilianistas ouvidos pela BBC News Brasil, a forma como o governo Bolsonaro vem lidando com o meio ambiente dá munição à tese de que a Amazônia não é do Brasil, mas “um bem comum” da comunidade internacional.

“As ações do governo acabam alimentando essa tese de que a comunidade internacional deveria cuidar da Amazônia. Quando o Bolsonaro demite o diretor-geral do Inpe ou culpa as ONGs pelas queimadas, mobiliza a opinião pública internacional”, afirmou Anthony Pereira, diretor do Brazil Institute da Universidade King’s College, em Londres, no Reino Unido. “Mas isso não pode servir de desculpa para violar a soberania do Brasil sobre este território. A Amazônia é brasileira”, acrescenta.

Manifestações

Além dos líderes políticos, diversas celebridades e ambientalistas fizeram um apelo pela proteção da Amazônia. Milhares de pessoas foram às ruas no mundo inteiro pedindo ação a seus governos. No domingo, o Papa Francisco também aderiu ao clamor público para proteger a floresta.

“Todos nós estamos preocupados com os grandes incêndios que se desenvolveram na Amazônia. Vamos orar para que, com o empenho de todos, possam ser apagados em breve. Esse pulmão florestal é vital para o nosso planeta”, afirmou o pontífice diante de milhares de fiéis, na Praça São Pedro, no Vaticano.

Na semana passada, a hashtag #prayforamazonia (reze pela Amazônia) chegou ao topo das mais citadas no Twitter em todo o mundo. Usuários da rede social também usaram a hashtag #BoycottBrazilpara defender o boicote a produtos brasileiros.

As informações são da BBC News. 

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