
Com estrutura robusta no polo de Piracicaba (SP), a unidade é capaz de processar até 1,8 milhão de toneladas por safra, consolidando-se como um dos principais centros produtivos da região
A Raízen, empresa formada pela união entre a brasileira Cosan e a multinacional Shell, confirmou nesta segunda-feira (12) a venda da usina de cana-de-açúcar Leme, localizada no município de Piracicaba (SP). O ativo foi adquirido por R$ 425 milhões por um consórcio formado pela Ferrari Agroindústria S.A. e pela Agromen Sementes Agrícolas.
A operação inclui não apenas a unidade industrial, que possui capacidade para processar 1,8 milhão de toneladas de cana por safra, mas também envolve a transferência de cerca de 1,5 milhão de toneladas de matéria-prima. A venda integra um pacote de desinvestimentos estimado em R$ 1 bilhão, anunciado previamente pela empresa em dezembro de 2024, como parte de uma estratégia de otimização de portfólio e redução do endividamento.
De acordo com comunicado oficial da Raízen, a transação segue o plano da companhia de focar em ativos com maior retorno e de fortalecer sua eficiência agroindustrial. No entanto, a concretização do negócio ainda depende da análise e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Mercado avalia a operação
O banco Citi avaliou positivamente o movimento, mas ponderou que o valor negociado representa um alívio limitado para a estrutura financeira da empresa. Em relatório enviado a investidores, o banco observou que o múltiplo da operação ficou abaixo de outras negociações recentes no setor sucroenergético.
A título de comparação, a Zilor adquiriu uma usina por valores entre R$ 350 e R$ 400 por tonelada, enquanto a Bunge pagou o equivalente a US$ 72 por tonelada ao comprar usinas da BP. No caso da venda da Leme, o valor pago por tonelada ficou em torno de US$ 41,7 — considerando o câmbio atual.
Entre os fatores que explicam a diferença estão a exclusão de terras agrícolas da negociação e o desempenho produtivo inferior da usina vendida. O Citi ainda destacou que outras unidades da Raízen na região de Piracicaba também operam abaixo da média, o que pode levar a novas vendas no futuro próximo.
Desafios e próximos passos
A companhia enfrenta atualmente uma dívida líquida estimada em R$ 30 bilhões, com uma alavancagem de aproximadamente 2,4 vezes o EBITDA. Para atingir um nível mais confortável de endividamento, o Citi acredita que a Raízen poderá considerar a venda de ativos mais robustos, como o Negócio de Mobilidade na Argentina, que poderia render cerca de US$ 1,5 bilhão, considerando múltiplos semelhantes a transações anteriores no setor.
Paralelamente, a empresa também avalia a alienação de usinas consideradas não estratégicas na divisão Power, incluindo ativos de pequeno porte em energia solar, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e biogás. O objetivo é enxugar a operação e direcionar recursos para áreas mais rentáveis e alinhadas com a visão de longo prazo da companhia.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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