Essa prática, promove uma alternativa de alta rentabilidade para produtores de leite, permitindo que maximizem o uso de suas vacas com o cruzamento de genética de corte, resultando em animais destinados à produção de carne premium.
A integração da genética de corte em rebanhos leiteiros, representada pelo Programa Beef On Dairy, está revolucionando a pecuária brasileira. Empresas como a Semex Brasil têm se destacado nesse novo cenário, sendo pioneiras no fornecimento de genética Angus para matrizes leiteiras, como Holandês e Jersey. O programa, que conta com a certificação da Associação Brasileira de Angus, visa unir o melhor dos dois mundos: a eficiência produtiva do gado leiteiro com a alta qualidade da carne Angus.
Em entrevista exclusiva ao Compre Rural, Antonio Carlos Sciamarelli Júnior, gerente de corte taurino do Grupo Semex Brasil, compartilha detalhes sobre o Programa Beef-on-Dairy, sua implementação no Brasil e as perspectivas para o futuro. A conversa foi conduzida por Thiago Pereira, diretor de conteúdo do portal, e traz insights valiosos sobre o impacto do cruzamento de raças leiteiras com genética de corte e o papel da Semex nesse processo inovador.
Beef-on-Dairy: Conceito e Implementação no Brasil
Logo no início, Antonio Carlos explica o conceito do Beef-on-Dairy, que envolve o uso de genética de raças de corte, como Angus, em vacas leiteiras. “Nos Estados Unidos, cerca de 84% do sêmen de corte vendido em 2023 foi utilizado em vacas de leite“, comenta. O objetivo principal é melhorar a qualidade da carne produzida, aproveitando o marmoreio e a maciez das vacas leiteiras, enquanto se busca compensar o menor ganho de peso dessas raças.
Essa prática, promove uma alternativa de alta rentabilidade para produtores de leite, permitindo que maximizem o uso de suas vacas com o cruzamento de genética de corte, resultando em animais destinados à produção de carne premium. Dessa forma, além de otimizar a produção, o programa contribui para o fortalecimento do mercado de carne de alta qualidade no Brasil, atendendo à crescente demanda por produtos diferenciados tanto no mercado interno quanto externo.
No Brasil, a Semex está trazendo essa tecnologia já consolidada nos EUA. “Temos mais de 46 touros no top 1% para inseminação de vacas Holandês e Jersey, o que garante carne de qualidade superior”, afirma Sciamarelli. A empresa é pioneira no país e tem trabalhado para adaptar o programa à realidade local.
A Aceitação dos Produtores Brasileiros ao Programa Beef-on-Dairy
Ao abordar a aceitação do programa pelos produtores brasileiros, Sciamarelli destaca o trabalho de parceria com fazendas leiteiras. “Entre os desafios está a seleção dentro das fazendas, onde estamos mostrando para o produtor de leite que ele precisa usar touros Angus de alta avaliação genética especificos para Holandês ou Jersey. Dentro deste cenário, já temos algumas cooperativas da região de Castro, no Paraná, que serão fornedoras para a Cooper Aliança, explicou.
Segundo Antonio Carlos, os benefícios diretos são visíveis: “O Beef-on-Dairy permite que os produtores melhorem a rentabilidade ao combinar eficiência no leite com a produção de carne gourmet.” Além disso, ele enfatiza o papel da assistência técnica da Semex, que oferece suporte desde o nascimento até o confinamento dos animais.
“Nossa equipe técnica da Semex está envolvida em visitas, orientação e acompanhamento dos produtores, porque para essa carne ser uma carne de qualidade ela precisa ter o cuidado desde o nascimento, um colostro bem feito, com criação e confinamento bem feito para resultar em carne gourmet desses cruzamentos. Então nós estamos em uma fase de mostrar para as cooperativas localizadas nas principais bacias leiteiras do país como o Beef On Dairy pode impactar na evolução do leite e também na rentabilidade maior no corte. A Semex está liderando esse programa no Brasil e estamos bem envolvidos com as principais cooperativas do Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais”, destacou o gerente.
Certificação pela Associação Brasileira de Angus
A Semex recentemente recebeu a certificação da Associação Brasileira de Angus para o Programa Beef-on-Dairy, o que valida a qualidade da carne produzida no Brasil por meio do cruzamento. “E nesse contexto a Semex está bem envolvida com os produtores, cooperativas e as associações para implantar as melhores práticas e protocolos garantindo a qualidade de carne premium desses cruzamentos. Já foram abatidos mais de 3 mil animais nos EUA como pesquisa, mostrando que quanto maior a avaliação genética dos animais menos dias de cocho, mais ganho de peso, mais carne gourmet”, revelou o gerente.
˜Fazendo um paralelo com o passado, antigamente se usava Angus somente para emprenhar as vacas. Agora estamos buscando ajustar o mind-set do produtor para que ele tenha o mesmo cuidado genético que ele tem quando ele escolhe touros Holandês para escolher os touros de corte para o Programa Beef On Dairy. Nossa equipe técnica está participando de vários eventos e no próximo mês vamos participar de um Fórum, no Rio Grande do Sul, para mostrar todos os dados, testes e avaliações que foram feitas nos Estados Unidos”, completa otimista.
Benefícios Econômicos e Produtivos
A demanda crescente por carne premium é um fator chave para o sucesso do programa. “O primeiro beneficio econômico é que a Semex possui programas com tecnologia como o Semex Works e o Elevate que permitem identificar por genômica as melhores vacas para leite no rebanho. Assim nós podemos usar sêmen sexado leite no alto valor genético do rebanho, fazendo ou transferindo embriões e produzindo mais femeas para serem melhores criadas ou um estoque de fêmeas para serem comercializadas. Então nós temos dois ganhos – o progresso genético mais acelerado no gado de leite e a rentabilidade feita pela venda desses bezerros pelo Beef On Dairy com 3 ou 4 meses de idade, que vão ser valorizados por essas cooperativas como é o caso da Intercoperação que inclui Castrolanda, Frisia e Capal e agora com a da Cooper Aliança. Eficiencia no leite e a rentabilidade na venda dos bezerros“, afirma Antonio Carlos. Isso acelera o progresso genético e aumenta a rentabilidade ao vender bezerros cruzados com 3 a 4 meses de idade, valorizados por cooperativas como Castrolanda e Capal.
Além disso, Sciamarelli destaca o papel do Beef-on-Dairy em cobrir lacunas de produção de carne no Brasil: “O programa ajuda a produzir carne gourmet de forma contínua, sem depender da estação de monta, atendendo à crescente demanda por carne de qualidade no mercado nacional e internacional.”
“É um mercado [carne premium] que cresce 20% ao ano e o Beef On Dairy deve crescer muito nos próximos anos por conta dessa procura por carne premium“, destacou Antonio Carlos Sciamarelli Júnior, gerente de corte taurino do Grupo Semex Brasil.
Expectativas para o Futuro do Programa
Com essa maior demanda pela carne premium, questionamos o gerente sobre quais são as expectativas da Semex para o crescimento do Beef-on-Dairy nos próximos anos no Brasil.
O crescimento do Beef-on-Dairy no Brasil é promissor, segundo Sciamarelli. Ele acredita que, à medida que os produtores observem os resultados, a adoção do programa será acelerada. “O cuidado que nós estamos tendo neste começo com o uso da genética de qualidade, que é crucial a selecão e uso dos touros corretos nesta primeira fase do processo junto com a alimentação, colostro, alimentação e no confinamento. Três pilares precisam estar alinhados neste começo de trabalho – genética, nutrição e protocolo são muito importantes para garantir uma carne de qualidade. Acreditamos que as carnes gourmet virão por meio das grandes cooperativas e das grandes marcas que estao muito interessadas neste modelo. O que vai impulsionar o modelo são os resultados, maior eficiencia para os produtores de leite e maior rentabilidade na produção de bezerros“, prevê.
Em um comparativo, ele cita o exemplo dos EUA: “De 2018 para os dias atuais viu-se um crescimento muito grande na utilização do sêmen de corte e um crescimento da avaliação genética do programa Beef On Dairy. E dentro dessa avaliação mostrou-se que usar touro na média não vai atingir os resultados do programa. Por isso a importância de usar o que há de melhor em genética.”
O Impacto do Beef Tour
O Beef Tour, organizado anualmente pela Semex, é uma iniciativa que oferece uma imersão para clientes, parceiros e integrantes da equipe técnica na cadeia produtiva de carne no Canadá. Este ano, o evento foi focado na produção de carne gourmet, com destaque para a visita ao Rimrock Feeders, um confinamento com 40 mil cabeças de gado, sendo 80% formadas por cruzamentos Beef-on-Dairy.
“Foi interessante a visita porque eles destacaram a importância e a necessidade da genética – se eles não sabem o nome do pai da progênie, eles não compram o animal. No próximo ano, estamos programando um Beef On Dairy Tour para levar produtores de leite e corte, junto com integrantes de cooperativas do Brasil para entenderam o tamanho e o impacto dentro da produção de carne na América do Norte”, afirma Antonio Carlos.
Programa Progenesis Beef e Inovações Futuras
Para concluir, Sciamarelli fala sobre o Programa Progenesis Beef, criado em 2020, uma inovação da Semex voltada para a produção de touros Angus com alto valor genético, usados tanto em cruzamentos com zebuínos quanto em vacas leiteiras. “Estamos produzindo nossos próprios touros – foram feitos grandes investimentos em fêmeas equilibradas e touros de alto valor genético. Criadores do Canadá e do Brasil comentam que nenhuma fazenda no mundo consegue produzir touros com equilíbrio e na quantidade que a Semex está produzindo. Esses touros foram focados em dois programas – no Brasil para serem usados em cruzamentos com vacas zebu com características para desempenho, eficiência alimentar, carcaça, área de olho de lombo e os mesmos touros tem as características para Beef On Dairy. Então são mais de 46 touros na bateria TOP 1% para Dólar Beef (que é o valor de carne final) e Top 1% para cruzamento com Holandês e TOP 1% para cruzamento com Jersey”, ressalta.
“O Programa Progenessis Beef se conecta totalmente com o Beef On Dairy. E as vantagens competitivas estão nos testes que serão apresentados a partir desta semana em uma nova palestra que nós apresentamos os impactos da genética com correlações positivas, estatisticas com as Deps e menos dias de cocho, as Deps e mais ganho de peso, produznido carne de qualidade. O levantamento feito com mais de 3 mil animais produziu em mais de 88% dos abates, animais com carne choice ou carne prime, que são as duas classificações mais altas. Então existe uma correlação estatistica e economica com as Deps e dados de campo”, apontou o gerente da Semex.
Ao olhar para o futuro, Antonio Carlos Sciamarelli Júnior está confiante: “A Semex continuará investindo em inovações genéticas para corte e leite, sempre com o foco em oferecer as melhores soluções para os produtores brasileiros, garantindo carne de qualidade e maior rentabilidade.”
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